Pesquisas confirmam que o açaizeiro não é hospedeiro do barbeiro, mas o babaçu sim
Embora o objetivo principal do projeto Saúde Mundial seja outro, uma importante descoberta para a população desta região do Tapajós foi feita no decorrer dos trabalhos desenvolvidos até agora no município de Aveiro: a palmeira do babaçu é a principal hospedeira do barbeiro, inseto que transmite a doença de chagas, que pode ser letal. Além do babaçu, outra palmeira conhecida por inajá, ou anajá, também o hospeda.
As populações dos locais estudados estão sendo orientadas a como procederem para evitar serem picadas, ou ingerirem o barbeiro em alimentos. Esse risco existe e é muito grande, porque esse inseto tem o hábito de ficar voando de um local para outro. Sempre que isso acontece há o risco dele pousar em algum tipo de alimento exposto.
Uma das possibilidades de contaminação é através da farinha fabricada em áreas onde o barbeiro existe. Ele pode voar e pousar em qualquer parte do local onde o produto esteja sendo trabalhado. Pode ser moído ou pode entrar em qualquer outro estágio da fabricação. Ao ser consumido transmite a doença de chagas para quem consumir a farinha. Da mesma forma, fazendas nas quais existe grande quantidade da palmeira de babaçu perto das casas podem facilitar a transmissão da doença.
Embora o açaizeiro já tenha sido descartado como habitat do barbeiro, é preciso muito cuidado no trato do açaí, pois durante o ato de apanhar o cacho, ou de ensacá-lo para o transporte é possível que algum inseto pouse no local. Caso não haja o devido cuidado com a limpeza do produto na hora de bater, o barbeiro pode ser batido junto com os caroços. Foi isso que aconteceu em Mojuí dos Campos (Santarém) e em Belém, onde houve algumas mortes há pouco tempo.
Quem consome açaí precisa se certificar das condições de higiene em que é tratado o produto no local onde é preparado. Não basta querer saber apenas que tipo de água é utilizada no preparo, embora isso seja fundamental. Sem esse cuidado, qualquer um pode tem uma surpresa desagradável.
A palmeira do babaçu é de difícil regeneração em circunstâncias normais. Porém, se for tocado fogo onde ela existe, as sementes nascem com uma rapidez incrível. Todas essas informações estão sendo passadas para os produtores das áreas pesquisadas, para que eles saibam como agir diante desse perigo.
Há uma grande incidência de pés de babaçu nas áreas degradas. Em Itaituba, não é difícil encontrar extensas áreas de fazendas, ou de derrubadas antigas repletas dessa palmeira. Num primeiro momento, o projeto está trabalhando para evitar que aumente a área onde o babaçu já está radicado. Não foi informado se há algum estudo para dizimar as palmeiras que já existem.
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