Não é nenhuma novidade que existe muita hipocrisia na atividade política, seja no exercício de mandatos, ou nas campanhas políticas. Provavelmente isso nunca vai mudar, porque é assim a alma humana quando estão em jogo tantos interesses, muitos dos quais interesses pessoais, ou de grupos.
Quer hipocrisia maior do que quando se fala que o eleitor já não suportar mais que um candidato fale mal do outro? Isso é uma mentira deslavada, pois a maioria das pessoas vai para comícios na expectativa de ouvir exatamente o que o candidato adversário fez ou faz de errado.
Se levantar a sujeira do adversário de debaixo tapete não funcionasse, nos Estados Unidos, onde existe a mais longeva e mais consolidada Democracia, os candidatos só falariam amenidades. Mas, não é nada disso que acontece por lá. Basta acompanhar as eleições primárias do Partido Democrata, para constatar as fartas que Barak Obama e Hilary Clinton vivem trocando.
Campanha política não é um momento em que os partidos devem organizar apenas comícios festivos, ou para usar o horário eleitoral gratuito para falar das propostas de governo, que raramente são cumpridas. Campanha deve servir, sim, para mostrar o que um determinado grupo político pretende fazer, se chegar ao poder. Porém, um dos maiores objetivos de uma campanha eleitoral é desnudar o adversário. Se você sabe que seu adversário é ladrão e tem como provar isso, precisar fazer o eleitor saber quem é e o que faz seu concorrente.
Mostrar os defeitos do concorrente é um dever de cada um dos políticos que disputam um cargo eletivo, sobretudo para o Poder Executivo. Se alguém sabe que seu adversário tem falhas de caráter que podem colocar em risco a administração da coisa pública, denunciar isso é uma obrigação. Quem não tem coragem de agir assim, que não se meta na vida pública.
Você, eleitor, gostaria de saber que ajudou a eleger um determinado candidato, o qual ao chegar ao poder só cuidou de se locupletar? Claro que não! Pior do que isso, só mesmo você ficar sabendo depois, que o adversário sabia de muita coisa, mas não falou, porque não queria fazer campanha falando mal do outro. No caso, ele foi covarde e conivente.
É preciso ter em mente que quando votamos em um candidato, sobretudo para o Poder Executivo, estamos sinalizando que confiamos na pessoa que escolhemos. Confiamos tanto, que entregamos a chave do cofre em suas mãos. Nesse cofre está o nosso suado dinheiro, fruto dos impostos que pagamos diariamente por meio de tudo que consumimos ou usamos. Então, imagino que ninguém, em sã consciência, queira entregar a adminstração do galinheiro a uma raposa. E para que isso não aconteça, caso não se conheça direito os candidatos é necessário que todos eles sejam desnudados no decorrer da campanha política.
Campanha política não deve servir para caluniar adversários, mexer com a vida particular dele, de sua família ou para fazer ilações sobre fatos inverídicos. Candidato que faz isso é mau caráter e tem que ser reprovado nas urnas, pois, se chegar a se eleger, nada de bom pode-se esperar dele. Assessor que usa esse tipo de expediente é tão mau caráter quanto o candidato para o qual trabalha.
É verdade que às vezes a maioria pode ser enganada por um belo discurso de um candidato que o eleitor pensa conhecer bem, mas não conhece, pois tem gente que só revela o que realmente é quando lhe é dado poder ou dinheiro. Lembram do Fernando Collor, que se elegeu presidente com bravatas e levantando fatos da vida particular do então candidato Luis Inácio Lula da Silva?! Pois é, seus adversários não sabiam muita coisa sobre ele; a maior parte dos eleitores também não tinha lá muitas informações daquele moço impetuoso. O final da história todos conhecem.
Então, vamos parar com essa hipocrisia de que em campanha política os candidatos só devem falar dos seus projetos de governo. É fundamental que façam isso de forma clara e objetiva, mostrando metas exeqüíveis, pois quem não tem se quer um plano de governo escrito, não pode querer governar com eficiência. Contudo, uns têm que mostrar com clareza o que os outros são, sem sofismas. O resto é conversa fiada.
Jota Parente - Jornalista - Editor Chefe
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