sábado, maio 24, 2008

Carta ao conterrâneos

*Por Marilza de Melo Foucher

Cadê a capacidade de indignação, diante de certos erros cometidos pelo governo? Se o próprio presidente reconhece a importância da sociedade civil, por que nos calarmos, diante de fatos que revelam a predominância, no Planalto, de um desenvolvimentismo que despreza a natureza?

Ao abrir minha caixa eletrônica para verificar minhas mensagens, deparei com várias que tratavam da noticia de demissão de minha companheira e conterrânea Marina Silva. Esta noticia não me surpreendeu, o que me surpreende é a predominância de uma corrente desenvolvimentista que não consegue tirar lição do passado. O que me surpreende é uma certa passividade dos movimentos sociais, ONGs, intelectuais, cientistas e outros atores sociais, engajados há anos em prol de um outro desenvolvimento para o Brasil. Estes estão conscientes que o controle social se integra ao exercício da cidadania ativa. Por que então o élan que mobilizou esses atores de norte ao sul do país baixou a bandeira de reivindicações, quando nosso companheiro Lula e os partidos de esquerda e de centro chegam ao poder?

Cadê a capacidade de se indignar diante de certos erros cometidos pelo governo Lula? A critica construtiva é fundamental para avançar o processo democrático e cobrar a coerência da política governamental. Isto não quer dizer fazer oposição frontal ao governo! Isto não quer dizer fazer o jogo da direita, ao contrário do que dizem alguns membros do PT. Devemos entender a complexidade do exercício do poder e não é tarefa fácil, para o governo, enfrentar os setores conservadores que controlam o setor do agronegócio e o poder econômico brasileiro.

Mais uma razão para a sociedade civil organizada de ser agente de transformação com lucidez e coragem. Quanto mais a sociedade civil se organiza e cobra resultados dos projetos governamentais, mais o poder político progressista representado no congresso nacional será obrigado a votar as verdadeiras reformas. As reformas não reformam, quando os atores do desenvolvimento não estão preparados para o exercício da cidadania. O próprio presidente, antiga liderança sindical, certamente reconhece a importância da vitalidade de uma sociedade civil organizada para o sucesso de seu governo.

*Extraido do blog BOCA NO TROMBONE

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