Jota Parente - Para onde caminha Itaituba? Que futuro
estamos construindo para quem vier depois de nós? Vamos continuar servindo
apenas de almoxarifado de quem vem aqui somente em busca dos nossos recursos
naturais? Quando é que vamos agir como uma comunidade que entende o sentido
etimológico da palavra e age como tal? Ou será que isso nunca vai acontecer com
a gente?
Um amigo meu gosta de dizer que
Itaituba cresce porque cresce. Pedi para ele me explicar o que pretende dizer
com isso, e não se fez de rogado: ‘olha, Parente, o que acontece é que este
município tem crescido por conta do Deus dará. As coisas por aqui acontecem à
revelia de planejamento. Então, quero
dizer que a cidade vai inchando, vai se esparramando, os negócios vão
aumentando de tamanho, mas, isso não se dá como deveria ser.
Outro amigo dileto, e esse eu faço
questão de citar o nome, o geólogo José Waterloo Leal, que conhece muito bem
nossa realidade, porque tem fortes ligações com este município, já tendo sido secretário
municipal por mais de uma vez, afirma que sem planejamento não chegaremos aonde
poderíamos chegar.
Foi bom observar que, semana
passada, o Fórum de Entidades voltou a se reunir para tratar de assuntos de
real interesse do povo de Itaituba, como a questão da proibição das operações
das companhias aéreas que tinham voos diários para esta cidade. Parecem ter
sido reuniões produtivas, nas quais os participantes demonstraram maturidade
para discutir questões relevantes, com a intenção de colaborar para que se
encontre uma solução, em vez de um ficar apontando o dedo para o outro na busca
por culpados.
As tais das picuinhas, que fomentam
atraso, parecem ter sido as responsáveis pelo esfriamento das atividades do
Fórum de Entidades, porque foi afirmado que havia gente tentando tirar partido
político do trabalho que estava em andamento. Se isso de fato aconteceu, não
teria sido muito mais produtivo levantar o assunto de forma adulta, em uma
reunião, e resolver de uma vez por todas, sem colocar em risco tudo que já foi
feito?
Eu sempre alimentei a esperança de
ver esse Fórum como uma voz forte da comunidade itaitubense, por reunir um
número expressivo de entidades. Parece que houve um considerável
amadurecimento, na medida em que as vaidades estão sendo deixadas de lado,
quando o Fórum de Entidades tem conseguido reunir com representantes do Poder
Executivo e do Poder Legislativo, sem disputa de egos, como em passado
ressente.
Não adianta nossos representantes
fazerem visitas a municípios que tem avançado muito rapidamente rumo ao desenvolvimento,
como Paragominas, Sinop e Lucas do Rio Verde, esperando aplicar aqui o que foi
feito lá, porque cada caso é um caso. Pouco depois da eleição de 2012, a
prefeita Eliene Nunes esteve nesses e noutros lugares, ainda deslumbrada com a
vitória, mas, seja lá porque motivo for, até agora nada conseguiu aplicar por
aqui.
Há coisas que podem ser assimiladas
do sucesso dos outros, como a urbanização de Paragominas, cidade que conheço,
tendo visitado em novembro de 2012. Ocorre que lá naquele município do Sul do
Pará, não se fez tudo do dia para a noite. Trata-se de um projeto que passa de
duas décadas de existência. Tudo que está acontecendo ali, é fruto de um
minucioso planejamento, que em um primeiro momento, passou pela compreensão dos
homens e mulheres endinheirados, que decidiram assumir as rédeas dos destinos
do lugar onde vivem. Eles compreenderam que se trabalhassem juntos na política,
seria melhor para o município. Não precisa muito esforço para se chegar a tal
conclusão.
Que ninguém tenha a ilusão de que
aqueles homens e mulheres de negócios abriram mão dos seus lucros. Pelo
contrário! No poder, com maior visibilidade, inclusive para os olhos da elite
de Belém, alguns deles ampliaram suas atividades empresariais. Teve gente dessa
turma, que teve seu nome aventado até como eventual candidato a governador,
quando se especulava que Simão Jatene não disputaria a reeleição.
Pelo menos, em curto prazo, é
impossível pensar nisso em nível de Itaituba, porque os interesses e os
antagonismos políticos são muito maiores do que qualquer chance de consenso a
respeito dos interesses do município. E aí eu volto a falar do Fórum de
Entidades. Se a gente mal está conseguindo retomar esse movimento que deve ser
suprapartidário, supra religioso, supra tudo, como é que podemos pensar em
juntar as lideranças políticas para planejar e levar a cabo um projeto de
desenvolvimento do município? Está longe o dia
em que isso vai acontecer, se é que vai acontecer algum dia.
Na edição 194 do Jornal do Comércio, circulando.
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