Por Josias de Sousa
A
grande novidade das útimas pesquisas eleitorais é a ausência de grandes
novidades. No novo Datafolha, os pesquisados ajustaram a moldura. Mas não
alteraram a paisagem. Sobe daqui, oscila dali o essencial é o seguinte: há um
mês, Dilma tinha 34% contra 32% de todos os seus rivais somados. Agora, há um
empate: Dilma 38% X 38% rivais de Dilma. Ou seja: mesmo sob o clima da Copa,
cresceu a chance de a partida ser prorrogada para o segundo turno.
De
resto, o que há é o mesmo desejo majoritário de que algo mude a partir de 2015.
Um desejo à procura de um candidato que o personifique. Mal comparando, é como
se o eleitor estivesse na posição do meio-campista que lançou a bola na grande
área e espera que algum craque faça o gol. E espera. E espera. E espera… Na
falta de algo menos pior, Dilma sobressai.
As
coisas ficaram fáceis para os candidatos. Aécio e Campos podem passar o dia falando
mal de Dilma e repetindo que, eleitos, vão baixar a inflação, elevar o PIB,
cortar ministérios e remendar a ética. E Dilma pode desperdiçar o seu tempo
declarando que só ela representa a mudança segura, a única capaz de avançar sem
melecar os ganhos sociais. E nada disso terá a menor importância.
Até
agosto, a inflação deve furar o teto da meta, batendo em 6,6%. Com sorte, recua
para 6,4% antes do Natal. O Banco Central acaba de rebaixar sua previsão de
crescimento anual do PIB de 2% para 1,6%. Antes do Ano Novo pode chagar a 1%. A
oferta de empregos é declinante.
Em
janeiro de 2015, começa um novo mandato presidencial. A satanização de Dilma e
a demonização dos seus rivais não levarão a inflação para o centro da meta, não
reacenderão as caldeiras da economia nem salvarão os empregos. O que ganha
eleição é a esperança, não raiva ou medo.
Por enquanto, o eleitor está
bocejando e andando para a eleição. Natural. Dois espetáculos não cabem no
mesmo palco. E a hora é da Copa. Mas logo, logo as pessoas vão prestar atenção
nos candidatos. Convém a Dilma, Aécio e Campos extrair dos gamados um dos seus
mais óbvios e sábios ensinamentos: não se olhe pra trás na hora de chutar em
gol.
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