Como subir na vida, obter bons empregos e auferir bons salários sem esforço? Comprando diplomas falsos, ora! Foi o que pensaram os mais de 20, 30 ou quem sabe qual o número exato de pessoas que se envolveram nesse procedimento ardiloso marginal, que enlameou suas reputações e colocou Itaituba, novamente, sob os holofotes da Imprensa, de forma nada lisonjeira. Esta semana o assunto voltou à baila, porque o Ministério Público ouviu alguns dos envolvidos, tirando o sono deles, pois a Justiça, mesmo com sua morosidade enervante, não está fazendo ouvidos de mercador.
Várias das pessoas que embarcaram nessa aventura, à espera de navegar seu futuro por águas calmas, estão tendo que enfrentar procelas que colocam em risco algum projeto de vida que por ventura tivessem, tendo ainda que conviver com a vergonha de encarar os outros cidadãos que preferem o caminho da inteireza de caráter. Nesse imbróglio da compra de diplomas falsos tem gente bastante conhecida da comunidade itaitubense que continua vivendo nessa cidade, enquanto outros se foram por motivos diferentes. Alguns, porque foram em busca de nova oportunidade de trabalho, enquanto outros, segundo se fala, estão fazendo cursos superiores, respaldados por seus diplomas de ensino médio de origem criminosa. Fala-se até que tem gente que já se formou. O Ministério Público está investigando, havendo desconfiança de que isso estaria ocorrendo em Santarém e em Manaus. Em Santarém haveria duas faculdades abrigando acadêmicos envolvidos nesse problema.
A tolerância do brasileiro, muitas vezes, beira a permissivi-dade. Num dado momento, nos indignamos diante de algum absurdo, como esse dos diplomas falsos de Itaituba, que ferem os nossos princípios, mas, pouco depois relaxamos as restrições das normas de comportamento e dá no que dá. Quedamos até o próximo escândalo. Diplomas falsos não são exclusividade de Itaituba, mas, isso não serve de consolo para o estrago que faz a erva daninha que foi semeada no campo da moral e dos bons costumes da sociedade local, que trabalha duro para vencer as agruras de uma crônica crise econômica que parece não ter fim. Essa comunidade, quando se vê exposta na mídia de fora das fronteiras do município, via de regra, é por motivos nada enaltecedores.
Nenhum ser humano deve pressupor que possui o monopólio da verdade e da moral. Cada um de nós sabe dos seus limites e fraquezas, que aparecem naquelas circunstâncias em que deixamos de realizar o que desejamos para sucumbir diante do que é mais compensador. A moral expressa o que desejamos. É a moral que nos ensina que nossos próprios interesses conscientemente devem ser limitados em favor da convivência. É a aceitação de que os outros, próximos ou distantes, também possuem interesses que devem ser levados em consideração. Dito isto, quem conseguiu diploma falso contrariou a todos os princípios éticos e deve pagar por isso. Artigo de minha autoria, publicado na edição do Jornal do Comércio que está circulando
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