Val-André Mutran (Brasília) – Apesar das duras críticas de membros da CPMI das Sanguessugas que acusam a Justiça de obstrução, a Polícia Federal já identificou um grupo de pessoas que teriam sido utilizadas como "laranjas" na aquisição dos dólares que serviriam para a compra de um dossiê com informações contra candidatos do PSDB. Segundo a PF, “só falta o donos ou donos do dinheiro”.
Segundo uma fonte ligada à investigação, a PF tenta, agora, agendar o depoimento destes supostos "laranjas" no inquérito que apura o caso, o que poderá ocorrer ainda esta semana.
Uma corretora de valores, a Victur, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, os registros com os nomes dos “laranjas” é a melhor pista para o rastreamento da origem do dinheiro que comprou os dólares apreendidos em um hotel em São Paulo, antes da compra do dossiê por petistas que o utilizariam na campanha eleitoral.
Ainda segundo a fonte, os “laranjas” são “pessoas de uma mesma família, de origem humilde, residente no subúrbio do Rio de Janeiro”.
Os documentos dessas pessoas podem ter sido utilizados sem a autorização delas para a compra dos 248,8 mil dólares apreendidos no dia 15 do mês passado juntamente com 1,1 milhão de reais. O dinheiro estava em poder de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, militantes do Partido dos Trabalhadores .
"Temos de ouvir esses 'laranjas' para saber a verdadeira origem do dinheiro que seria usado na negociação", explicou a fonte.
A PF já recebeu do Banco Central todas as informações relativas à Vicatur. A empresa está em atividade há cerca de 20 anos e, desde abril de 1999, possui autorização para comercializar dólares.
Obstrução - O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), voltou a criticar a Polícia Federal ontem em entrevista para jornalistas.
“A PF está impedindo o trabalho da comissão ao ‘atrasar’ o envio de documentos para os parlamentares, dentre eles o relatório parcial da apuração do caso dossiê encaminhado à Justiça Federal em Mato Grosso na sexta-feira”, acusou.
Jungmann havia prometido protocolar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de forçar a PF a acelerar a entrega de documentos à CPI, mas mudou de idéia.
"Conversei com outros integrantes da CPI que se inclinaram a dar mais um tempo (à PF)", afirmou.
Jungmann disse esperar que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tome providências. Ele também pediu ao juiz Jefferson Schneider a abertura de inquérito pela Polícia Federal para apurar quem foi o responsável pelo vazamento das informações.
Para o deputado, o vazamento do relatório foi seletivo e deixou de fora as quebras de sigilo telefônico dos envolvidos e o vídeo do circuito interno de TV do hotel de São Paulo onde houve a apreensão do dinheiro que seria usado por petistas para comprar o dossiê.
O deputado acredita que a disputa eleitoral seja a principal motivação para tanta demora. "Espero que o ministro da Justiça tome as providências e resolva abrir inquérito para apurar a autoria desse crime. E que também apure a quem interessa divulgar um relatório parcial e, ao mesmo tempo, sonegar à CPMI e à opinião pública todo complemento desse relatório", declarou.
Segundo Jungmann, esse complemento traria dados "extremamente ricos para o andamento da investigação e para descobrir a autoria do crime".
Na sexta-feira, o juiz federal Jefferson Schneider, encarregado do caso, determinou que os documentos solicitados pela CPI devem ser encaminhados diretamente a ele, que decidirá pela liberação ou não dos papéis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário