quarta-feira, setembro 20, 2006

O Diretor do Banco do Brasil e a compra do dossiê contra Serra (1)

Nota aqui postada ontem perto das 23h:
"Expedito Afonso Veloso, diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil, participou ativamente da operação de montagem e de divulgação do dossiê que tenta ligar o ex-ministro da Saúde José Serra à Máfia dos Sanguessugas, responsável pelo desvio de dinheiro público para a compra e venda de ambulâncias a preços superfaturados.

Ele entrou de férias do banco no dia 29 de agosto último, segundo Felipe Recondo, repórter do blog. E desde então trabalha na campanha de Lula. Ali, não tem uma função específica. Ora recolhe informações econômicas que poderão ser aproveitadas pelo PT ou pelo candidato, ora faz trabalhos típicos de arapongas.

Na semana passada, Expedito foi despachado para Cuiabá com a missão de convencer Darci e Luiz Antonio Vedoin, chefes da Máfia dos Sanguessugas, a conceder uma entrevista à revista ISTOÉ falando mal de Serra e do seu sucessor no Ministério da Saúde Barjas Negri. A entrevista durou pouco mais de uma hora, segundo contou o próprio Expedito a um amigo.

A participação de Expedito no caso não se limitou a isso. A maioria dos documentos que os Vedoin entregaram à Justiça como parte do dossiê capaz de implodir a candidatura de Serra ao governo de São Paulo foi reunida pelo próprio Expedito. E repassada por ele aos Vedoin.

- Fui eu que investiguei tudo e montei o dossiê - revelou Expedito a esse amigo dele.

A revelação de Expedito foi feita no início da noite da última quinta-feira. Àquela hora, Gedimar Passos, ex-agente federal, contratado para trabalhar na campanha de Lula, e o empresário Valdebran Padilha, filiado ao PT do Mato Grosso e amigo dos Vedoin, estavam reunidos no hotel Íbis, em São Paulo.

Valdebran voara a São Paulo a pedido dos Vedoin para receber os R$ 1,7 milhão cobrados por eles em troca da entrevista e de documentos fornecidos para a montagem do dossiê. Gedimar estava ali para conferir se o dossiê de fato valia a pena e informar a seus superiores em Brasília - entre eles, Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro informal de Lula e de sua família.

Presos pela Polícia Federal na madrugada na sexta-feira, Gedimar e Valdebran começaram a contar parte da história do mais recente escândalo do governo Lula. Gedimar citou um tal de Fred ou Freud como a pessoa que deu ordem para que pagasse o preço acertado com os Vedoin.

Sabe-se agora que o tal de Fred ou Freud se chama Freud Godoy, foi responsável pela segurança de Lula nos últimos 17 anos e era funcionário da secretaria-particular da presidência da República. Freud negou tudo à polícia, mas perdeu o emprego.

Genebran citou um "Expedito" como a pessoa que participou da negociação com os Vedoin e que assim como Gedimar, dizia que falava em nome do PT. Expedito é funcionário de carreira do Banco do Brasil desde o final dos anos 80. Mineiro de Ponte Nova, formado em economia pela Universidade de Viçosa, mudou-se para Brasília em 2000.

Filiado ao PT, foi gerente de divisão do banco, um cargo de quinto escalão. Até que em 2003 foi promovido a diretor-executivo, um cargo somente abaixo dos cargos de vice-presidente e de presidente do banco. É um dos 974 petistas indicados pelo partido para ocupar cargos de confiança que está em dia com sua contribuição para o PT.

Nunca teve peso na estrutura do PT nacional e nem mesmo no de Brasília. Em março último, se ofereceu para ser candidato ao Senado, ou a suplente do candidato do PT ao Senado ou para ocupar a vaga de candidato a vice-governador. Não foi aceito.

Conseguiu um lugar na campanha de Lula por causa de um estudo que fez comparando o desempenho do governo na área econômica com o desempenho na mesma área do governo passado.

Enviada por: Ricardo Noblat

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