O fato do deputado Dudimar Paxiúba
não ter conseguido renovar o seu mandato também representa uma grande derrota.
Só, que além da derrota pessoal do deputado, ela se estende ao município de
Itaituba e toda a região Sudoeste do Pará. Nunca em seus mais de 150 anos de
história, a palavra Itaituba foi tantas vezes positivamente pronunciada na
tribuna da Câmara Federal, pois Dudimar tem defendido por inúmeras vezes
questões de interesse do município. Eu repeti diversas vezes, que Itaituba só
iria saber o quanto vale um deputado federal, se perdesse Dudimar. E perdeu.
Pará
– Não é que o Pará tenha saído dividido da eleição, porque isso já aconteceu há
muitas décadas. O Pará saiu ainda mais dividido do que já estava. De nada
adiantou o esforço do governador Simão Jatene para tentar aplacar a ira de
eleitores de diversos municípios das regiões Oeste e Sul do estado, que votaram
maciçamente contra ele. Foi assim em Santarém, em Uruará, em Alenquer, em
Oriximiná, em Marabá, em Parauapebas e tantos outros. O governador contemplou
alguns desses municípios com muitas obras, mas, não deu resultado.
Jatene dividiu ainda mais o estado
quando se posicionou totalmente contra a criação dos estados do Tapajós e do
Carajás, no plebiscito. E não cabe aqui uma análise a respeito disso, mas, da
questão de uma separação que a elite de Belém promoveu há muitas décadas, pois
os governantes do Pará, assim como sua elite econômica, tratam o Oeste como
almoxarifado onde podem buscar a qualquer hora a matéria prima que precisam
para suas indústrias, enquanto a elite política da capital vem aqui buscar os
votos que precisa.
O governador reeleito tem se
mostrado vingativo quando alguém não faz os seus gostos. Na primeira entrevista
que concedeu após o segundo turno da eleição, ele disse à Folha de São Paulo,
que essa história de quererem dividir o estado é coisa de gente maluca e de
safados. Ora, Jatene não ajudou em nada a melhorar a relação entre a parte do
Pará que deseja sua autonomia política e a capital. Só piorou as coisas e
dividiu ainda mais o estado. Vamos ver como ele se comporta quanto a essas
regiões, quando se iniciar o segundo mandado em janeiro do ano que vem.
Brasil
– Confesso que fiquei preocupado como cidadão, nos primeiros dias após a
eleição. A desconfiança que se lançou sobre o resultado do segundo turno da
disputa para a presidência da República, em nada contribuiu para solidificar
mais a democracia no país. Reconhecidamente, o Brasil tem um dos mais seguros
sistemas eleitorais do mundo inteiro. Não é perfeito, mas, ao longo desses anos
todos tem sido aprimorado e se mostrado confiável.
Chegou a ser uma atitude
irresponsável do deputado federal e advogado Carlos Sampaio, do PSDB de São
Paulo, que entrou com um recurso pedindo uma auditoria completa das urnas.
Felizmente, ele foi aconselhado dentro do seu próprio partido a maneirar, tendo
gente graúda se apressado a declarar que o partido do candidato Aécio Neves não
estava colocando em dúvida o resultado da eleição, nem a confiabilidade do
sistema utilizado pelo TSE. Houve até manifestações de radicais que nada tem a
ver com o PSDB, que foram para as ruas pedir a volta de ditadura. As maiores
lideranças do partido declaram para a mídia que essa maluquice não contava e
nem contaria com seu apoio, o que foi uma ducha de água fria nesse movimento.
O PSDB, garantiu Aécio Neves em seu
primeiro discurso após a eleição, vai fazer oposição cerrada ao governo da
presidente Dilma Rousseff. E é bom que o faça, porque o primeiro mandato dela
tem deixado muito a desejar. A economia do país empacou, as projeções de
crescimento o PIB só fazem diminuir, o parque industrial brasileiro está
sucateado, a inflação ameaça fugir ao controle, de vez em quando, e a gente
vive uma situação de arrocho, com ameaça de crise braba pairando sobre nossas
cabeças.
Dilma decepcionou o
país ao demorar a agir contra casos gravíssimos de corrupção, alguns deles estão
entre os maiores que já foram vistos na nossa história, como é o caso do
escândalo da Petrobras. A presidente dá sinais de que vai ser mais ágil e vai
fazer diferente no segundo mandato. E é exatamente isso que o Brasil espera
dela. Quem votou em Dilma, ou em Aécio, quer mais é que ela acerte, porque é
aqui que a gente vive, e torcer contra ela, é torcer contra nós mesmos.
*Publicado na edição 190, do Jornal do Comércio, que
circulou quinta-feira passada
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