domingo, setembro 18, 2011

César fala ao JC sobre seu projeto político

O vereador César Aguiar (PR), a voz solitária da oposição na Câmara, é o segundo entrevistado da série que o Jornal do Comércio está fazendo com pré-candidatos a prefeito em 2012. Há duas semanas ele esteve em Belém para conversar com o vice-prefeito da capital Anivaldo Vale, presidente do PR. César reafirma o que já dissera ao blog do Jota Parente: não será candidato a vereador na eleição do ano que vem, em hipótese nenhuma.

JC – Como foram as conversas com o presidente do PR em Belém?

César – Considero que foi um sucesso a viagem a Belém, na qual estive acompanhado do empresário Antônio Polia, cujo objetivo era fechar uma etapa importante para o PR de Itaituba. Na vida tudo deve ter um planejamento para curto, médio e longo prazo. Na política não é diferente. Cumprimos uma etapa importante junto à direção do partido em Belém, de definir que o PR está determinado a ter candidatura própria a prefeito na eleição do ano que vem.

Em maio passado tivemos uma reunião com o ex-prefeito Roselito Soares, presidente do partido em Itaituba e outros membros do PR, tendo chegado à conclusão de que era preciso marcar posição com um pré-candidato a prefeito deste município. Meu nome foi sugerido e aprovado por unanimidade naquela ocasião. A partir dali passei a manter contato com amigos e simpatizantes da sigla para sentir a reação das pessoas. Houve uma aceitação muito boa da idéia por parte da sociedade de se apresentar um projeto alternativo ao que está aí.

É fundamental a gente ter a garantia dos partidos em nível de Belém. Por isso fomos conversar com o presidente Anivaldo Vale, o qual nos deu garantiu de que o partido tem autonomia no município para fazer coligações e sobretudo para ter uma candidatura própria, afirmando que não corremos o risco de ter alguma surpresa de parte dele no próximo ano.

JC – Continua de pé a decisão de não ser mais candidato a vereador?

César – Eu reafirmo que não desejo mais ser candidato a vereador, em hipótese alguma, por considerar que está concluído meu ciclo no legislativo. Só tenho a agradecer aos que me deram essa oportunidade. Com apenas cinco anos morando em Itaituba consegui eleger-me pela primeira vez e na última eleição fui o segundo mais bem votado. Da primeira para a derradeira eleição tive um aumento de 150% dos votos, sempre obtendo votações expressivas, mas, agora chegou a hora de encabeçar outro projeto no qual tenho certeza que teremos êxito pela identificação que temos de contestação do governo do prefeito Valmir Climaco, ao qual o PR tem feito oposição pelo modelo que apresenta e sobretudo pela reprovação que o mesmo tem tido por parte da população de Itaituba.


JC – Nos meios políticos fala-se que o senhor estaria cavando uma vaga de vice...

César – O PR tem legitimidade para pleitear uma candidatura própria para prefeito de Itaituba, legitimidade em razão de que nós estávamos no exercício do poder. Como todo mundo sabe, foi-nos tomado esse poder através do PMDB. E o projeto que nós estávamos desenvolvendo foi-nos tirado bruscamente. Então, nós acreditamos que pelo nosso posicionamento temos, sim, condições de apresentar uma candidatura própria para prefeito. Reitero que, nem eu nem o partido estamos buscando ocupar um espaço pensando em ser vice de ninguém. O partido sabe muito bem o que quer.

Está mais do que claro que o PR não tem mantido nenhum tipo de acordo, ou conversações políticas com o atual governo do prefeito Valmir Climaco. O PR é o partido que melhor se identifica como oposição ao governo municipal. Isso nos credencia para colocar um nome do partido para apreciação.

A gente tem um projeto político que estamos executando dentro do planejado. Comparando com uma escada, subimos um degrau de cada vez, evitando queimar etapas. Até agora está dando certo, porque o que a gente planeja tem tudo para dar certo.

JC – Sabe-se que não é apenas o senhor que espera contar com o apoio do ex-prefeito Roselito Soares. Que tipo de compromisso ele assumiu com sua provável candidatura a prefeito?

César – A condição de presidente da Comissão Municipal do PR, por si só já responde a essa pergunta, além do fato de termos iniciado essa jornada com o aval e o incentivo dele. Temos mantido contato, ao menos, semanalmente, para tratar dos assuntos políticos de Itaituba. Eu acredito que a relação história que nós temos com a carreira política de Roselito, na condição de líder de seu governo, tendo me filiado ao Partido da República a pedido dele, tudo isso me dá a certeza de que nós poderemos estar juntos na eleição municipal de 2012.

JC – Roselito foi cassado pela Justiça, acusado de crime eleitoral. Além disso, não mora mais em Itaituba. Isso não poderá prejudicar uma futura candidatura sua durante a campanha?

César – Eu acredito que não. Basta relembrar os fatos. Quem entrou com representação não foi o Ministério Público, que investigou aquele episódio (ocorrido no dia 7 de agosto de 2010) e não encontrou nada que pudesse contaminar o processo das eleições (na distribuição de cestas básicas na SEMDAS). Quem entrou com representação foi o PMDB, depois do resultado das eleições. E aqui na cidade onde os fatos aconteceram, a Justiça mandou arquivar o processo, o qual quando foi para Belém, o atual prefeito gastou fortunas com os melhores advogados do Estado do Pará, os quais fizeram um trabalho no sentido de prevalecer a cassação do então prefeito Roselito Soares. A partir daí as pessoas sabem como as coisas transcorreram. Portanto, eu acho que a eleição de 2008 foi legítima, com o resultado de uma larga diferença em favor de Roselito, tendo a população avaliado positivamente a forma de governar representada por ele, em detrimento da proposta apresentada pela segunda vez por Valmir Climaco. Para mim isso foi uma aberração, uma forçada de barra por parte do atual gestor, que não teve paciência para esperar o momento certo.

JC – Mas, recorrer à Justiça não era um direito de Valmir Climaco, independentemente da iniciativa do Ministério Público, ou não?

César - Sim, era um direito. Mas, as coisas deveriam se encaminhar pela iniciativa do Ministério Público, que é um órgão isento, e que fiscalizou o processo. Considero que foi mais um caso político do que jurídico.

JC – Além de um projeto político, o senhor tem alinhavado algum projeto administrativo?

César – Sim. Na medida em que eu aceitei o desafio colocado por meu partido, eu tenho em mente as linhas gerais dos princípios fundamentais para o sucesso de uma administração. Desejo garantir a participar popular através do diálogo com a população, que deve eleger as demandas principais de curto e médio prazo. Ter respeito pelo cidadão. O ser humano tem que estar em primeiro plano em qualquer administração que se preze. Eu contesto a maneira do atual gestor, que em determinados momentos trata a Prefeitura como se fosse uma de suas empresas, como se ele fosse o dono da Prefeitura. No meu entendimento isso representa um desrespeito para com o cidadão e para com as instituições.

Um dos princípios que a gente defende é um planejamento eficiente, porque só existirá sucesso se a gente pensar Itaituba em longo prazo, pois eu tenho certeza absoluta que em dez ou quinze anos este município dobrará sua população em razão do que nós temos visto em relação ao porto de Miritituba, ao asfaltamento da BR 163 e da BR 230, a valoração dos produtos minerais e florestais, o complexo de hidrelétricas do Tapajós, mais diretamente a de São Luis e para isso a gente precisa ter planejamento, precisa valorizar o profissionalismo e, sobretudo, valorizar o servidor público. Hoje, a Prefeitura não tem um engenheiro civil ou um arquiteto em seus quadros. Como se pode falar em construção, em projetos, se a Prefeitura não tem um profissional desse nível?

Precisamos entender que Itaituba é um município pólo, que deve exercer uma liderança em relação aos demais municípios desta região. É de fundamental importância para o nosso desenvolvimento tratar da construção da estrada que ligará Itaituba a Juruti, onde está a Alcoa, uma das maiores mineradoras do mundo, que não tem ligação com o Centro Sul do Brasil, o que passará a acontece na hora que essa PA estiver construída. Isso facilitará a ida do linhão de Tucuruí até Juruti. Para Itaituba, essa estrada representará uma saída para o Rio Amazonas, o que será estratégico para nós.

JC – Itaituba não tem precipitado as campanhas eleitorais cedo demais?

César – Realmente, Itaituba tem fugido à regra da maioria dos municípios paraenses com relação à sucessão municipal. Vários fatores fazem com que isso aconteça. Mas, deve prevalecer a maturidade política. Hoje, temos um prefeito que quer ser candidato à reeleição, sendo fundamental que nós que temos interesse de apresentar um projeto de oposição, entendamos que até 11 de Dezembro estejamos focados na agenda do momento, que é a criação dos estados do Tapajós e do Estado do Carajás. 

Todos os líderes partidários devem dar sua contribuição para essa causa, buscando os 100% para o SIM na nossa região, fazendo o dever de casa, sem esquecer-se das estratégias para apresentar essa mensagem nas outras regiões, como a região metropolitana de Belém, região Nordeste do Estado e Marajó. Isso não nos impede de conversar sobre política, aqui e ali, mas, priorizando a luta pela criação dos dois estados. Neste momento, minha prioridade é o Estado do Tapajós. Não podemos deixar esta oportunidade passar.

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