VÔO 1907 Plano de vôo previa que o Legacy deveria estar a 38 mil e não 37 mil pés na hora da colisão
Documentos obtidos pelo Jornalismo da Rede Record apontam que o jato Legacy voava no lugar errado no momento da tragédia com o avião da Gol. Os repórteres tiveram acesso ao plano de vôo que mostra que além de estar em uma altitude inadequada, o piloto poderia ter tomado outras atitudes para evitar o acidente.
Ainda nem se sabia quantos eram os mortos da tragédia, mas a polícia já ouvia os tripulantes do avião Legacy. O piloto Joseph Lepore e o co-piloto Jean Paul Paladino disseram que não saíram da rota planejada. Afirmaram que perderam o contato com o Centro de Controle de Área.
Joseph Lepore declarou que: “Foi ao toalete e quando retornou obteve a informação do co-piloto de que não estava conseguindo contato com o Centro de Controle de Área. Quando estava procurando a freqüência ouviu um barulho como uma batida de carro. Porém não sentiu impacto nenhum”.
O co-piloto Jean Paul Paladino ressaltou que nenhum sinal foi percebido, nenhum tipo de alerta anti-colisão, apenas sentiu o impacto. Disse ainda que no momento do acidente tinha uma visão periférica, percebeu um tremor, uma onda de choque na aeronave. Acreditou que a porta tivesse saído e que neste momento o piloto automático desacoplou.
Paladino afirmou que foi ele e não o piloto que conseguiu controlar o avião. “Em razão de possuir mais experiência e mais horas de vôo naquele tipo de aeronave”.
O plano de vôo do Legacy está em poder da polícia de Cuiabá e revela que os pilotos erraram pelo menos duas vezes. Os registros orientavam que a altitude deveria ser de 37 mil pés. De São José dos Campos a Brasília o avião estava a 11 mil metros de altitude, ou seja, 37 mil pés.
O primeiro erro do piloto acontece quando o avião chega a Brasília. Ele deveria descer a aeronave para 36 mil pés, seria esta a diferença de altitude que permitiria que o Boeing da Gol cruzasse por cima do Legacy. O plano de vôo orientava o piloto a descer para 36 mil pés.O segundo erro do piloto do Legacy foi próximo à Serra do Cachimbo. Neste ponto virtual teres, o avião deveria subir para 38 mil pés e seguir assim até Manaus. A instrução também está registrada no plano de vôo.
Plano - A hipótese da Embraer ter entregue um plano de vôo errado aos pilotos do Legacy foi descartada pelo presidente da Infraero. “Não vejo nenhuma possibilidade de um plano ter sido apresentado errado. Mesmo que tivesse acontecido algum erro na elaboração do plano, esse erro teria sido detectado pelo técnico que recebeu ou pelo sistema que imediatamente rejeitaria”, diz José Carlos Pereira.
O comandante Rui Torres, com mais de 20 mil horas de vôo e acostumado a viajar na rota São Paulo e Manaus, analisou o plano de vôo do Legacy. As rotas e altitudes descritas no documento estão corretas e não dão margem a dúvidas. “A altitude preferencial de 37 mil pés é de quem vem de Manaus para Brasília. Esse é o nível de vôo correto.
Quem vai de Brasília para Manaus tem que voar em um número par, voa a 36 ou 38, a 37 mil pés não podia”, conta.
Os pilotos sustentam no depoimento a polícia de Cuiabá que perderam a comunicação com a torre, mas o comandante ouvido pelo Jornalismo Record explica que aviões modernos autorizados a voar naquela rota e naquela altitude dispõe de equipamentos que permitem aos pilotos alternativas de fuga no caso de falha na comunicação.
O plano de vôo foi exibido com exclusividade no Domingo Espetacular. Nenhuma outra emissora conseguiu apresentar o documento antes.(Rede Record, com Reportagem de Sylvestre Serrano)Pilotos ficam no Rio até prestar depoimentoRio (AE) - Os pilotos norte-americanos do jato Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, ainda devem permanecer no Rio onde estão desde a semana passada, até que seus depoimentos à Polícia Federal no Mato Grosso sejam agendados.
O advogado deles José Carlos Dias, disse que a partida dos clientes ainda não foi marcada e que não há previsão para isso. Dias - que atendeu a reportagem ontem pela manhã, pelo telefone, mas não quis dar entrevista. Ele afirmou que ainda irá acertar com o delegado Renato Sayão, responsável pelo inquérito federal, o encontro dele com os pilotos. Eles já depuseram à Polícia Civil do Mato Grosso, depois do acidente com o Boeing da Gol. Lepore e Paladino continuam reclusos em sua estadia no Rio de Janeiro. Na semana passada eles se hospedaram no luxuoso hotel JW Marriot, de frente para a praia de Copacabana, onde também ficou, por alguns dias, o advogado Theodomiro Dias Neto, filho de José Carlos Dias.
Diário do Pará
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