Wagner Arouca - A sobrevivência é um termo que sempre esteve ligado à conduta humana. Aliás, dos animais e plantas também. Estas últimas precisam da luz do sol e, na disputa, esticam-se ou enrolam-se umas nas outras para botar sua cabecinha sempre acima das outras competidoras. Os animais travam verdadeira luta de vida e morte em busca do alimento, caçando-se mutuamente. Ou seja, estão permanentemente criando estratégias de caça e sobrevivência, vencendo sempre os mais astutos e menos preguiçosos.
Qualquer semelhança conosco não é mera coincidência. Passamos grande parte de nosso tempo sob pressão, que é o chamado estresse, o inevitável. Faz parte dos nossos tempos modernos. Mas, podemos reduzi-lo, melhor ainda, transformá-lo numa oportunidade para mudar completamente nossas vidas. Como se diz na linguagem da sabedoria popular: "levanta, sacode a poeira e da à volta por cima". Todos temos dentro de nós um arsenal de recursos que herdamos para resistir aos impactos da vida. Fomos feitos para resistir, ainda que pareça demais somos capazes de resistir.
A evolução da humanidade nos fez assim, não se render nunca, lutar sempre.
O estresse não vem apenas dos fatos da vida, mas do modo como os interpretamos. Às vezes, uma unha encravada é muito pior do que a perda de um ente querido, por exemplo; o mesmo problema pode ser visto em sentido de forma diferente, por diferentes pessoas. Depende de como cada um trabalhou o seu "dom" para resolver as questões da vida. Para uns tudo é muito fácil de superar, enquanto que para outros o impacto dos obstáculos e das dificuldades é quase insuportável. Veja os exemplos do nosso dia-a-dia. Enquanto alguns ficam chorando pelos cantos, mesmo que justamente, outros estão empenhados em achar soluções e abrir novos negócios, reformando suas lojas, fazendo promoções, treinando seus funcionários, etc. Ou seja, vêem as mudanças mais como oportunidade do que como ameaça. E, sobretudo, diante da derrota ou da frustração nunca perde a esperança.
Não estou dizendo que é fácil, sei o quanto é difícil mudar os hábitos de pensar e agir principalmente em nossa cultura que é bastante tolerante. Por exemplo, nós latinos, desde pequenos somos pegos no colo quando choramos enquanto que crianças européias não. Eles vivem numa sociedade onde a resistência é maior, ou seja, uma dor de cabeça ou uma frustração causada por um insucesso devem ser enfrentadas e superadas sozinhas.
Li outro dia que nossos anticorpos e hormônios protetores começam a baixar rápida e assustadoramente sempre que perdemos nosso equilíbrio e harmonia internos. Com o inverso também ocorrem mudanças, pois nosso sistema imunológico atua melhor quando maior é a sensação de controle em situações que antes eram temidas. Podemos até dizer que para evitar doenças é necessário estar sempre motivado a fazer coisas, correr riscos e exercitar o controle de situações adversas. Parece que acabei de dar "vida longa e sadia" aos colegas J. Parente e Jadir que aplicaram o que foi dito acima para alcançar êxito no seu grandioso e maravilhoso desafio pela América do Sul.
Finalizando, é preciso aprender que coisas, resultados ruins são normais e necessários na vida; ver e avaliar as coisas com menos ansiedade reduz o estresse. Não estou dizendo como cada um deve agir, apenas sei que dentro do "buraco" tudo é mais difícil.
Peça ajuda, conselhos, converse, ouça, leia, enfim, nunca, nunca, nunca desista!
Feliz Natal e um realizador 2009!!
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* Wagner Arouca é empresário e articulista do Jornal do Comércio. Este artigo foi publicado na edição 76, que circulou na véspera de Natal.
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