sexta-feira, julho 25, 2014

‘Não vamos morrer’, disse pai ao filho em noite à deriva no Rio Amazonas

Eles ficaram cerca de 15 horas à deriva após naufrágio 

de embarcação. Para sobrevivente, tragédia reforçou 

importância do uso de colete salva-vidas.


G1 Santarém - O pescador Fabiano de Souza Albarado, de 33 anos, contou em entrevista à TV Tapajós como ele e o filho Samuel Lucas, de 6 anos, sobreviveram cerca de 15 horas à deriva no Rio Amazonas, em Monte Alegre, oeste do Pará. A noite sem dormir e sem comer, a espera de socorro junto ao filho foi difícil. Eles tiveram que enfrentar o medo e suportar o frio. “Ele dizia ‘ papai eu não quero morrer’ eu dizia pra ele ‘meu filho, você não vai morrer, nós não vamos morrer’, acalmando. Ele é um guerreiro”, relatou.

Pai e filho sobreviveram ao naufrágio de uma bajara, que aconteceu durante um temporal por volta de 15h30 de segunda-feira (21), enquanto atravessavam o rio com a mudança da família. Segundo Fabiano, eles ficaram a noite toda à deriva agarrados apenas a uma tampa de isopor. Por causa da escuridão, as embarcações que passavam por eles não ajudaram. Eles foram localizados por um pescador às 6h da manhã desta terça (22), próximo ao município de Prainha, também no oeste paraense.

“De longe eu escutei a zoada de uma rabeta. O motor veio se aproximando e quando eu avistei eu fiquei em pé dentro da embarcação que naufragou e chamei eles, que ficaram meio assustados, eu acho que pensando que seria até ladrão. Aí o menino [Samuel] se levantou   e eles viram que eu estava com criança e chegaram lá comigo e eu contei a situação pra eles e imediatamente me ajudaram e levaram para om município de Prainha”, descreveu o sobrevivente.

A maior preocupação de Fabiano era com o filho. Ele tinha medo de enfrentar um novo temporal com a criança dentro da água. “Fiquei com medo de duas coisas. Do lloyd [navio] e do temporal. Até que do lloyd a gente poderia até escapar, mas do temporal não”.

Para Fabiano, a tragédia reforçou a necessidade do uso de colete salva-vidas.
“Quando esse pessoal da capitania vem, muito de nós, muitas das vezes até eu ficava com raiva. É muito difícil você ver alguma pessoa nesse rio passar com colete salva-vidas, só lembra do colete quando acontece isso que aconteceu comigo e eu não desejo isso para ninguém”, concluiu.

Samuel ficou abalado com a experiência e com dificuldade para se alimentar. Ele está sendo acompanhado por uma psicóloga e aos poucos retorna a sua rotina.


Colaborou Josiane Freitas, da TV Tapajós.

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