Aconteceu na tarde de hoje, no plenário da Câmara Municipal,
a esperada audiência pública a respeito do transporte fluvial e rodoviário
entre Itaituba e Santarém. Mas, foi o problema das viagens de barco e lancha
nesse trecho que tomou conta.
De
Belém vieram alguns importantes diretores da ARCON, a começar pelo diretor
geral, Antônio Bentes de Figueiredo Neto. Além dele, estiveram presentes a
advogada Ana Cristina, procuradora jurídica, Américo Castro Ribeiro, ouvidor e
Antônio Valdez, gerente de hidroviário.
O chefe
de gabinete da prefeita Eliene Nunes, representando a mesma que se encontrava
em Uruará, César Aguiar, lembrou que há dez anos houve uma audiência pública
com esse mesmo fim, num momento em que a situação nessa linha era crítica, com
inúmeras reclamações. Na época esteve aqui o diretor da ARCON, Ronaldo Barata,
que já morreu.
César
disse que não houve avanços daquele tempo para os dias de hoje, pois ainda
existem barcos que estão nessa linha desde a década de 1980. Muitos ganharam muito
dinheiro, compraram barcos maiores e mais confortáveis, mas, colocaram para viajara
para outras cidades. Ele também falou que é preciso rediscutir esse modelo que
está em vigência, com treze embarcações fazendo a viagem nesse trecho.
O
vereador Isaac Dias, solicitou a audiência pública, afirmou que os passageiros
são tratados como mercadoria por muitos donos de barcos. Não há nenhum tipo de
respeito pelas pessoas. Ele reclamou do fato de não ser respeitado o direito do
passageiro, que estava escrito num folder da ARCON, de comprar a passagem com
até sete dias de antecedência.
Outra
reclamação do vereador foi quanto ao fato que ele disse que existe, de o
passageiro comprar a passagem para um determinado barco, mas, na hora da saída,
o barco disponibilizado é menor e menos confortável. Isso, naturalmente em
Santarém.
O
advogado Eliezer Soares fez sérias acusações. Começou dizendo que deu entrada
numa denúncia no Ministério Público Estadual, em junho do ano passado, mas, até
o momento não tinha recebido nenhuma respostas.
Ele
citou o fato de saírem três barcos na década de 1980, enquanto hoje sai apenas
um e continuam sendo os mesmos barcos. Falou da falta de higiene que predomina
em muitas embarcações e ressaltou que as pessoas tem medo de denunciar.
Eliezer
citou um episódio ocorrido ano passado, quando ele reclamou de um dono de barco
sobre um determinado problema. Isso, no terminal hidroviário de Itaituba. O
homem saiu resmungando, dizendo que o advogado falava demais e que por isso
poderia acabar com uma bala na cabeça.
Depois,
se pronunciou o empresário Sebastião Lima, proprietário do barco motor
Natureza, que começou dizendo que a ARCON credenciou cada embarcação dessas.
Disse que tem se esforçado para prestar um bom serviço em sua embarcação.
Quando ele entrou na linha eram apenas cinco barcos, o que possibilitava um bom
faturamento. Foi nessa época que ele conseguiu fazer os maiores investimentos
em seu negócio. Depois entraram mais seis barcos e mais tarde, mais dois.
Dava para
fazer até seis viagens por mês, no começo. A linha era rentável, lembrou Sabá.
Hoje não há como fazer investimentos. Ele afirmou que a ARCON tem grande responsabilidade
por essa situação. Eximiu a atual diretoria de qualquer tipo de culpa, mas, não
poupou diretorias passadas.
A
professora Antonieta Lima denunciou e pediu providência contra um abuso que
consiste em alguns donos de barcos dificultarem ao máximo a viagem gratuita de
idosos, mesmo dentro da cota estabelecida. Mas, se a pessoa pedir para pagar
meia passagem é autorizada na hora a viajar.
Sete
vereadores da Câmara Municipal de Aveiro estiveram presentes, dois dos quais se
pronunciaram, reclamando do fato de que muitas vezes o barco não para naquela
cidade, nem em Brasília e Fordlândia, deixando as pessoas em situação difícil,
pois muitas vezes tem coisas para resolver na cidade de destino, principalmente
rumo a Santarém.
César
Aguiar voltou a falar, tocando na questão das lanchas serem muito barulhentas e
desconfortáveis. Disse que existem alguns donos de barcos que se destacam pela
grosseria. Lembrou que existe o Sebastião Lima, que trata muito bem seus
passageiros, mas, na outra ponta existe uma senhora que comanda um barco, cujo
apelido é Pit Bull, alcunha que já dá bem uma ideia de como ela trata quem
viaja em seu barco.
O
promotor público Manoel Adilton disse ao advogado Eliezer Soares, que sua
denúncia foi encaminhada para a ARCON em 10 de outubro do ano passado. O
pessoal do órgão ficou calado. Disse que muitos barcos diminuem a velocidade
para gastar menos combustível, demorando mais tempo para chegar ao destino
final.
O bom
tratamento dispensado por Sebastião Lima e por sua tripulação foi destacado por
alguns dos que falaram. E isso não se deveu ao fato dele ser o único
proprietário de barco presente. Esse é um fato de largo conhecimento de todos
aqueles que tiveram oportunidade de viajar no barco Natureza, desde sempre,
durante esses dezoito anos em que ele está nessa linha. Os demais donos de
barcos ou lanchas não apareceram.
No
final foi informado pela direção da ARCON, que o grupo técnico do órgão deverá retornar
a Itaituba até a metade de abril. Tudo que foi dito hoje foi gravado e será
levado para Belém.
O diretor geral, Antônio Bentes
ficou de dar um retorno com medidas para solucionar. Ele sussurrou ao ouvido do
presidente da Câmara Wescley Tomaz, que não vai ter jeito, a ARCON vai ter que
abrir licitação para novas embarcações poderem concorrer a essa linha.
É óbvio que se isso acontecer,
mesmo, ocorrerá um processo quase natural de seleção, pois, se houver mais de
um barco saindo no mesmo dia e hora, a concorrência fará com sobreviva quem
oferecer o melhor serviço, seja no tocante ao conforto e rapidez, como também
na qualidade do tratamento dispensado aos passageiros, pelo dono e por sua tripulação.
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