terça-feira, abril 21, 2009

Ubaldo, 80 anos hoje...

no blog do amigo Jeso, que meu saudoso amigo Ubaldo Corrêa estaria completando 80 anos de idade, hoje, se estivesse vivo. Ele morreu há 13 anos em Brasília, em pleno exercício do mandato de deputado federal.

Ao ler a nota do Jeso, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a forma como conheci pessoalmente, e como comecei a conviver com Ubaldo. Então, resolvi contar aqui essa história.

O ano era 1985. Mês de março. Eu era coordenador de programação da Rádio Rural de Santarém, cargo que herdei de meu grande amigo Santino Soares.

Estava eu, tranquilo em minha casa, na Avenida Sérgio Henn (ainda Avenida Mararu, naquela epóca), quando Benedito Guimarães, que era amigo muito próximo de Ubaldo e também era meu amigo, chegou para fazer-me uma visita.

Lá pelas tantas, depois de jogarmos muita conversa fora, Bené entrou no assunto.

"Olha, Parente. Eu estou aqui, em nome do Ubaldo, para te convidar para assumir a gerência da Rádio Tropical, que é a rádio dele, a qual vai ser inaugurada em maio. E não quero um não como resposta", disse ele.

Pois minha resposta é não, respondi eu. Não quero conversa com esse homem, de jeito nenhum.

Minha recusa se devia ao fato de minha família ser do PSD e Ubaldo da UDN, nos anos 50 e começo dos anos 60. Naquele tempo, partido político era pior do que time de futebol. Quando a gente era de um lado, não queria nem saber de quem era do outro.

Não satisfeito com a recusa, Bené pediu para o Antônio Cardoso reiterar o convite. Novamente, respondi que não queria conversa com aquele homem.

Quando eu pensava que já estava livre daquele assédio, eis que o Bené chegou em casa novamente. E foi logo dizendo:

"Parente, que vim aqui como teu amigo. Eu ainda não falei para o Ubaldo que tu não queres trabalhar com ele. Então, peço que não me deixes nesta situação embaraçosa. Pelo menos, vai lá e conversa com ele. Se não quiseres, não ficas, mas, ao menos vai conversar, se não, vou ficar com a cara no chão".

Tá bom Bené, eu vou, mas é só porque tu estás insistindo. Por mim, eu não iria, de jeito nenhum!

No dia seguinte, lá fui eu conversar com o Dr. Ubaldo, como era respeitosamente tratado.

Chegando lá, fui logo recebido por ele, que muito amável, formulou o convite para que eu fosse o primeiro gerente da Rádio Tropical, explicando que eu teria carta branca. Além disso, o salário que ele me ofereceu era melhor do que eu ganhava na ocasião. Gostei da conversa e do tratamento que ele me dispensou. A impressão anterior caiu por terra.

Aceitei o convite e saí de lá para a Rádio Rural, a fim de conversar como a direção da emissora, para comunicar minha decisão de mudar de casa.

Fui, fiquei três anos e meio e alicercei uma grande amizade com o Dr. Ubaldo e com seu filho, meu querido amigo Rui Corrêa.

Portanto, nesta data em que se comemoraria o 80º aniversário de Ubaldo Corrêa, lembro dele, não como um ex-patrão, mas como um amigo muito sincero e leal. Guardo dele as melhores lembranças de uma boa convivência que tivemos.

Um comentário:

  1. Jeso Carneiro11:39 AM

    Esse é o estilo Ubaldo Corrêa: o da sedução. Poucos, muito poucos, tinham (tem) o seu estilo.

    Adorável o teu relato, Jota. Parabéns!

    Jeso Carneiro

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