Por Manuel Dutra
A província garimpeira do Tapajós/Jamanxim e afluentes, a maior do
Brasil com mais de 28 mil quilômetros quadrados, produziu entre os anos
de 1980 e 1989 um total de 256,9 toneladas de ouro, sendo 76,9 toneladas
comercializadas oficialmente, com notas fiscais, e 180 toneladas
descaminhadas, ou pelo contrabando ou por negócios de pequeno e médio
porte não contabilizados pelo fisco. O tamanho dessa área é o oficial,
autorizado por lei federal, no entanto, a garimpagem se estende por
cerca de 100 mil quilômetros quadrados, à revelia da lei, segundo
estimativas confiáveis.
EVASÃO
Estes negócios compreendem a evasão pura e simples, assim como a troca
de poucas gramas por mercadorias, realizadas pelos trabalhadores
garimpeiros, até a aquisição de objetos mais caros efetuados, em geral
com volumes de ouro não muito significativos no varejo, mas
representativos no volume geral do descaminho.
Tanto o contrabando como estes negócios laterais desviaram mais da
metade de todo o ouro produzido a região sob influência do Rio Tapajós.
Esta estimativa faz parte de pesquisa do Departamento Nacional de
Produção Mineral, o DNPM, referente àquele período. Do total produzido
nas grotas, barrancos e nos leitos dos rios e igarapés naquela década,
percebe-se que a produção anual foi de cerca de 26 toneladas.
Com a queda acentuada dos preços do metal no mercado mundial, ao lado de
medidas econômicas do governo brasileiro daquele período, os garimpos
desta região amazônica tiveram uma redução drástica de suas atividades,
que recomeçaram vorazmente de 2010 para cá, justamente na trila do
aumento também acentuado da cotação do ouro, cujo grama está hoje (20
maio 2013) a 96 reais.
De janeiro de 2010 e agosto de 2012, a cotação do ouro no mercado
internacional saltou de 900 dólares para 1.800 dólares a onça (uma
onça/ouro equivale a 31 gramas). Aí está uma das explicações da entrada
maciça da garimpagem industrial nas águas do Tapajós e seus afluentes.
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