quarta-feira, dezembro 03, 2014

Impeachment, só em casos extremos. Agora, soa como golpismo

Sem conseguir me identificar com nenhum dos atuais partidos, pois minha simpatia partidária era direcionada ao MDB, e mais tarde, durante algum tempo, o PMDB, enquanto o partido ainda não havia substituído do PFL, agora DEM, no fisiologismo, votei em Aécio Neves no segundo turno. Não que eu ache que ele possa vir a ser algum dia, o governante do sonho dos brasileiros. Minha decisão foi muito mais, por causa da falta de vergonha do atual governo, misturado com muita incompetência diante de tantas denúncias comprovadas de práticas de corrupção que assolam este país desde sempre, mas, que chegou às raias do absurdo.
A presidente Dilma ganhou a eleição, sem que se possa levantar suspeitas a respeito da lisura do processo eleitoral brasileiro, que hoje é artigo de exportação. Só alguns afoitos do PSDB se apressaram em tentar justificar a derrota, colocando em cheque o nosso sistema eleitoral. Felizmente, dentro do próprio partido, vozes respeitadas levantaram-se contra as acusações levianas, e não se falou no assunto por muito tempo, morrendo por inanição.
Agora surgem muitos irresponsáveis contrários ao governo, que defendem a derrubada da presidente Dilma, pegando carona no inferno astral pelo qual o governo dela passa. São pessoas que não querem nem saber o que vai acontecer com o país, se essa onda viesse a pegar, pois para mim, seja quem for que defenda essa tese é irresponsável e inconsequente.
O senador Aécio Neves, que vem se transformando em um exemplo de radicalismo até então desconhecido, ainda não disse que quer o impeachment porque ele sabe que estaria patrocinando essa causa, na condição nome mais forte da oposição, neste momento, cujas consequências seriam imprevisíveis. Mas, pelo comportamento que tem demonstrado, se a onda pegasse, ele surfaria nela, sem nenhum constrangimento.
O avô de Aécio, Tancredo Neves, foi um exemplo de exercício da máxima que diz, que política é a arte de transigir. Neste momento, Aécio caminha na direção contrária ao que praticou seu avô, passando por uma metamorfose para se transformar em um político intransigente. Talvez, empolgado com a votação que teve, pense que essa radicalização fará bem para sua saúde política, o que eu duvido.
Estou com o Jô Soares, contra essas declarações que tem sido feitas por alguns nomes da grande mídia, incluindo expoentes do jornalismo da Globo, que querem ver o circo pegar fogo. O pessoal do quanto pior, melhor, como Merval Pereira, de O Globo, toda a porca revista Veja, da qual, com muito orgulho deixei de ser assinante em 1992, após a palhaçada que enlameou a biografia de um político correto, então presidente da Câmara Federal, Ibsen Pinheiro, e muitos setores da grande mídia, forçam a barra tentando conseguir, sem êxito, até agora, a mobilização das ruas, contra o governo.
Jô, homem culto, ponderado, vivido, diz que um processo de impeachment neste momento, seria catastrófico para o Brasil. Eu acho a mesma coisa e vou além: já que a presidente Dilma obteve a maioria dos votos válidos, nas urnas, que a vontade do eleitor seja respeitada. Assim deve ser em uma democracia que caminha para completar três décadas de restabelecida.
Para suprema decepção dos golpistas de plantão, as maiores lideranças das nossas forças armadas já deixaram bem claro que não pensam como esse pessoal que deseja ver a ordem institucional ser quebrada a qualquer custo.
Regime de exceção, nunca mais! Impeachment de quem quer que seja, somente se não houver nada mais a ser feito para colocar ordem no país, o que não é o caso do momento.
Diante de todo o mar de lama em que o país está mergulhado nos dias atuais, que as nossas instituições democráticas façam tudo que tem que ser feito. Quem tiver que ir para a cadeia, que vá. Mas, pelos caminhos da legalidade, nunca pela imposição de alguém, ou de grupelhos, como querem alguns.
Desculpem aqueles que acessam este modesto blog, que pensam diferente de mim. Não pretendo cooptar ninguém para o meu lado; apenas, é o desabafo de um cidadão que viveu nos tempos da ditadura, tendo experimentado as agruras de viver sem liberdade. Só quem nunca foi privado desse bem tão essencial ao ser humano, pode defender a maluquice da volta do totalitarismo.


Jota Parente 

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