domingo, setembro 18, 2011

Entrevista com a pré-candidata Eliene Nunes

     Desde na edição 131 o Jornal do Comércio iniciou uma série de entrevistas com os pré-candidatos a prefeito. A professora Eliene Nunes foi a primeira. Como já faz mais de duas semanas que essa edição circulou, o que mudou de lá para cá foi a decisão do PSDB de Itaituba, de fechar questão quanto a candidatura própria para prefeito em 2012. Como o blog divulgou com exclusividade, essa decisão aconteceu sexta-feira à noite. Mas, tem muito mais do que apenas isso na entrevista, que o blog publica agora.

Jota Parente
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            Desde que Wirland Freire começou a agitar os bastidores políticos com um ano e meio antes das eleições, nunca mais Itaituba soube o que é começar uma campanha eleitoral no ano do pleito. Por isso, para a sucessão municipal de 2012, os pré-candidatos já se movimentam há algum tempo. E por se tratar de um acontecimento tão importante na vida das pessoas, o Jornal do Comércio inicia nesta edição, uma série de entrevistas com os políticos que, com mandato ou sem mandato já estão se mexendo. A primeira entrevistada é a ex-secretária de Educação, professora Eliene Nunes, que por enquanto continua no PSDB, partido pelo qual deseja disputar a eleição. Embora não tinha dito isso na entrevista, o JC sabe que ela vai esperar somente até o dia 20 de Setembro para definir por qual legenda concorrerá.

JC – Como vai sua atividade pré-campanha, neste momento?

Eliene – Estou conversando muito e ouvindo muito. Mas, quero ressaltar que a pauta do momento é a luta pela criação do Estado do Tapajós. Ainda mais agora que o STF confirmou a decisão do TSE de que o Plebiscito será em todo o Pará. Isso significa que nós vamos ter que trabalhar muito mais. Com referência à eleição, existem muitos pré-candidatos e nós temos conversado sobre isso. É natural que seja assim, mas, está chegando a hora de serem tomadas algumas decisões com referência aos partidos. Tenho conversado em Belém, tenho conversado aqui com algumas pessoas e nós temos o prazo para tomar uma decisão até o dia 7 de outubro. Há muita gente ansiosa por causa disso. 

            Eu gostaria muito de continuar no PSDB, de concorrer ao cargo de prefeita por esse partido do qual gosto muito, sendo o único ao qual me filiei até hoje. Eu acredito que exista essa possibilidade, sim, apesar do nosso deputado federal Dudimar Paxiúba ter colocado seu nome à disposição. Vamos continuar conversando para que se chegue a um denominador comum para o bem de Itaituba. 


JC – A senhora estabeleceu uma data limite para que o PSDB lhe defina como a candidata do partido a prefeita?

Eliene – Eu estive em Belém semana passada, onde conversei com algumas pessoas do partido, exatamente a respeito dessa data. Embora a data limite seja 7 de Outubro, não se pode esperar até a última hora, até porque precisamos filiar algumas pessoas que pretendem candidatar-se ao cargo de vereador, gente que está indecisa no momento.        

             Essas pessoas querem saber onde eu vou estar, em que partido estarei. Eu vou retornar em breve a Belém para ter essa resposta. Não existe uma data definida, mas, assegurou que antes do dia 30 de Setembro eu terei essa resposta para a população.

            Atualmente sou membro da Comissão Provisória, juntamente com o deputado federal Dudimar Paxiúba, que é o presidente. Se for vontade dele disputar a eleição, eu não vou criar uma guerra dentro do partido em busca da indicação. Isso seria ruim para o partido e para o município. Se na data limite não houver consenso, eu não terei outra opção, a não ser mudar de partido. 

            Uma coisa que a direção do PSDB tem muito bem definida é que o partido vai ter candidato próprio na eleição de 2012 em Itaituba. Com quem eu converso em Belém dentro do partido, as pessoas me dão muita força. Mas, vai ter que ser decidida essa situação, pois não dá para ficar sem uma segurança. Assim como alguns dirigentes de Belém já disseram que querem que eu seja a candidata do PSDB, outros já devem ter dito a mesma coisa ao deputado Dudimar. Por isso, é preciso definir essa questão com muita antecedência.

JC – A senhora já recebeu convites de outros partidos para se filiar a algum deles. Quem lhe procurou abrindo-lhe as portas?

Eliene – Eu quero agradecer aos dirigentes o PSB, PMN, Democratas e do PT, que formularam convites para que eu me filiasse. Porém, independentemente do partido no qual eu esteja, a gente vai precisar de todos esses que eu citei para trabalharmos juntos na campanha de 2012, pensando sempre em Itaituba, antes de tudo. 

JC – Houve uma reunião de oito partidos, que parecem dispostos a formar um grande grupo visando a enfrentar o prefeito Valmir Climaco, caso ele se candidate à reeleição. Alguns desses partidos tem pré-candidatos. Estranharam sua ausência no encontro.

Eliene – A reunião era para presidentes ou representantes de partidos. O nosso presidente, o deputado Dudimar Paxiúba esteve lá. Logo, não havia razão alguma para que eu estivesse na referida reunião. 

JC – A senhora tem algum impedimento de ordem legal que possa fazer com que não possa registrar uma possível candidatura?

Eliene – Nenhum! Ouço muito as pessoas falar sobre isso, mas, eu desafio quem fala a apresentar algum processo, ou mesmo alguma citação. Sabe-se que foi realizada uma fiscalização pela CGU, na Secretaria de Educação, cujo relatório está disponível na Internet. Falam que eu tenho contas reprovadas, mas lembro a quem diz isso, que eu nunca fui prefeita. 

            Eu sempre tive autonomia de fato à frente da Secretaria de Educação, mas, nunca tive autonomia de direito. Ou seja: nunca fui ordenadora de despesas. A Prefeitura tinha um único CNPJ, o que me impedia de assinar qualquer cheque, diferente do que acontecia no tempo em que a professora Maria Alves foi secretária e do professor Valdo Gaspar. Eles foram ordenadores de despesas, pois a secretaria tinha seu próprio CNPJ. Eles respondiam pelas licitações e por todos os processos dentro da pasta da Educação.

JC – A CGU detectou sete situações de irregularidades em procedimentos da Secretaria de Educação no final de sua gestão. Nunca houve nenhuma citação para a senhora?

Eliene – Aconteceu o seguinte: a CGU esteve em Itaituba no mês de Abril de 2010, justamente no momento em que nós estávamos naquela situação de sai não sai, cassa não cassa. Quando o prefeito Roselito Soares foi cassado, e por conseguinte o então prefeito Sílvio Macedo foi junto, nós saímos do governo. A CGU ainda não tinha colocado na Internet o que considerou erros e nós não tivemos como responder. Vai chegar o momento em que nós seremos citados para dar esclarecimentos do caso. 

            É muito importante explicar que a CGU usa uma tabela de licitação para materiais de construção baseada em preços de Brasília. Nós usamos a tabela do Estado do Pará, cujos valores são maiores por razões óbvias. Como é que a gente vai construir uma escola no Crepurizão com os valores de Brasília! Nem com os preços da cidade de Itaituba isso é possível, porque o material vai daqui. 

            Nós fizemos esse questionamento aos auditores quando estiveram aqui. Nem a administração anterior, nem a atual, nem tampou a que virá consegue cumprir esse item referente ao metro quadrado de obra, com preço de Brasília. Temos os comparativos do tempo do governo dos ex-prefeitos Wirland Freire e Roselito Soares e temos os do governo de Valmir Climaco. Os números provam que nenhum governo vai conseguir cumprir essa exigência, praticando preços de Belém, muito menos de Brasília. Não existe super faturamento. O que há essa é divergência.

JC – O que a senhora acha desse número elevado de pré-candidatos a prefeito?

Eliene – Esta será a primeira eleição que eu deverei disputar como candidata. Mas, pelas observações feitas do que tem acontecido ao longo dos anos, acho que é normal isso que está acontecendo; normal para o momento. No decorrer do processo, alguns desses nomes deverão se apresentar como boas opções para vice. Tenho convicção de que não serão todos esses que se colocam hoje, cabeças de chapa. Na minha visão, teremos três, ou no máximo quatro candidatos a prefeito em Itaituba. 

JC – Existem contatos freqüentes, seus, com o ex-prefeito Roselito Soares? Já há algum compromisso acertado entre vocês visando à campanha do ano que vem?

Eliene – Já faz alguns dias que a gente não conversa, mas, eu acredito que possa contar com o apoio do ex-prefeito Roselito Soares, que continua sendo uma liderança política de peso em nosso município. Ele vai estar presente durante o processo eleitoral do ano que vem e eu espero que seja ao nosso lado, com o nosso grupo.

JC – Que avaliação a senhora faz da atual administração?

Eliene – A situação da administração é desastrosa. Considero que os problemas começam por uma total falta de planejamento do governo municipal. Isso é incompreensível quando a gente olha para a equipe de trabalho e vê que existem pessoas que já trabalham na administração pública há bastante tempo. Temos clareza de que estão perdendo muitos projetos. Falta continuidade em alguns serviços que são iniciados e não são concluídos. 

            O atual governo perdeu dez quadras cobertas para o a área da Educação, por falta de atenção. Não tenho nada pessoal contra a pessoa do prefeito Valmir Climaco. Por sinal, nos tratamos muito bem, com muito respeito. Minhas observações são feitas no sentido da administração. É preciso separar as coisas. Recuso-me a seguir o caminho que alguns preferem, de fazer críticas pessoais.

JC – Sendo o prefeito Valmir Climaco, muito provavelmente, candidato à reeleição e estando a senhora determinada a ser candidata, haverá uma polarização entre essas duas prováveis candidaturas?

Eliene Eu tenho plena consciência disso, assim como tenho consciência de que a política é uma atividade muito dinâmica e às vezes volátil. Muita coisa que está colocada hoje poderá estar completamente diferente amanhã. Todavia, como eu penso que o prefeito será candidato e eu estou disposta a também disputar a eleição, essa polarização poderá, sim, acontecer. Por essa razão, tenho que trabalhar para aglutinar forças para nossa campanha, pois o prefeito já deve estar fazendo isso. 

JC – Tem gente do meio político que diz que a senhora é candidata de si mesma. Qual é seu grupo político?

Eliene – Eu sou do grupo do PSDB. Enquanto não houver uma definição dentro do nosso partido, se será o deputado federal Dudimar Paxiúba, ou a professora Eliene Nunes, eu não posso responder corretamente a esta pergunta. Existem muitas pessoas querendo participar deste momento, junto comigo. Mas, ainda existe insegurança. Se eu disser, hoje, que meu grupo político é esse ou aquilo, eu estarei correndo o risco de fragmentar o partido. Mas, no momento em que houver essa definição, eu direi quem faz parte do meu projeto, do meu grupo. Cada coisa no seu tempo. Apesar dessa indefinição, tenho uma agenda cheia de compromissos.

JC – Sente-se preparada para encarar esse desafio?

Eliene – Sinto-me preparada para enfrentar todos os desafios que terei pela frente, seja dentro do PSDB, seja tendo o desafio de mudar de partido, assim como o desafio de enfrentar uma eleição tendo encarando todos os adversários, incluindo o prefeito, no pleno exercício do cargo. Sei da responsabilidade que isso representa. Não é fácil encontrar pessoas de todos os setores da comunidade dizendo que confiam em mim. Isso é bom, mas, quem encara a administração pública com responsabilidade, pesa nos ombros. Mas, não tenho medo de desafios.

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