domingo, fevereiro 08, 2015

Geração de alienados e idiotas

           Marilene Parente - Chamou minha atenção a frase de autoria de Albert Einstein, publicada na edição passada, do Jornal do Comércio: “Tenho medo do dia em que a tecnologia vai se sobrepor à interação humana. O mundo terá uma geração de idiotas.” Albert Einstein. O dia chegou!
            Na primeira edição do ano, meu artigo foi dedicado a um problema crescente que atinge principalmente crianças e adolescentes, que é a robotização por causa do uso desregrado das novas tecnologias, que podem e devem ser ferramentais de grande ajuda no desenvolvimento dos seres humanos em formação, mas, que no caso de excesso, causa muitos malefícios, como diz a neurocientista inglesa, Susan Greenfield, cuja entrevista achei importante publicar no espaço do  meu artigo, como o fiz.
            Pois bem, estamos assistindo muito mais do isso, pois se por um lado existe o problema do uso excessivo de computadores, jogos eletrônicos, tablets e celulares por parte da criançada, não é menos preocupante a ‘idiotização’ de milhões de pessoas de todas as faixas etárias por motivos semelhantes.
            É comum vermos pedestres caminhando com o olho grudado no celular, sem olhar para ninguém ou para coisa alguma. Ciclistas pedalam lendo mensagens ou interagindo no whatSaap. E o que dizer de motoqueiros, que pilotam com uma mão, enquanto com a outra operam o celular, sem contar motoristas irresponsáveis que dirigem falando ao telefone móvel.
            Estamos virando robôs, controlados por máquinas, em vez de controlá-las. Já não dedicamos mais tempo para conversar, nem mesmo dentro de casa, onde cada um costuma tem um telefone celular e, em um lugar onde moram quatro ou cinco pessoas, em muitos momentos faz-se silêncio total, porque cada um se ocupa de fazer alguma coisa no seu celular, deixando de lado a interação humana, esfriando a relação familiar.
            Outro dia em parei em uma lanchonete. Pouco depois chegou um pai com três filhos, cada um com um potente aparelho celular. Enquanto eu fazia meu lanche, interagindo com minha família, observei com atenção o comportamento daquela família. Ninguém falava com ninguém, porque estavam todos, inclusive o pai, extremamente ocupados em passar e receber mensagens em alguma rede social. Pareciam quatro pessoas que não se conheciam. Eu, que já tinha opinião firmada sobre essa questão, passei a as ter minhas convicções ainda mais fortalecidas. Na nossa casa, de comum acordo entre mim e meu marido, estabelecemos que o uso da tecnologia para fins lúdicos tem hora. Meu filho Parentinho tem acesso a tudo que é possível dessa parafernália moderna, mas, está sendo orientado a não se transformar em mais um robô humano, estabelecendo-se para ele horários para isso.
            Conheço alguns casos de pais que para se verem livres dos filhos, desde muito pequenos, às vezes até bebês, entregam aparelhos móveis em suas mãos pelo tempo que desejarem. Pior ainda é o caso dos que permitem que os filhos tenham acesso à internet sem nenhum tipo de controle sobre o que estão vendo.
            Há poucos dias tomei conhecimento de um fato que foi parar na polícia. Uma mãe descobriu no celular de um filho que ainda ia fazer quinze anos, um mensagem com uma foto de uma menor de doze para treze anos, completamente pelada. A foto foi tirada pela própria menor, a hoje muito popular selfie, incitando o jovem a fazer sexo com ela. A mãe registrou o caso na polícia e procurou o Conselho Tutelar pedindo as providências cabíveis, porque sabe o que vai acontecer em breve, se nada for feito: uma gravidez indesejada.

            As novas tecnologias devem, sim, ser usadas por todos, seja para aumentar o conhecimento, para bate papo, para entretenimento, para troca de mensagens de toda sorte e para um montão de fins. O que não se pode permitir é que elas nos tornem robôs humanos, incapazes de interagir com o nosso semelhante, mesmo com aquele que está ao nosso lado, ou pior ainda, mesmo dentro de nossos próprios lares. Zumbis, que vagueiam pelas ruas sem rumo, é nisso que a nossa geração está se transformando. Eu não quero isso para mim, nem parra minha família. E você?

Na edição 194 do Jornal do Comércio, circulando

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