terça-feira, janeiro 15, 2008

Meio Século da garimpagem do ouro no Tapajós

Cinqüenta anos sustentando a economia de Itaituba com o ouro extraído na região do Tapajós, tempo durante o qual foi gerada muita riqueza, com incontáveis vidas deixadas nas barrancas do Rio Tapajós e seus afluentes, não foram suficientes para inspirar os políticos deste município, no decorrer dessas cinco décadas, para prestar a mais singela que fosse das homenagens ao garimpeiro. Não existe uma praça, uma rua, ou sequer um beco batizados com o nome de um desses bravos trabalhadores, ou das grotas ou corrutelas de onde o precioso metal tem saído. A Cidade Pepita jamais se lembrou de homenageá-los.
A AMOT mobilizou-se para não deixar que esse ano histórico passe despercebido. Por ocasião da mais recente do vice-governador Odair Correa foi lançada a idéia da celebração dos cinqüenta anos da garimpagem de ouro na região do Tapajós, conforme informou Ivo Lubrinna, presidente da entidade que representa os mineradores.
“A idéia é fazer o resgate da história da garimpagem mineral do Tapajós. É chegada a hora de reconhecer a contribuição que esses desconhecidos deram ao País, ao Estado e a este Município. Em diversos momentos nós socorremos o País com o ouro daqui. Principalmente na década de 1980, quando o Brasil quebrou, entrando na moratória. Não tínhamos crédito para comprar nada fora, de medicamento a petróleo. E foi o ouro do Tapajós, juntamente com o de Serra Pelada, mais tarde, que deu lastro para que o País pudesse emitir moeda. E nada mais justo do que se construir um memorial do garimpeiro, pois nós vemos praças, ruas e outros logradouros públicos com nomes de pessoas que a gente não sabe quem foram ou o que fizeram por aqui, enquanto não existe nada, absolutamente nada citando a atividade mineral garimpeira. Essa é uma injustiça que a gente precisa corrigir. Tem gente que diz que o garimpo só deixou mazelas, mas, não foi bem assim. Muita riqueza foi gerada”, disse Ivo Lubrinna.
O ápice das comemorações do cinqüentenário da garimpagem de ouro no Tapajós deverá ocorrer no mês de julho, segundo informa Ivo. O que se pretende é coletar depoimentos e todas as informações a respeito dessa atividade, reconstruindo essa história. Para tanto, a AMOT conta com o apoio do governo do Estado, através da vice-governadoria. Também serão procurados parceiros entre a iniciativa privada, sobretudo entre as empresas do setor mineral que atuam nesta região.
Da mesma forma, fará parte dessa programação a Prefeitura Municipal de Itaituba, principalmente por intermédio da Secretaria Municipal de Mineração e Meio Ambiente, com a qual as conversas já foram iniciadas. A AMOT já tem alguns dados e tem conhecimento de testemunhas vivas que serão ouvidas, para que esse material gere um livro para ser publicado, possivelmente, ainda este ano, registrando toda essa história para a posteridade. Os garimpeiros mais antigos estão sendo contatados para esse trabalho, o qual, como diz o presidente da entidade, terá participação direta do Jornal do Comércio e dos demais meios de comunicação.
O mês de julho foi escolhido para o desfecho da programação, para fugir do auge do burburinho eleitoral. Se coincidisse poderia misturar as coisas e o evento certamente seria prejudicado.
Além de ter mandado muito ouro para fora, e de toda a riqueza gerada, o Tapajós tem contribuído, também, para a definição de leis importantes para o meio mineral, como ocorreu com a Lei 7766, que dispõe sobre o ouro, ativo financeiro e sobre seu tratamento tributário, sancionada por José Sarney no dia 11 de maio de 1989, assim como a Lei 7805, de 18 de julho de 1989, que alterou o Decreto-Lei n° 227, de 28 de Fevereiro de 1967, criou o Regime de Permissão de Lavra Garimpeira e extinguiu o regime de Matrícula. Ivo Lubrinna representou os garimpeiros desta região nas discussões que foram o ponto de partida para essas leis.

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