Este texto foi o editorial da 33ª edição do Jornal do Comércio, publicado no final da semana que passou.
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Oxalá não venhamos a nos decepcionar com o resultado final da atuação do vice-governador Odair Correa, do qual tanto se espera; quase com certeza, muito mais do que ele pode fazer. Não por falta de vontade dele de atender a tudo que os municípios desta região precisam, mas pelas limitações que o cargo de vice-governador lhe impõem, além daquelas impostas pela orientação da governadora Ana Júlia.
Odair começou o governo com muito menos poderes do que esperava e precisaria ter para desenvolver um trabalho que pudesse ser notado. O quinhão que lhe coube no latifúndio do governo do Pará é muito pequeno, muito modesto. Ficou apenas com a presidência do Banco do Cidadão, órgão que dá pouca visibilidade ao seu titular e de pouco poder.
Para quem sonhava em ficar com a PARATUR, responsável pelo Turismo no Estado, o Banco do Cidadão foi apenas um prêmio de consolação, ferramenta que não lhe permitirá realizar muita coisa, uma vez que não será fácil implantar representações do mesmo num grande número de municípios do oeste e do sudoeste paraense, pois muitos não terão como atender às exigências inerentes ao processo de implantação.
Caso seu peso político tivesse permitido ficar com a PARATUR, o vice-governador teria chance de fazer um trabalho muito mais notável. Sobretudo em Santarém, onde o negócio do turismo já rende bons dividendos a diversos segmentos da economia, oferecendo um leque amplo de possibilidades de crescimento.
Existe um otimismo muito grande nesse sentido e a consciência de que essa indústria, cujos resultados se mantêm a perder de vista, poderá ser fonte de renda para milhares de pessoas. Se der certo em Santarém, Itaituba irá a reboque, desde, que tenha seu próprio projeto de desenvolvimento nesse setor. Mas, Odair não ganhou a PARATUR e o turismo regional perdeu.
O poder concedido por Ana Júlia ao seu vice é totalmente diferente do que fez Simão Jatene com sua vice, Valéria Pires Franco, que em alguns momentos do último governo do Estado chegou a ter mais destaque que o próprio titular do cargo. Ela ocupou uma secretaria das mais importantes do governo, a de Promoção Social, tendo carta branca para fazer e desfazer.
Não dá para fazer de conta que nada está acontecendo. Quem garante que não há o dedo de Ademir Andrade, pois Odair faz parte do grupo que quer ver o ex-deputado federal fora da presidência do PSB? Odair Correa é um conciliador no atacado. No varejo nada impede que ele brigue para assumir o comando de seu partido, aproveitando a maré baixa de Ademir Andrade, que conduziu o PSB ao malogro na última eleição, tendo ficado muito mal junto à executiva nacional, em virtude do pífio resultado obtido nas urnas.
Se conseguir, o vice ficará mais fortalecido e, inevitavelmente ganhará mais espaço no governo do Estado. Aí, sim, com mais poder terá como realizar muito mais do que o horizonte vislumbra neste momento. Se fosse turrão e resolvesse encarar a governadora Ana Júlia logo no começo do governo, demonstrando a insatisfação que a gente sabe que ele sente, quem ganharia com isso? Provavelmente ninguém. Ao contrário! Todos perderíamos. Mantendo a calma, Odair continuará sendo uma porta de acesso permanentemente aberta para o governo do Estado, a qual esteve fechada durante os doze anos de governo tucano. Por isso, é muito melhor para todos que o vice-governador continue com seu modo diplomático de resolver as coisas, pois o oeste e o sudoeste do Pará não suportarão mais quatro anos isolamento e de indiferença do governo do Estado. Mas, não dá para esconder o que é um fato: Odair necessita e merece mais espaço no governo que está apenas começando.
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