Sugiro aos leitores do blog a leitura do texto a seguir. Especialmente aos colegas jornalistas. Tirei-o do blog do Val Mutran.
O destaque desta semana vem da revista Carta Capital. Leia a introdução da matéria abaixo e duas opiniões conflitantes:
OS FATOS OCULTOS
A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno
Por Raimundo Rodrigues Pereira
1.Pode-se começar a contar a história do famoso dossiê que os petistas teriam tentado comprar para incriminar os candidatos do PSDB José Serra e Geraldo Alckmin pela sexta-feira 15 de setembro, diante do prédio da Polícia Federal, em São Paulo.
É uma construção pesada, com cerca de dez pavimentos, de cor cinza-escuro e como que decorada com uma espécie de coluna falsa, um revestimento de ladrilho azul brilhante, que vai do pé ao alto do edifício, à direita da grande porta de entrada.
Dentro do prédio estão presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, ligados ao Partido dos Trabalhadores e com os quais foi encontrado cerca de 1,7 milhão de reais, em notas de real e dólar, para comprar o tal dossiê. Mas essa notícia é ainda praticamente desconhecida do grande público.
É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo, estaciona uma perua da Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra
Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha, da TV Bandeirantes. E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca comentários.
Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas. A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher.
As duas pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou para a Globo, avisando do que se passava na PF.
E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma fonte no Ministério da Justiça disse a CartaCapital que as equipes da GW chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia.
Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o primeiro a anunciar a prisão dos petistas.
Confira a íntegra da reportagem na edição impressa
Prós e contras
Jornalismo crítico, pois sim
Blog do Orlando Timbosi
A peça lá embaixo é do Mino Carta, ídolo da "esquerda" bananeira instalada na mídia. Ele vive da fama de criar revistas (fundou inclusive a Veja), cultiva os escritos fragmentários de Gramsci como livro de cabeceira e é amigo de gente como Delfim Netto, Orestes Quércia etc.
Sua última criatura, que leva seu próprio nome, é Carta Capital, uma revista muito crítica até o início do governo Lula. Subiu o metalúrgico, morreu a crítica. Nas escolinhas de comunicação, Mino é um deus.
E daqueles deuses irados, que quebra telefones e, como prova de ira divina, não poucas vezes atirou sua máquina Olivetti - ele detesta computadores, o moderno - contra os repórteres, isto é, os subalternos do Conde Carta.
A revista Carta, tenham certeza, jamais será queimada nas ruas durante o Reinado Lulático. Pelo contrário, será incensada por escrever coisas como essa aí. Mino é um dos ícones dessa mentalidade primitivista que marca certo jornalismo brasileiro, cuja miséria intelectual e moral pretendo analisar depois das eleições (mas não precisarei citar nomes, muito menos o do quercista).
Trata-se de um primitivismo semelhante ao da pintura, um fazer que passa ao largo dos bancos escolares - no caso do jornalismo reinante, deliberado. Essa estirpe de jornalista é tão refratária ao estudo quanto Lula. E deve ver o "Lula lá" também como "um dos nossos".
Meu comentário: Aqui não resisti e resolvi meter minha colher. O colega que escreveu o comentário acima tem todo o direito de manifestar sua opinião, como eu tenho. Mas, assusta-me o modo raivoso como escreve. Como disse meu amigo Val Mutran, a mídia está muito comprometida, com um ou com outro. Neste momento, com inclinação claramente para a direita.
No ano de 1992 eu fui entrevistado por um colega que tinha um programa de TV, em Itaituba. Ele, Haroldo Pedroso perguntou-me como eu definia liberda de imprensa. Respondi que, em nosso País, infelizmente, em muitos e muitos casos, liberdade de imprensa ainda era fazer o que o dono do veículo no qual se trabalhasse quisesse. Será que isso não está bastante atual?
Requiém do jornalismo
BLOG DO LUIS NASSIF
Raimundo Pereira sempre teve compromissos políticos. Mas manteve intacto o compromisso com o jornalismo, que desenvolveu desde os tempos brilhantes da revista “Realidade”.
Sua matéria na “Carta Capital” sobre a cobertura da imprensa das fotos do dinheiro que seria pago pelo “dossiê Vendoin” é uma aula de jornalismo sobre o antijornalismo que parece ter tomado definitivamente conta da mídia.
Nos últimos anos houve vários exemplos de matérias encomendadas, várias evidências de mistura de jogadas empresariais e reportagens, e várias coberturas em que se misturavam cumplicidade com a polícia e autodefesa de jornalistas – como no caso do Bar Bodega, em que muitos jornalistas conviveram por um mês com um delegado que, depois se soube, torturou meninos injustamente acusados do crime, e nenhuma das testemunhas jamais veio a público denunciar o complô.
Mas em nenhum desses casos houve uma abrangência tão grande de veículos e uma falta de limites tão acentuada – independentemente da gravidade dos episódios cobertos – quanto a cobertura da foto dos maços de notas que seriam utilizados para a compra do “dossiê Vendoin”.
A reportagem de Raimundo não é partidária, não é militante, não é raivosa, não trata a falta de escrúpulos com falta de escrúpulos – como tem sido a marca desses tempos de escuridão, nessas batalhas absurdas de capas atacando Lula e atacando a oposição. É fria e lógica como uma cirurgia de especialista. Não desperdiça palavras, não gasta acusações, apenas confronta princípios básicos de jornalismo com a atitude de cada veículo, repórteres e direção, no episódio em pauta.
Menciona gravações do delegado que vazou os maços de nota, a cumplicidade com jornalistas, jornais acobertando mentiras, como a versão de que as fotos haviam sido furtadas – versão divulgada a pedido do proprio delegado, conforme gravações preservadas por repórteres indignados e impotentes.
A exemplo de tantas campanhas absurdas dos anos 90, não adianta invocar a presença do “inimigo”, do crime a ser combatido pouco importando os meios. Os atingidos pela cobertura não foram Lula, nem os “aloprados”, nem mesmo o primeiro turno das eleições: foi o exercício do jornalismo, pelas mãos de algumas pessoas que, pelo cargo que ocupam, deveriam ser os maiores guardiões desses princípios.
Os 67 mil exemplares da “Carta Capital” não se equiparam à tiragem das grandes publicações. Mas cada exemplar com a matéria de Raimundo ficará pairando no ar, como um alerta sobre o que ocorre com jornalistas e publicações, quando colocam paixões e interesses acima dos princípios jornalísticos
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Opinião do blog (do Val Mutran): O partidarismo nas Redações não é nenhuma novidade, especialmente no andar de cima.Na modesta opinião do blog, a Carta Capital assumiu um lado, assim como, Estadão, Folha e Globo e...Já assumiram o seu a muito tempo.Mas, que o patrulhamento está prejudicando a qualidade do jornalismo que se faz no país, disso não tenho dúvida alguma.
Minha opinião: A abordagem feita por Luis Nassif, na minha opinião, é correta. O que diz o comentário do Val Mutran é perfeito.
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