Criar um modelo sustentável para uso da água no setor agrícola e pecuária é o principal objetivo de um grupo de alunos da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), ligados ao Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA). O estudo quer apontar formas mais viáveis para cultivos, a exemplo da soja e da criação de gado, sem a necessidade de gastos demasiados dos recursos hídricos. O grupo é denominado: “Modelos de Gestão e estudo de impactos aos recursos hídricos gerados nas cadeias produtivas da pecuária e da soja no bioma Amazônia”.
O interesse pelo tema surgiu ano passado para responder a demandas ligadas à cadeia produtiva da soja e da pecuária na região, tratando de impactos aos recursos hídricos e buscando modelos de gestão mais sustentáveis e compatíveis com o cenário atual, tanto produtivo quanto ambiental. O grupo conta hoje com 10 alunos, 2 professores e um convênio com a Universidade Positivo de Curitiba, no Paraná, que é referência na área ambiental.
Entre os assuntos estratégicos tratados pelo grupo, estão: recursos hídricos, agronegócio, cadeias produtivas e sustentabilidade. A meta é a produção científica na área e o desenvolvimento de profissionais interdisciplinares, desde a formação da graduação, nas áreas específicas de engenharias e gestão ambiental, para que possam atuar de maneira efetiva no cenário regional.
Para o professor da Ufopa, Urandi Júnior, mestre em Ciências Ambientais, doutorando em Gestão Ambiental e coordenador interino do bacharelado interdisciplinar em ciências e tecnologia das águas, os estudos, que também serão tese de doutorado, devem detalhar que na Amazônia já existe, mesmo de maneira natural, o uso sustentável da água, devido ao clima favorável, que gera muito mais benefícios à agricultura e à pecuária, se comparado a outras regiões produtoras do Brasil.
“Com esses estudos, queremos mostrar que, apesar das críticas sobre situações negativas envolvendo o meio ambiente, nessa região da Amazônia o cultivo da soja e da carne bovina é mais sustentável em relação a outras regiões do País, dentro dos parâmetros estudados pelo grupo. Queremos apontar modelos de irrigação, dos cuidados com a mata e de outras formas para aperfeiçoar os benefícios que já temos, além de criar modelos de gestão e práticas agrícolas. O atual modelo é natural devido ao índice de chuvas que caem na região. O que falta é aperfeiçoar o uso do que já temos por natureza, o que é um desafio para esse grupo de estudantes”.
Ao final, os estudos, além de outros dados, devem apontar a quantidade de água que a pecuária necessita utilizar na criação de cada cabeça de gado e a quantidade de água na irrigação da soja, do plantio à colheita. Os dados serão comparados aos de outras regiões do Brasil e do mundo entre os países produtores de soja e gado.
O novo modelo de gestão para o uso, ainda mais sustentável da água na região, envolve os estados do Mato Grosso e do Pará, incluindo o corredor da BR-163, até Santarém. O modelo deverá ser concluído daqui a dois anos. Por enquanto, a pesquisa está em andamento, com levantamento de dados e realização de visitas de campo em locais estratégicos, de onde estão sendo feitas análises.
Como conclusão do doutorado do Prof. Urandi Júnior, está prevista a publicação de um livro divulgando as tendências do cultivo da soja e da pecuária no Mato Grosso e no Pará.
Albanira Coelho – Comunicação/UFOPA
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