Artigo de Marilene Parente, na edição 99, que vai circular amanhã
Dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Mais que isso: os 100 anos da instituição dessa data. No centenário do Dia Internacional da Mulher, devemos comemorar as conquistas e vitórias já alcançadas pela luta feminista. A data oferece uma oportunidade para refletirmos sobre o lugar ocupado pela mulher na sociedade ocidental, principalmente, no Brasil.
Especialmente a partir das lutas travadas na década de 70, os direitos das mulheres – de existir com dignidade, de ter uma propriedade, de ter acesso à educação e ao trabalho, de votar e ser eleita, de ser dona do seu próprio corpo, de viver livre de violência e em igualdade de condições com os homens – foram em maior ou menor medida reconhecidos.
No Brasil as mulheres já são 51,3% da população, por causa da maior mortalidade masculina adulta, sobretudo entre negros e à queda de mortalidade feminina relacionada à gravidez, parto e pós-parto. Entretanto, apesar de todos os avanços, o trabalho doméstico continua sendo a principal ocupação das mulheres brasileiras. De novo, esse dado é muito maior entre as mulheres negras, a maioria delas trabalhando na informalidade. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, nós mulheres trabalhamos cinco horas por semana a mais que os homens.
Os papéis de homens e mulheres já não se vinculam mais apenas à sexualidade e sim à condição humana e suas circunstâncias. Ser homem e ser mulher não distingue mais por si só a prontidão para papéis conjugais. Atribuir à mulher o papel de cuidar apenas do lar e ao homem o de prover o sustento da família, não é só um modelo arcaico que remonta às origens do processo civilizatório, como soa hoje em dia como algo ridículo.
Apesar dos desafios, registram-se muitos avanços. Nós mulheres conseguimos elevar nossa taxa de escolaridade, e nos últimos anos observa-se uma tendência, ainda que lenta, da diminuição da diferença entre os salários pagos a trabalhadores e trabalhadoras.
Outro aspecto que já melhorou, mas há ainda muito que avançar é quanto à violência contra a mulher. Ainda existem percentuais elevados de violência doméstica contra a mulher. Mas, verifica-se que uma importante mudança cultural vem ocorrendo desde a entrada em vigor da Lei Maria da Penha. O relatório global do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) classificou essa legislação como uma das três mais avanças para enfrentar a violência contra a mulher no mundo inteiro.
Ainda temos um longo caminho a percorrer até chegar ao sonhado dia em que nenhum homem levantará a mão para bater numa mulher. Ainda vai demorar um pouco para homens e mulheres terem salários equiparados. A gente sabe que a perfeição é um objetivo inatingível, mas, enquanto houver vida temos que tentar alcançá-la.
Ainda falta muito para que a maioria dos homens entenda quanto é importante participar da divisão das tarefas domésticas, mesmo que só seja possível nos finais de semana. Ainda vai demorar para que todos eles saibam o quanto é cansativo o dia a dia de uma dona de casa. Muitos chegam extenuados do trabalho, e acham que mulher não fez nada, que só ficou em casa, que só eles se cansam. Ajudar em casa melhorar até a relação do casal.
Termino este artigo pedindo aos homens que o lerem, que reflitam sobre a importância da mulher em sua vida, começando pela mãe e estendendo-se à sua companheira. No Dia Internacional da Mulher, no dia do aniversário da sua cara metade, faça mais que apenas dar os parabéns e um beijinho. Se você fizer um exame consciência sincero e ao final concluir que precisa melhorar o modo de tratar sua mulher, ou as mulheres em geral, não se envergonhe, mude de atitude. Você vai ver que a vida vai melhorar e você se sentirá mais leve.
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