Ao menos a Igreja Católica lança um olhar diferente sobre a Amazônia e promove uma discussão que inclui os seres humanos que vivem na região. O que tem sido visto até agora são campanhas pela preservação da floresta, sem levar em conta a gente que a habita. Quem tem convicção de que é preciso preservar, como eu e como tanta gente, gostou de ouvir o secretário-geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer, na abertura da Campanha da Fraternidade criticando a destruição da região pelo desmatamento ilegal, grilagem e conflitos de terra. Ele disse que é uma insensatez, é falta grave de responsabilidade e de fraternidade. Para ele, somente a fraternidade promove a partilha e a sustentabilidade da vida na floresta.
Foi bom ouvi-lo dizer que a campanha não se volta somente para a questão ambiental, mas principalmente para os seres humanos que habitam a região, como indígenas, caboclos, quilombolas, nativos ou migrantes, populações ribeirinhas e gente das pequenas e grandes cidades da Amazônia. Essas pessoas são a referência da fraternidade a ser despertada e aprofundada na região.
O povo da Amazônia é vítima, com freqüência, de esquecimento, discriminação e graves conflitos, observou Scherer. Na ocupação da terra e na exploração dos recursos naturais, muitas vezes, segundo ele, impera a lei da selva, a lei do mais forte, por causa da ausência, ou da ineficiência do Estado e de suas instituições.
Nós, nascidos aqui ou vindos de qualquer parte do Brasil ou do mundo, precisamos estar permanentemente comprometidos com esse que é um assunto cada vez mais atual. E neste momento em que a Igreja Católica coloca em discussão esse tema para a Campanha da Fraternidade é muito importante que dioceses, prelazias e paróquias aproveitem esse tempo, que não é longo, para discuti-lo com profundidade, sem esquecer que a gente que vive aqui tem que estar inserido nesse grande contexto.
Marilene Silva (Bacharel em Direito)
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