A última entrevista a um jornal foi concedida por João Crente ao Jornal do Comércio, na penúltima edição, número 150 do JC, que circulou dia 3 de dezembro.
Numa modesta, mas, justa homenagem a esse bom exemplo que nos deixou ontem, o blog reprisa a seguir, matéria do Jornal do Comércio.
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João Crente sai decepcionado com a política
O
vereador João Pereira dos Santos, mais conhecido como João Crente, vive seus
últimos dias como parlamentar. Vereador mais bem votado em 2004, por vontade
própria deixou de concorrer a um terceiro mandato, com grandes chances de se
eleger. Na conversa que teve com a reportagem do Jornal do Comércio, ele disse
que sai decepcionado com a política, pois quando decidiu lançar-me na vida
pública, esperava poder trabalhar bem mais do que tem sido possível.
“Não
tenho nenhum sentimento de revolta. Estou saindo tranquilo da Câmara com a
decisão que tomei juntamente com as pessoas que sempre me acompanharam. Houve
uma pequena resistência, mas, mantive minha decisão porque achei que tinha
chegado a hora de parar, porque eu não alcancei os objetivos que almejava quando
eu me candidatei e me elegi pela primeira vez.
Pensava
em ajudar a agricultura, que embora seja um setor importante da nossa economia,
apresenta muitos problemas por causa da falta de atenção das administrações. Pensava,
também, em fazer alguma coisa pelo esporte, pelo qual tenho grande carinho.
Tirei dinheiro do bolso para atender a uma ou outra necessidade, mas, não era
isso que eu desejava. Essas coisas foram me desestimulando e me decepcionando
quando vi que o vereador tem muitas limitações. O papel do vereador é muito
aquém do que eu imaginei.
Vereador
não executa obras. O que pode fazer é apresentar requerimentos, que são apenas
sugestões para o Executivo realizar, ou não. Na maioria das vezes os pedidos
não são atendidos. No meu caso, tive diversos requerimentos que eu sei que
tratavam de coisas de interesse do povo, mas, poucos foram adiante. Como
vereador, muitas vezes tirei dinheiro do bolso para atender alguns pedidos do
esporte, assim como na área da saúde. Meu carro tem sido a ambulância da minha
região incontáveis vezes, pois eu já fazia isso antes de ser vereador ”, disse
João Crente.
Tratando
especificamente das demandas da agricultura, João Crente cita a questão das
vicinais. Ele é grande conhecedor dos problemas que os produtores rurais
enfrentam por falta de estradas para escoarem sua produção. Sabe o vereador que
a falta de assistência técnica é outro problema que precisa ser resolvido para
melhorar a produtividade no campo. Entretanto, sem vicinais trafegáveis tal
assistência não tem como ser viabilizada. Lembra ele que quando chegou a
Itaituba, em 1996, ainda havia uma produção expressiva de gêneros alimentícios
como arroz, feijão e milho.
“O
vereador só é valorizado quando é preciso votar alguma matéria de interesse do
Poder Executivo. Nessa hora, é tapinha nas costas e tudo mais. Depois que
passa, volta tudo como é, sem a devida valorização do vereador. Na hora que a
gente precisa de apoio para levar alguma coisa para as comunidades, viram as
costas. Aí a gente passa por mentiroso e fica em situação difícil diante de
pessoas que a gente apoia e que apoiam a gente,” afirmou João Crente.
Quando
foi oposição, no caso na primeira gestão de Roselito Soares, João Crente diz que conseguiu mais benefícios para as
comunidades para as quais fez pedidos, tanto na recuperação de estradas, quanto
no esporte. Naquele período, quando a prefeita eleita Eliene Nunes era a
secretária de educação, ele diz que foi atendido em muitos pleitos.
Por
muitos anos João Crente e Valmir Climaco tiveram uma amizade que parecia
sólida. Entretanto, na eleição municipal de 2012 o vereador afastou-se de
Valmir, apoiando Eliene. Ele afirma que Valmir falava antes de virar prefeito,
que quando assumisse o cargo faria do distrito de Campo Verde e região um
canteiro de obras. Mas, não foi isso que aconteceu.
“Em
algumas ocasiões o prefeito Valmir Climaco faltou com a verdade para comigo.
Pela frente dizia uma coisa, mas, por trás apoiava gente que tinha sido contra
ele e contra eu. Isso me chateou muito. Ele passou entregar máquinas para
pessoas que nada tinham a ver conosco. Pelo contrário, era gente que trabalhava
contra, como o pessoal da Madelâmina, por exemplo. Então, houve alguns motivos
para que eu me decepcionasse muito com a política, mas, o maior de todos foi o
comportamento de Valmir Climaco como prefeito. Essa decepção me fez apoiar
Eliene Nunes para prefeita” disse ele.
João
Crente confirma que recebeu convite para fazer parte do governo que vai assumir
em primeiro de janeiro de 2013. Entretanto, diz que prefere esperar que isso
seja oficializado, embora seu nome tenha sido lembrado até mesmo para
secretário de infraestrutura, ideia que não prosperou. Mas, é bem cotado para
ocupar uma diretoria na mesma secretaria, alguma coisa ligada ao interior,
provavelmente.
Questionado sobre se
pensa em voltar a ser candidato a vereador novamente, algum dia, o vereador
garante que isso não faz parte de seus planos. Pode ser que trabalhe apoiando
alguém nas próximas eleições, apesar de reconhecer que não deu sorte com os candidatos
a deputado que apoiou. Trabalhou para José Megale, que se elegeu, mas, foi
oposição ao governo de Ana Júlia; ajudou Josefina Carmo, mas, também não
conseguiu nada por meio dela para as comunidades com as quais trabalha.
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