terça-feira, novembro 14, 2006

BRASIL FICA NO TOPO DA LISTA EM NOVO ÍNDICE DE DESMATAMENTO

Cálculo desenvolvido por especialistas fornece um quadro mais otimista da situação no mundo, mas ainda problemático no Brasil.
Um grupo internacional de especialistas desenvolveu um novo índice para avaliar a situação das florestas do mundo. Com ele, um quadro mais otimista foi encontrado para o planeta. Para o Brasil, no entanto, a situação continua complicada. Ao lado da Indonésia, o país registrou as maiores perdas, em termos absolutos, tanto em quilômetros quadrados de floresta, quanto em metros cúbicos de madeira.

O novo cálculo desenvolvido pelos pesquisadores -- e divulgado na edição desta semana da revistas “PNAS”, a publicação semanal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos -- contabiliza não apenas a área de florestas como também a densidade de árvores por hectare, a biomassa e a quantidade de carbono que é capturada pelas florestas de um país.
A intenção era fornecer uma imagem mais próxima da realidade da situação das florestas no mundo, uma vez que enquanto alguns países, como o Brasil, seguem perdendo quilômetros e quilômetros de mata, outros, como França e El Salvador, estão se reflorestando há décadas. Para eles, o conceito de “cobertura florestal” envolve muito mais do que simplesmente a área coberta por árvores.
Aplicando seus cálculos aos últimos números divulgados pelas Nações Unidas sobre o assunto, no ano passado, os especialistas descobriram que, apesar de toda a preocupação com o desmatamento, a densidade das árvores tem aumentado nos últimos 15 anos em 22 dos 50 países com mais florestas. Nas nações em que Produto Interno Bruto (PIB) per capita passa dos US$ 4,6 mil (o equivalente ao Chile), quanto mais rico é um país, mais verde ele é.
Para os pesquisadores, não é a indústria madeireira a maior ameaça à mata, pois a madeira cortada em uma área pode ser replantada em outra. Segundo eles, o que estimula o desmatamento é a combinação de uma alta densidade populacional com a pobreza -- que obriga a população a entrar na floresta para obter renda rápida através da madeira e para limpar a área para a agricultura.
Segundo o índice, em termos absolutos, as florestas que mais se expandiram foram as da China e as dos Estados Unidos. Em porcentagem, as maiores perdas de área florestal, entre 1990 e 2005, ocorreram na Nigéria e nas Filipinas, enquanto os maiores ganhos foram registrados no Vietnã, na Espanha e na China.
O índice, por enquanto, serve apenas para o uso dos cientistas. Os pesquisadores esperam, no entanto, que ele mude a maneira com que governos de países e as Nações Unidas conduzem suas políticas ambientais, no futuro.

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