quarta-feira, setembro 20, 2006

Dossiê pode abalar campanha de Lula

Brasília: 20/09/2006
Val-André Mutran para o blog
De Brasília

Alguns institutos de medição instântaneo de opinião pública utlizados pelos comitês na campanha presidencial começam a medir o impacto na corrida eleitoral com o agravamento da crise do dossiê anti-tucano e ameaça a folgada vantagem que o presidente-candidato Luis Inácio Lula da Silva mantinha até ontem na última pesquisa de intenções de votos divulgada.

O dossiê que está sacudindo a campanha na reta final, já arrolou, conforme avançam as investigações da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Imprensa e agora, o Tribunal Superior Eleitoral que acatou a denúncia do PSDB-PFL-PPS de suposto crime eleitoral praticado pelo Partido dos Trabalhadores, pessoas que são ligadas diretamente ao Comitê-Central da campanha de Lula em São Paulo.

Além de os nomes de Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso; Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal; Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam; e seu tio, Paulo Roberto Dalcol Trevisan; Freud Godoy, assessor especial da Secretaria-Particular da Presidência e ex-coordenador de segurança das últimas quatro campanhas de Lula ao Planalto- todos envolvidos com o dossiê contra o tucano José Serra, candidato ao governo de São Paulo.participou na sede da Polícia federal em São Paulo de uma acareação entre os quatro presos – apareceu os nomes de Jorge Lorenzetti, que pediu afastamento em carta da coordenação-geral da campanha; Oswaldo Bargas, homem de confiança do presidente do PT, que tentou oferecer dossiê a uma revista; Expedito Afonso Veloso, diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil (BB), foi quem recebeu os dois petistas no aeroporto de Congonhas antes que a dupla fosse presa num hotel em São Paulo com o dinheiro que compraria o dossiê, e Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT e coordenador-geral da campanha de Lula que supostamente – apesar de nagar – sabia de tudo.

Lula pode afastá-lo a qualquer momento da coordenação nacional da campanha e Berzoini disse qua não deixará o cargo de coordenador-geral da campanha, mas, colocou o cargo à disposição de Lula.

Negócios suspeitos - O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) iniciou a coleta de assinaturas para pedir a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os repasses do governo federal a ONGs (Organizações Não-Governamentais). A oposição quer apurar se a ONG Unitrabalho, que tem como colaborador o petista Jorge Lorenzetti, teria recebido mais de R$ 18 milhões da União desde o início do governo Lula da Silva.

O engenheiro elétrico e proprietário da empresa Saneng (Saneamento e Construções Ltda), Valdebran Padilha, controla a administração da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso. A coordenação regional do órgão, responsável também pela saúde indígena, está desde 12 de agosto do ano passado sob o comando de Evandro Vitório, que vem a ser um ex-funcionário da Saneng.

Vitório foi indicado por Valdebran e pelo presidente regional do PMDB, Carlos Bezerra, ex-senador, ex-presidente do INSS e candidato a deputado federal. Bezerra tem sua administração no INSS, (2004-2005) sob investigação do Ministério Público.

As apurações correm e foi descoberto que a SMPB de Marcos Valério pagou R$ 98,5 mil à Caso, que também prestou serviços na campanha petista de 2002 para Freud Godoy, o homem que cuidava da segurança particular da primeira dama, Marisa Leitícia e que mantinha uma sala no mesmo andar do presidente.

Freud Godoy também manteve relações comerciais com o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o principal financiador do esquema do mensalão. A Caso Comércio e Serviços Ltda., de propriedade de Freud, recebeu R$ 98,5 mil da SMPB Comunicação Ltda., empresa de Valério apontada com uma das alimentadoras do valerioduto.

Na contabilidade da SMPB, entregue pelo próprio publicitário mineiro à CPI dos Correios, consta o repasse, de 20 de janeiro de 2003, em favor da Caso Comércio e Serviços - que também prestou serviços na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. A CPI investigou o pagamento de propina a parlamentares da base aliada para garantir apoio ao governo no Congresso.

O banco de dados da CPI dos Correios mostra também que a empresa Duda Mendonça e Associados Ltda., do publicitário Duda Mendonça, fez repasses a outra empresa de Freud, a Caso Sistemas de Segurança Ltda - registrada em nome da mulher e do cunhado (leia abaixo). São três pagamentos, no total de R$ 22,8 mil, entre setembro e novembro de 2004, período que coincide com a eleição municipal daquele ano. Marqueteiro de Lula, Duda também apareceu no escândalo do mensalão.

Amigo de Luiz Inácio Lula da Silva há três décadas, Oswaldo Bargas tem acesso livre ao gabinete presidencial. Não só pela relação muito próxima com Lula, metalúrgico assim como ele, mas também pelo fato de ser casado com Monica Zerbinato, secretária pessoal de Lula.

Bargas é um dos melhores amigos de Lula. A ligação vem desde o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, nos anos 70. Bargas foi braço direito de Lula em várias greves. Os dois foram cassados pelo regime militar.

Reação – Tão logo cheou do Estados Unidos, onde discursou na abertura da Assembléia Geral da Onu, Lula convocou para uma reunião de emergência no Palácio do Alvorada os ministros da Justiça (Márcio Thomaz Bastos), das Relações Institucionais (Tarso Genro) e da Secretaria-Geral da presidência da República (Luiz Dulci). E mais o chefe de gabinete do próprio Lula, Gilberto Carvalho, e o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini. Encerrada duas horas depois, Lula impediu a entrada da imprensa – pela segunda vez em dois dias desde o início de seu governo – numa cerimônia pública no Palácio do Planalto, ocasião em que o Lula assinou um termo de compromisso de "Presidente Amigo das Crianças", conferido pela Fundação Abrinc.

A ordem era para não tentarem aborrecer Lula com perguntas. O Cerimonial só permitiu a aproximação dos jornalistas para registrar imagens.

Guerra de versões - "O candidato do PT ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, disse acreditar que o PSDB tentou negociar com a família Vedoin a compra de informações para abafar o suposto envolvimento de seu rival tucano, José Serra, e do governo Fernando Henrique Cardoso com a máfia dos sanguessugas.

Mercadante seria o principal beneficiário se o dossiê fosse divugado, pois não está bem nas pesquisas em comparação com o ex-prefeito de São Paulo, José Serra.

“Na realidade, o que eu acho que aconteceu é uma tentativa de eles comprarem (informações), para abafar e ocultar todos esses indícios e provas que estão demonstrando a participação do governo anterior nesse esquema sanguessuga”, sustenta o senador, após ter lançado seu programa de governo em evento na capital paulista.

Geraldo Alckmin, afirmou que o governo do PT representa "um esquema de atividade criminosa completo". O presidente do PT, Ricardo Berzoini, é "a bola da vez". "Eles sempre escolhem alguém para responder pelos crimes cometidos. Mas essas coisas não são feitas por uma pessoa só".

O candidato tucano disse que o povo não vai votar em governo que acabou: "Os presos são todos do PT e ligados ao gabinete do assessor direto do presidente da República. Isso é crime. É um novelo sem fim. Você tem a direção do PT, você tem assessores da campanha, você tem assessor direto da Presidência da República, você tem o churrasqueiro, você tem diretor do Banco do Brasil, você tem de tudo".

O jornalista Luis Nassif, que mantém um blog de alta audiência ariscou: "Não se reduza a responsabilidade de Lula. Em direito existe a responsabilidade civil e a criminal. Quando ruiu o Shopping Osasco-Plaza, a responsabilidade penal foi do arquiteto; a civil do Shopping que o contratou. Quando caiu o avião da TAM, a responsabilidade penal foi da Fokker, a civil da TAM.

No governo, mesmo que se prove que a responsabilidade penal não foi de Lula, como chefe do governo, vai ter que arcar com a responsabilidade civil, com um profundo desgaste adicional, quando mal se curava das feridas das batalhas anteriores", comparou.

Até o fechamento desta edição o minitro Marcio Thomaz Bastos acaba de ser envolvido no esquema que compraria o dossiê anti-PSDB, já chamado pela imprensa de Dossiêgate, em alusão ao caso Watergate que obrigou a renúncia do presidente Richard Nixon na década de 1970.

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