quarta-feira, abril 09, 2008

A INDÚSTRIA DAS INVASÕES

Sou uma pessoa que gosta de assistir aos programas de jornalismo na televisão, sejam esses locais, regionais ou nacionais. Assisto praticamente a todos os locais, os que passam ao amanhecer, os do meio dia e a tarde, quando meu trabalho assim permite. Assim, fico informado do que está acontecendo na região e principalmente na minha cidade. Claro que tiro minhas próprias conclusões, uma vez que as informações muitas vezes são distorcidas de acordo com interesses de alguns ou de alguém.

Uma das notícias mais vinculados nos últimos tempos é das invasões dos “sem teto”. Vocês perceberam que parece uma indústria? É por todos os lados de nossa cidade. Basta ter um terreno um pouco maior que lá estão “eles”. Quem ganha com essas invasões? Quem patrocina esses movimentos? Quais os reais interesses desses? Será que não é só para comercializar os mesmo? São questionamentos que sempre vêm em minha mente quando vejo esses tipos de noticiários, uma vez que os líderes geralmente são os mesmos, com os mesmos discursos, “que estão invadindo porque o terreno está abandonado servindo somente de esconderijo de ladrões, para fumar maconha, estupro” entre outros. Se isso realmente estiver acontecendo nestes locais, é caso de acionar a polícia e não invadir para se apossar da coisa alheia. Será que isso também não é um crime?

Não que não tenham direito a um terreno para construir uma moradia, mas que essa seja digna de morar, que possa oferecer o mínimo de conforto à família. Não um barraco sem estrutura nenhuma, sem luz, sem água, sem escola e principalmente sem nenhum saneamento básico, dando ares de favela. Assim como essas pessoas têm muitas outras na cidade que não possuem uma moradia, inclusive eu e muitos de meus leitores, mas nem por isso vamos fazer apologia às invasões ou vamos invadir a coisa alheia.

Quando é noticiada mais uma invasão em algum terreno da cidade, vem em minha mente, alguém apossar-se de minha casa? Meus aposentos, minha mesa, minha cozinha e os demais pertences domésticos sendo usados por alguma pessoa estranha, só por que a mesma não tem esses produtos em casa. Como ficaria? Que anarquia seria? Meus bens conquistado com muito suor sendo entregues a bel-prazer? Será que é justo? Os governantes ainda têm algumas responsabilidades nesse País.

Por outro lado, muitos proprietários de terrenos realmente não cuidam o seu patrimônio, deixando o mesmo jogado a toda sorte, o mato tomando conta, servindo realmente para maus elementos usufruir livremente, além de servir de depósito de lixo. Não se preocupam em manter limpo, pois se assim o fizessem, além de embelezar mais a cidade, estariam gerando emprego, na limpeza do terreno, talvez para essas pessoas que hoje estão invadindo. Mesmo com a lei municipal aprovado há pouco tempo pela Câmara de Vereadores e sancionado pelo Poder Executivo, os proprietários não estão colaborando. Vamos colocar em prática a lei e punir os infratores, caso contrário é mais uma lei municipal sem efeito.

Quando resolvi escrever sobre esse assunto, não foi para atingir ninguém. Apenas fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo com as invasões. Uma vez que os noticiários locais, cada dia, mostravam novos casos. Não sou favorável às invasões, mas sou favorável à construção de casas populares, com toda a infra-estrutura, construídas em forma de mutirão pelos futuros proprietários, e as mesmos não podendo ser vendidas e nem alugadas durante um período não inferior a 10 anos. Pensemos nisso.

Até a próxima.

Prof. Adm. Jadir Emílio Fank

Um comentário:

  1. Anônimo4:31 PM

    Caro professor, penso ser importante sua reflexão afinal em um pais onde a pobreza assola a maioria de sua população, inclusive sendo usada como campanha política (vide Hilton Aguiar e Solidariedade – chega a ser vergonhoso!) é sempre importante questionar sobre as necessidades do povo. Quanto as ocupações e não invasões urbanas, como diria uma urbanista carioca, seria interessante se tivéssemos políticas de desenvolvimento urbano, mas prática, caro professor, a única política urbana que o Brasil e Itaituba conhece é ocupação. O povo entra, enfrenta a policia, os “donos” ( que só aparece quando há ocupação) dos lotes inclusive seria até interessante aquele terreno do Pai Velho na 2ª rua da Liberdade, que a anos não tem utilidade publica alguma. Além disso em todos os segmentos sociais temos lutadores, porém, existem os oportunistas sejam eles por exemplo do meio jornalístico, da educação, política e também porque não dizermos, nos movimentos socais. Respeito profundamente sua posição, no entanto, devemos nos perguntar também, onde estão as política de moradia popular? Onde estão as grandes ações de desenvolvimento de Itaituba? Penso que ficaram nos buracos das ruas, na ignorância e oportunismo de grande parte de nossos políticos que fazem política com a miséria do povo. Ah! Perdão! Esqueci-me de pontuar que Itaituba TEVE uma ação sim de desenvolvimento urbano, a prefeitura “desapropriou” área pública (Fazenda Modelo) e distribuiu entre as pessoas, mas me pergunto: se essas pessoas não tinham dinheiro para comprar um terreno, terão para construir suas casas? Que tipo de material utilizarão (resto de cerrarias, palha, lonas, madeira de segunda?) Seus filhos estudaram onde? Onde ficará o posto de saúde? Como será feita coleta de esgoto, lixo, iluminação pública (privadas)? Afinal, infelizmente ainda se pensa que política de habitação se resume a unidade de moradia (a casa). E para não concluir, quanto a sua pergunta se “invasão” é crime, deixo um pensamento de Martin Luther King “Há dois tipos de leis: as justas e as injustas. È nossa obrigação, não apenas legal, mas moral obedecer às leis justas. Por outro lado, temos responsabilidade de desobedecer as leis injustas”.

    Inté

    Rose

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