Jota Parente - Poeta e dramaturgo alemão, Bertold Brecht
nasceu em 10 de fevereiro de 1898 e morreu em 14 de agosto de 1956. Marxista,
Brecht deixou a Alemanha com a ascensão do nazismo e exilou-se em vários países
(Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e Estados Unidos). É
considerado um dos principais dramaturgos do século XX, com textos que buscavam
reforçar a conscientização política. Já naquele tempo ele falava sobre a
alienação política dos cidadãos, o que continua acontecendo até hoje, apesar de
todo o desenvolvimento, apesar da celeridade com que temos acessos às
informações a respeito dos políticos hoje em dia.
Em seu poema, “Analfabeto político”, ele
sustenta a tese de que o cidadão que se aliena das discussões políticas é o
maior responsável pela vitória dos corruptos e dos maus políticos.
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele
não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e
do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o
imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra,
corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. (Texto extraído do
site Congresso em Foco)
Não se trata aqui, apenas de uma ação de control
C + control V. O objetivo é despertar naqueles que vivem dizendo que odeiam
política, porque político não presta, porque político é tudo ladrão, farinha do
mesmo saco, que só pensa em se dar bem, etc...etc...etc...
Tudo isso tem muito de verdade, mas, toda
generalização é perigosa, pois não existem só políticos ruins. Há muita gente
boa, trigo bom que precisa ser separado do joio. Contudo, o mal tende a ganhar
notoriedade com maior rapidez, principalmente em um país como o nosso, no qual
os casos de corrupção envolvendo detentores de mandato eletivo se sucedem.
Não participar da vida política da sua
associação de bairro, do seu clube, das eleições municipais, estaduais ou de
nível nacional significa que a pessoa lava as mãos para algo que lhe diz
respeito, porque queiramos ou não, praticamente tudo que acontece no dia a dia
na nossa relação com o Estado passa pela política.
Quem diz que não gosta de política, aqueles
que não se interessam por ela, enquadram-se no rol dos analfabetos políticos de
Bertold Brecht. E embora tenhamos todos os motivos de sobra para decepções,
porque a classe política do Brasil está com sua credibilidade rés ao chão, não
vai ser enterrando a cabeça na areia como o avestruz, ignorando os temas do dia
a dia, que vamos contribuir para melhorar a qualidade dos nossos quadros
políticos.
O filósofo Platão, quatro séculos antes de
Cristo, já dizia: Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política;
simplesmente, serão
governados por aqueles gostam. É exatamente o que acontece em cada eleição quando o eleitor deixa de participar, mesmo que seja apenas com o seu voto, que embora sendo único, é determinante para o destino do seu município, do seu estado ou do nosso país.
governados por aqueles gostam. É exatamente o que acontece em cada eleição quando o eleitor deixa de participar, mesmo que seja apenas com o seu voto, que embora sendo único, é determinante para o destino do seu município, do seu estado ou do nosso país.
Batemos no peito e dizemos
que somos um povo bom, pacífico e ordeiro, quando uma pesquisa recente da ONU
nos colocou como um povo violento, vivendo em um país no qual a violência só
faz aumentar. O Estado é incapaz de deter essa onda que nos assusta a todos, e
nós, cidadãos, na maioria das vezes só fazemos lamentar pelos cantos, alienados
do processo político. E sem a nossa efetiva participação, sem cobrarmos pra
valer dos nossos governantes, agindo como analfabetos políticos, em nada
ajudamos a melhorar o nosso Brasil.
Tomemos por base a Reforma
Política que está sendo discutida e votada na Câmara Federal. Os deputados
federais mudaram pouca coisa, até agora. De importante, mesmo, somente o fim da
reeleição para prefeitos, governadores e presidente. Ou seja, mexeram no
Executivo. Quando chegou a hora de mudar alguma coisa no Legislativo, ou cortar
na própria carne, foi deixado tudo como estava. Foram esses caras que nós
mandamos para lá. Da próxima vez vamos prestar mais atenção em quem iremos
votar. Mas, para isso, quanto menos analfabetos políticos houver, melhor serão
as nossas escolhas.
Artigo publica na edição 199, do Jornal do Comercio, que circulou no começo desta semana
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