O começo - A Itbnet foi a pioneira na implantação do serviço de internet, em Itaituba. No começo só havia conexão discada. Apesar das dificuldades inerentes a esse tipo de serviço, mesmo nos dias de hoje, em 2000, quando aparecia na tela do computador a confirmação de que o usuário estava conectado, parecia um sonho. O mundo estava ao alcance de uns poucos privilegiados com apenas um toque no teclado.
Valney Castro dos Santos é o diretor administrativo da Itbnet, desde sua criação. Hoje, a empresa tem um gerente, Cláudio da Silva que responde por seu bom funcionamento. Valney lembrou na conversa que teve com a reportagem do Jornal do Comércio de como tudo começou.
“Tudo começou quando a gente comprou uma lojinha de manutenção de computadores, cujo nome era SOS Informática, que depois a gente mudou para Compuserv. Foi uma das primeiras no setor de informática. A gente fazia manutenção e vendia peças para computador. Aí, passou o tempo e a gente tomou conhecimento de um sistema que ainda não era internet, que já acontecia no Brasil, chamado BBS, através do qual se conectava um computador ao outro em pontos distantes. Bastava ter um computador com um modem e uma linha telefônica. Isso evolui e algum tempos depois já se podia conectar um certo número de usuários por meio de um servidor. Nesse particular, uma das empresas pioneiras no Brasil foi a Mandic, que virou uma das grandes empresas do setor. Isso foi crescendo, se espalhando pelo País até que a gente viu a necessidade de oferecer esse serviço aqui. Em Itaituba, há bastante tempo, vive um grande número de pessoas de fora, que precisam manter contato com os amigos e com os familiares que deixaram de onde vieram. Então, isso ajudou a acelerar esse processo de implantação da internet”.
No começo eram poucos os clientes, porque as dificuldades do primeiro provedor para atender eram grandes. Não havia serviço da Embratel disponível nesse sentido; por isso, foi preciso contar a ajuda de um provedor de Belém, de amigo de Valney. Não eram mais do que uns 10 usuários; pouco tempo depois já eram 20, 30 e assim o número foi crescendo, de acordo com os avanços alcançados. Durante um bom tempo esse número ficou estagnado em torno de 50 pessoas, até porque isso era uma novidade ainda não muito difundida por aqui.
Em seu início, a empresa Itbnet não foi rentável, diz Valney. “Não. Nós passamos mais de um ano tendo prejuízo. Depois desse primeiro ano a gente chamou todos os nossos clientes; reunimos para mostrar a todos as dificuldades, pois a gente sempre primou por trabalhar com muita transparência. Agora mesmo a gente está com uma grande dificuldade de expansão, coisa que a gente já informou para a maioria dos nossos clientes”.
Como a qualidade da conexão não era das melhores, dadas as dificuldades técnicas, somando-se isso à qualidade precária do sinal de telefone, as reclamações eram muitas. Certa vez, lembrou Valney, numa reunião com os usuários, para saber como estava chegando o serviço até eles, muitos reclamaram que era dificílimo estabelecer uma conexão, assim como da lentidão do tráfego de informações. O saudoso Frei Paulo Zoderer, então vigário da catedral de Santana, e um dos clientes, disse que não podia reclamar de dificuldades, porque nunca conseguia se conectar.
Foram três anos e meio pagando para manter o serviço em funcionamento, porque a Itbnet acreditava que a internet era um fato irreversível, disse Valney. O primeiro ano foi de prejuízo mesmo. Daí para frente a empresa trabalhou para tentar empatar despesas com receita. Depois de três anos e meio o negócio começou a apresentar resultados positivos. Durante esse tempo a Itafrigo injetou recursos para que a Itbnet fosse adiante.
Hoje – Quem pilota a locomotiva é Cláudio Edicley Rocha da Silva. Esta na casa desde 2006, mas só assumiu o atual cargo alguns meses depois. Ele faz o terceiro ano do curso de Administração e quando chegou já tinha uma boa experiência como administrador, tendo tocado até um pequeno negócio próprio. É ele quem administra o dia-a-dia da empresa. Cláudio conversou com a reportagem do Jornal do Comércio sobre o que é a Itbnet de hoje.
“A internet deixou de ser apenas uma opção de lazer. Mais e mais pessoas a utilizam para os mais variados fins. Alguém que não tenha noção de informática ou não saiba acessar a internet é excluído, inclusive, do mercado de trabalho. A gente percebe essa evolução em pessoas, que provavelmente, nunca imaginaram depender se quer de um computador e acabam se deparando com a necessidade de acessar algum tipo de serviço da internet. Foi o caso de pessoas do interior, que já vieram aqui pedir para a gente cadastrar uma arma de caça, na página da Polícia Federal; outro caso é a procura para cadastrar uma motosserra no site do Ibama, além de outros casos”.
O número de usuários de internet, que usam os serviços da Itbnet é oscilante, porque tem sempre gente saindo e gente chegando à cidade, o que é natural. Mas, gira em torno de 500 assinantes, que é o número que o link permite atender com responsabilidade. Existe demanda para aumentar o número de usuários, mas, a empresa esbarra nas limitações locais do back bone (fornecedor principal do acesso via satélite) que é a Embratel. Se já tivesse chegado a fibra ótica, certamente isso já teria sido resolvido. Há bastante tempo fala-se na sua vinda através da estrada, usando a infra-estrutura da Eletronorte que trás energia de Tucurui, mas, isso não avançou por enquanto.
Esse negócio não é para amadores. Manter um provedor de internet implica em arcar com um custo operacional elevado por causa da própria natureza do trabalho. A Itbnet mantém uma equipe de 12 pessoas, entre técnicos e pessoal de apoio para atender os clientes a contento. O pior período, segundo Cláudio, é o Inverno. As chuvas costumam causar alguns problemas freqüentes, que são agravados se acompanhadas de descargas elétricas, que quando atingem equipamentos, provocam danos maiores. Quando isso acontece, os telefones da Itbnet não param, pois a prestação do serviço fica prejudicada e todos querem ter seus problemas solucionados ao mesmo tempo.
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