sexta-feira, setembro 15, 2006

Do Repórter Diário

Um dos pilares da sociedade democrática é a liberdade de imprensa. O DIÁRIO vem sendo alvo de um processo de tentativa de intimidação, alimentado por ações no Tribunal Regional Eleitoral, para impedir que o jornal continue a investigar negociatas que foram feitas no setor de Saúde do Estado nos últimos anos, com claros indícios de corrupção dos envolvidos. As denúncias vão de superfaturamento a licitações dirigidas para a compra de remédios e equipamentos médicos, com claros prejuízos aos cofres públicos.

Indignação
Todas as matérias publicadas acabaram se transformando em processos de investigação pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal. O desvio de dinheiro público da Saúde afeta a população em geral e, em especial, os mais necessitados, deixando indignados todos os cidadãos de bem. É nessa linha, de denúncia responsável, que o DIÁRIO tem procurado atuar.

Direito descabido
O mais grave desse processo intimidatório é que os advogados ligados à vice-governadora e candidata à reeleição, Valéria Pires Franco (PFL), vêm se utilizando da boa-fé de alguns juízes do TRE e obtendo direitos de resposta descabidos. No último processo julgado pelo tribunal, os advogados de Valéria obtiveram resposta a uma matéria sobre o roubo de aparelho médico do Hospital Barros Barreto, que apareceu na empresa Prev Saúde, da família do secretário de Saúde, Fernando Dourado, filiado ao PFL - caso que está sendo investigado pela Polícia Federal.
Benefício O DIÁRIO publicou matéria fundamentada sobre o assunto, baseada em documentos do inquérito da PF, sequer citando a vice-governadora. Mesmo assim, numa decisão contestada por alguns juristas ouvidos pelo jornal, Valéria obteve decisão favorável e ainda aproveitou o direito de resposta para defender veementemente a Prev Saúde, empresa sob investigação.

Dever
O DIÁRIO acatará todas as decisões judiciais e recorrerá a todas as instâncias possíveis, mas não vai permitir que o claro processo de intimidação tenha continuidade. As tentativas de impedir que o jornal pratique o salutar jornalismo investigativo só o incentivam a permanecer nessa linha. É dever da imprensa livre fiscalizar e denunciar irregularidades praticadas pelas autoridades públicas. O apoio irrestrito dos leitores estimula o jornal a não abrir mão desse papel.

Meu comentário: Ninguém tem dúvida que, aliado ao interesse de bem informar seus leitores, o Diário do Pará defende o grupo político do deputado federal Jáder Barbalho, dono do referido jornal. Isso não invalida nem diminui a importância das denúncias, que são de reconhecido interesse público.

Nesse caso cabe uma pergunta: porque os adversários políticos, em vez de apenas pedirem direito de resposta no horário eleitoral, não acionam o jornal na Justiça comum e pedem reparação por calúnia, danos morais e o que achar que tem direito?

Se não fazem isso, deixam ao leitor a sensação de que só querem mesmo silenciar o aludido veículo, para que o mesmo não atrapalhe seus projetos políticos.

Se a Justiça fosse acionada, quem se sente prejudicado teria a oportunidade de colocar as coisas no seu devido lugar e o jornal poderia ser obrigado a desmentir o que publicou. Deveria ser assim, mas há muito mais interesse escondido nessa querela do que nós leitores e eleitores vislumbramos.

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