‘A destruição dos povos, das florestas e dos
rios da bacia do Tapajós (além do próprio, estão o Jamanxin, o Teles Pires, o
Juruena que formam a bacia do grande rio) está proposta pelos projetos do PAC.
Ao todo são planejadas cerca de 24
barragens, de médio e grande porte. Além de ser um desastre dos maiores
já vistos no planeta em termos de hidroelétricas, as consequências serão
irreversíveis. Fauna, flora, espécies de peixes a desaparecer, inundação
gigantesca de florestas (apenas no Parque Nacional da Amazônia, que a
presidente Dilma criminosamente desafetou com uma Medida Provisória, foram 10
mil hectares de florestas a serem inundadas, gerando alto grau de gás metano
fortemente poluente).
Quem pode ficar indiferente diante desses
crimes sociais, ecológicos e humanitários? Os ministros do Supremo Tribunal
Federal? Estes não estão preocupados com as desgraças da Amazônia, o importante
é o crescimento econômico do país; o ministério das Minas e Energia? Este
pessoal tem compromissos não publicáveis, que impedem terem responsabilidade
para com as mudanças climáticas; a presidente reeleita que chegou a pedir votos
dos povos indígenas prometendo cuidar das necessidades deles? Pura balela! Para
a senhora Dilma, “o que tem que ser feito será feito, doer em quem doer”. A ordem
é, suspensão de Segurança, resquício da ditadura militar ainda em voga no
governo Dilma.
Mas quem não está e nem vai ficar indiferente
são os povos ameaçados da bacia do Tapajós. Seis municípios serão diretamente
atingidos pelas desgraças, caso as hidroelétricas de São Luiz, Jatobá, Chacorão
e mais quatro no rio Jamanxim, forem construídas. Indiretamente todas as
comunidades do entorno da bacia do grande rio serão gravemente prejudicadas,
entre as quais o povo Munduruku, com suas 120 aldeias e doze mil seres humanos
da etnia.
Uma boa parte dessas populações já decidiu
que vai resistir até impedir os desastres, pois estes militantes sabem que não
é justo gerar energia hidráulica para atender empresas e interesses do outro
Brasil, a custa das desgraças aos povos tradicionais da Amazônia. Várias
organizações sociais se formaram para resistir, em Jacareacanga, Itaituba,
Aveiro, Trairão, Rurópolis, Santarém, como também os guerreiros Munduruku.
Tentam através de diálogos, manifestos, exigências de respeito por parte do
governo. Mas estão amadurecendo a compreensão de que, se o governo não aceita
diálogo sério como exige a convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho, as várias organizações partirão para pressões mais fortes.
No próximo dia 27 deste mês, cerca de 1.000
militantes de várias organizações sociais estarão reunidos na comunidade de São
Luiz do Tapajós para uma demonstração de força e aviso ao governo federal, de
que é preciso respeitar os direitos humanos de todos os brasileiros e não apenas
das empresas e dos funcionários do Estado.
Uma ação político religiosa será realizada,
com a presença de quatro bispos da Amazônia, presidindo uma santa missa. Em
seguida um ato público com presença de lideranças Munduruku, Comissão Pastoral
da Terra, Movimento Tapajós Vivo (MTV), Movimento dos atingidos por barragens
(MAB), Pastoral Social de Santarém, Associação Munduruku Pahihi do Médio
Tapajós, Associação Munduruku Pussuru do
alto Tapajós, associação Munduruku guerreiros do alto Tapajós; Ministério
Público Federal, estudantes universitários e várias entidades que defendem o
rio Tapajós e apoiam as caravanas e o ato público.
Ao final do dia, um manifesto será lido e
assinado pelas dezenas de entidades presentes e cópias serão enviadas ao
Supremo Tribunal Federal, à presidente Dilma, Ministério das Minas e Energia,
ao órgão de direitos humanos da ONU e da OEA e à mídia nacional e internacional.
Estão confirmadas presenças de um canal de televisão francesa, cinegrafistas da
Holanda e Alemanha, jornalistas de São Paulo, Mídia de Santarém e Itaituba.
A intenção dos organizadores do evento e dar
um recado firme ao governo brasileiro de que na região do Tapajós existem
pessoas, comunidades e povos que estão dispostos a lutar em defesa da vida e
que não temem as ameaças de exército e Força nacional, quando seus direitos
estão em jogo. A força da união organizada e estratégica vale mais do que helicópteros e fuzis. “Verás que um filho teu
não foge à luta...”. Para os militantes do Tapajós a Esperança vai vencer o
medo da humilhação do governo, dito democrático, mas que usa Força nacional
para calar os povos da Amazônia.
Padre
Edilberto Sena, coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém e
militante do Movimento Tapajós Vivo
*Publicado na edição
190, do Jornal do Comércio, que circulou quinta-feira passada
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