Proletários de todo mundo, uni-vos
Ma Jianfei está apontando para um imenso mapa na parede de uma sala de reunião num prédio velho, em Beijing. Ma é o vice-diretor do Escritório Nacional para o Ensino de Chinês como Língua Estrangeira, mais conhecido como Hanban, e o mapa mostra seu sucesso na exportação do mandarim pelo mundo. O mapa mostra que os mercados mais quentes para o mandarim são Tailândia e Coréia do Sul, onde todas as escolas primárias e ginasiais oferecerão chinês até 2007. Na Europa, particularmente França e Alemanha, vão bem, preenchidas por círculos amarelos (professores), triângulos vermelhos (lugares para testes) e quadrados azuis (cursos).
Mandarim é a primeira língua mais falada do mundo e a segunda língua na Internet. Hoje, 30 milhões de estrangeiros estudam mandarim. O governo chinês quer que sejam 100 milhões em quatro anos – e que aos poucos vire a maior segunda língua. via Arts & letters daily
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Publicado por Pedro Doria - 1/05/06 12:01 AM
Que viva México
No México, a política é muito mais divertida. Três candidatas da esquerda decidiram mostrar algo mais que seus dotes intelectuais na revista H para hombres. Lorena Vilavicencio e Alejandra Barrales, do Partido Revolucionário Democrático, e Brenda Arenas, do Partido Alternativa Social Democrata e Camponesa, escolheram o cenário, as roupas e as plumas para dar-se a conhecer. O resultado: só se fala das “três políticas mais sensuais do México.
Evidentemente, o que eles chamam de pouca roupa, lá, é muita roupa cá.
Ordem na casa
O Brasil é o quarto no mundo no ranking de sites de pornografia infantil. Os primeiros são, na ordem, EUA, Rússia e Coréia.
Ainda assim o país não tem uma lei para crimes na Internet. A proposta em campo na Comissão de Direitos Humanos da Câmara é agrupar todos os projetos tramitando e dar forma a uma legislação só. Organizações do ramo serão convidadas a participar.
A falta de lei específica atrapalha. O escritório paulistano do Google, por exemplo, não responde à Justiça brasileira – simplesmente a ignora. Segundo O Globo online, o encarregado do jurídico do Google não considerou “consistentes” as argumentações dos juízes brasileiros em qualquer de seus pedidos.
Na China, curvam a cabeça. Há de ser uma política do tipo em Roma como os romanos.
Vinte anos
Chernobyl foi um catalisador que soltou forças de dimensões históricas. Aqueles funcionários soviéticos que usaram métodos antigos do comunismo para responder ao acidente – mentir para a população e encobrir as conseqüências – ajudaram neste processo, mesmo que não o planejassem. Mesmo o secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, só descobriu aos poucos a real magnitude do desastre – e isto mudou sua relação com o aparato partidário desde então.
A partir daquele momento, Gorbachev não confiava no sistema político que o levou ao poder. Ele tentou mudá-lo, instituiu políticas de transparência – a Glasnost – e reformas estruturais – a Perestroika. Alguns anos depois, a Guerra Fria acabou, a Cortina de Ferro caiu. Chernobyl faz parte deste processo.
A reportagem da Deutsche Welle dá a entender que a Glasnost aconteceu por conta de Chernobyl, cujo acidente faz 20 anos hoje. Não é fato, começou um ano antes, em 1985. Mas a Glasnost, uma política de aumentar a transparência, sofreu um forte abalo quando do acidente. Como no momento da tragédia, justamente o grande teste de transparência, a União Soviética caiu no cacoete das mentiras e despiste para fora e para dentro, Gorbachev repentinamente não teve escolha. Ou pisava no acelerador das reformas, saía demolindo estruturas que estavam resistindo a suas determinações, ou perderia por completo o poder de fato, se é que também não o cargo.
Em 1987, veio a Perestroika, abertura econômica. E aí a URSS não se sustentava mais.
Multiculturalismo
O Conselho Muçulmano Britânico anunciou um plano de cinco anos para combater a homofobia nas comunidades islâmicas. Em paralelo, a islamofobia será combatida nos grupos GLS.
Mudando de idéia
No início dos anos 1970 quando ajudei a fundar o Greenpeace, eu acreditava que a energia nuclear fosse sinônimo de holocausto nuclear, como a maioria de meus compatriotas. Foi essa convicção que inspirou a primeira viagem do Greenpeace até a espetacular costa rochosa para protestar contra o teste de bombas de hidrogênio americanas nas Ilhas Aleutas, no Alasca. Trinta anos depois, minhas opiniões mudaram, e o resto do movimento ambientalista precisa atualizar suas opiniões também. A energia nuclear simplesmente pode ser a fonte de energia capaz de salvar nosso planeta de outro desastre: uma mudança climática catastrófica.
Patrick Moore, no Aliás do Estadão de hoje.
Tal pai
Foi um ano ruim, o de 1506. Dom Manuel, o Venturoso, ainda reinava – e em Lisboa passavam fome. Já eram dois anos de má safra. Com a fome, veio a peste, e o povo crédulo pôs-se a rezar desesperado.
Segundo Alexandre Herculano, o historiador romântico português, aconteceu assim: alguém achou ter visto um milagre à toa, um cristão-novo duvidou de que fosse mesmo sinal divino – morte ao infiel.
De morte a um cristão-novo, morte a quantos passassem: entre os dias 19, 20 e 21 de abril de 1506, morreram 4.000. E não só judeus conversos, que houve quem se aproveitasse do tumulto sangrento para levar ao fogo velhos inimigos.
Há 500 anos, pois.
Nuno Guerreiro, do blog lisboeta Rua da Judiaria, desafiou seus leitores a tomarem rumo da Cidade Baixa, na noite de ontem. Em silêncio. Que cada um acendesse uma vela, gesto simbólico pela memória das vítimas do pogrom português.
Por incrível que pareça, sua convocação virou polêmica na blogosfera lusa. Como escreveu um, neste caso um exemplo radical:
Em 1506 foram mortos milhares de judeus em Lisboa, o que é um facto iniludível. Mas esse facto deve ser enquadrado no contexto social da época. As mortes que se registraram em Lisboa há 500 anos não resultaram da pura maldade. Hão-de ter correspondido a quadros mentais, sociais e culturais devidamente inscritos nessa época histórica. Eventualmente, poderão ter correspondido até a interesses políticos e económicos. Na ausência de tal enquadramento, evocar a História traz poucos ou nenhuns benefícios do ponto de vista do conhecimento da mesma.
Então não nos lembremos do Holcausto – há o contexto histórico da Alemanha de Weimar; esqueçamos Giordano Bruno ou Galileu ou tantos mártires da ciência, a Igreja também tinha seu contexto. Paremos de expiar, cá no Brasil, a escravidão: havia um contexto diferente.
Não é apenas uma polêmica surpreendente criada do nada. É uma discussão que, no fundo, pretende isto sim não lembrar. Ou fingir que um povo não tem nada com a memória de quem foi, de como agiu. Ao recusar-se à lembrança, acusa traços de incômoda semelhança entre os de há 500 anos e os de hoje. A semelhança está num veneno viscoso e ácido chamado genericamente de racismo, no caso particular de anti-semitismo.
Cá o Brasil, aliás, país povoado pelos cristãos novos fugidos de além mar, coisa do tipo talvez não acontecesse. Talvez. dica do João Barata
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