segunda-feira, junho 08, 2015

Postura radical isola Aécio na disputa tucana

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Erros do senador Aécio Neves (PSDB-SP) à frente do PSDB, com sua aposta no 'quanto pior melhor', começam a cobrar seu preço; aos poucos, ele começa a ser descartado na corrida interna dos tucanos para a sucessão presidencial de 2018; "A oposição de hoje será governo amanhã. Portanto, não deve escorregar para o populismo, e, sim, apontar caminhos para superar os problemas acima citados. O fator previdenciário, por exemplo, é indispensável, em longo prazo, para o equilíbrio das finanças públicas", escreveu FHC no fim de semana, criticando os votos de 45 parlamentares pelo fim do mecanismo que reduz despesas com a Previdência; antes de FHC, tucanos paulistas também criticaram a falta de debate interno no PSDB; Aécio agora promete uma 'carta de princípios' do PSDB, mas o jogo de 2018 parece ter como protagonistas o governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra, com o também governador Marconi Perillo correndo por fora.

247 – Oráculo maior da oposição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo que ainda não foi totalmente decodificado. "A oposição de hoje será governo amanhã. Portanto, não deve escorregar para o populismo, e, sim, apontar caminhos para superar os problemas acima citados. O fator previdenciário, por exemplo, é indispensável, em longo prazo, para o equilíbrio das finanças públicas. Se for para mudá-lo, que se encontre um substituto à altura", escreveu o ex-presidente.
A crítica interna tem como alvo os 45 parlamentares do PSDB que votaram pelo fim do fator previdenciário, um mecanismo criado no governo FHC justamente para reduzir os gastos com a seguridade social. Ocorre que os deputados votaram sob o comando do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB–MG), que, desde a derrota na sucessão presidencial, adotou um estilo de oposição implacável, que sinaliza uma aposta no 'quanto pior melhor'. Ou seja: qualquer iniciativa do governo federal tem encontrado oposição ferrenha do PSDB, mesmo quando alinhada com princípios históricos do tucanato.
Essas contradições têm gerado insatisfações internas. Na semana passada, Arnaldo Madeira, ex-secretário da Casa Civil de São Paulo, fez uma dura crítica ao PSDB comandado por Aécio. "Está difícil entender o partido. Em vez de defender conceitos, estamos fazendo uma oposição igual à que o PT fazia contra nós. Agora só falta o PSDB votar contra a Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou. Alerta semelhante também foi feito pelo ex-ministro Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e dono da consultoria Tendências, tradicionalmente alinhada com o pensamento tucano. Segundo ele, o PSDB "virou um partido incoerente". Para o economista, o novo PSDB "imita o antigo PT oposicionista", "vota contra tudo" e "defende ideias que, se aprovadas, lhe cobrarão preço alto caso volte ao governo". Outro militante histórico do PSDB também havia dito que, na gestão Aécio, o PSDB parecia incapaz de apresentar um "projeto de país".
Alckmin, Serra ou Perillo?
A disputa interna no PSDB sinaliza que Aécio vem se isolando, desde que a aposta no impeachment se mostrou fadada ao fracasso. Hoje, até adversários do PSDB, apostam que o senador mineiro não terá condições de se viabilizar como candidato à presidência da República, em 2018. "Na minha opinião, Geraldo Alckmin será o escolhido do campo oposicionista", afirmou Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma Rousseff e ainda um de seus principais conselheiros. "Não dá para excluir o José Serra, pelo seu passado, sua experiência, mas acredito que o embate será mesmo com o Alckmin". 
Favorito na disputa, Alckmin tem feito movimentos para nacionalizar o seu nome. Criticou a posição tucana pelo fim da reeleição (também criada por FHC) e prometeu se unir até ao PT contra a redução da maioridade penal. Serra, por sua vez, tem se concentrado na agenda legislativa e se manteve distante da movimentação pró-impeachment que marcou a gestão Aécio. Assim como ele, o governador de Goiás, Marconi Perillo, outro potencial candidato em 2018, ficou longe dessa marola e foi o primeiro nome da oposição a defender a legitimidade da eleição vencida por Dilma em 2014.
O artigo de FHC no fim de semana sinaliza que Aécio, com seu radicalismo, pode ter sido deixado só, à beira da estrada.

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