Marilene Parente - Chamou minha atenção a frase de
autoria de Albert Einstein, publicada na edição passada, do Jornal do Comércio:
“Tenho medo do dia em que a tecnologia vai se sobrepor à interação humana. O
mundo terá uma geração de idiotas.” Albert Einstein. O dia chegou!
Na primeira edição do ano, meu
artigo foi dedicado a um problema crescente que atinge principalmente crianças
e adolescentes, que é a robotização por causa do uso desregrado das novas
tecnologias, que podem e devem ser ferramentais de grande ajuda no
desenvolvimento dos seres humanos em formação, mas, que no caso de excesso,
causa muitos malefícios, como diz a neurocientista inglesa, Susan Greenfield,
cuja entrevista achei importante publicar no espaço do meu artigo, como o fiz.
Pois bem, estamos assistindo muito
mais do isso, pois se por um lado existe o problema do uso excessivo de
computadores, jogos eletrônicos, tablets e celulares por parte da criançada,
não é menos preocupante a ‘idiotização’ de milhões de pessoas de todas as
faixas etárias por motivos semelhantes.
É comum vermos pedestres caminhando
com o olho grudado no celular, sem olhar para ninguém ou para coisa alguma.
Ciclistas pedalam lendo mensagens ou interagindo no whatSaap. E o que dizer de
motoqueiros, que pilotam com uma mão, enquanto com a outra operam o celular,
sem contar motoristas irresponsáveis que dirigem falando ao telefone móvel.
Estamos virando robôs, controlados
por máquinas, em vez de controlá-las. Já não dedicamos mais tempo para
conversar, nem mesmo dentro de casa, onde cada um costuma tem um telefone
celular e, em um lugar onde moram quatro ou cinco pessoas, em muitos momentos
faz-se silêncio total, porque cada um se ocupa de fazer alguma coisa no seu
celular, deixando de lado a interação humana, esfriando a relação familiar.
Outro dia em parei em uma
lanchonete. Pouco depois chegou um pai com três filhos, cada um com um potente
aparelho celular. Enquanto eu fazia meu lanche, interagindo com minha família,
observei com atenção o comportamento daquela família. Ninguém falava com
ninguém, porque estavam todos, inclusive o pai, extremamente ocupados em passar
e receber mensagens em alguma rede social. Pareciam quatro pessoas que não se
conheciam. Eu, que já tinha opinião firmada sobre essa questão, passei a as ter
minhas convicções ainda mais fortalecidas. Na nossa casa, de comum acordo entre
mim e meu marido, estabelecemos que o uso da tecnologia para fins lúdicos tem
hora. Meu filho Parentinho tem acesso a tudo que é possível dessa parafernália
moderna, mas, está sendo orientado a não se transformar em mais um robô humano,
estabelecendo-se para ele horários para isso.
Conheço alguns casos de pais que
para se verem livres dos filhos, desde muito pequenos, às vezes até bebês,
entregam aparelhos móveis em suas mãos pelo tempo que desejarem. Pior ainda é o
caso dos que permitem que os filhos tenham acesso à internet sem nenhum tipo de
controle sobre o que estão vendo.
Há poucos dias tomei conhecimento de
um fato que foi parar na polícia. Uma mãe descobriu no celular de um filho que
ainda ia fazer quinze anos, um mensagem com uma foto de uma menor de doze para
treze anos, completamente pelada. A foto foi tirada pela própria menor, a hoje
muito popular selfie, incitando o jovem a fazer sexo com ela. A mãe registrou o
caso na polícia e procurou o Conselho Tutelar pedindo as providências cabíveis,
porque sabe o que vai acontecer em breve, se nada for feito: uma gravidez
indesejada.
As novas tecnologias devem, sim, ser
usadas por todos, seja para aumentar o conhecimento, para bate papo, para
entretenimento, para troca de mensagens de toda sorte e para um montão de fins.
O que não se pode permitir é que elas nos tornem robôs humanos, incapazes de
interagir com o nosso semelhante, mesmo com aquele que está ao nosso lado, ou
pior ainda, mesmo dentro de nossos próprios lares. Zumbis, que vagueiam pelas
ruas sem rumo, é nisso que a nossa geração está se transformando. Eu não quero
isso para mim, nem parra minha família. E você?
Na edição 194 do Jornal do Comércio, circulando
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