No dia 13 de agosto de 2013, Dilma Rousseff sancionou a Lei Anticorrupção. Trombeteou-se na época a versão segundo a qual haveria uma onda de probidade no país. Isso porque, nos casos de assalto aos cofres públicos, a nova lei permitiria a punição também das empresas corruptoras, não apenas dos seus executivos. O cerco da Lava Jato às empreiteiras silenciou as trombetas. Entoa-se agora um coro de inspiração ecológica: “antes das baleias, salvem as empreiteiras.”
O governo negocia acordos de leniência que livrem as empreiteiras da proibição de firmar novos contratos com o Estado. E um grupo de deputados trama modificar a lei para impedir que empresas corruptas sejam declaradas inidôneas e excluídas dos negócios estatais. Alega-se que as empresas são grandes e importantes demais para quebrar. Se é assim, haveria uma forma mais eficaz de resolver o problema: em vez de ser comprado pelas empreiteiras, o governo seria administrado por elas, mediante terceirização.
Um governo do cartel das empreiteiras substituiria o governo constitucional com muitas vantagens. Todos as obras públicas seriam, naturalmente, tocadas pelo cartel. O que eliminaria as licitações e a roubalheira que elas ensejam. Congressistas e servidores públicos passariam a receber salários do cartel. Além de não poder mais se vender, teriam de bater ponto.
Não haveria riscos à democracia. A cada quatro anos, o povo seria chamado a eleger uma das empreiteiras do cartel para assumir o comando do país. Camargo Corrêa, Odebrecht, Engevix, OAS, Galvão Engenharia, UTC, Toyo Setal… A abundância de alternativas propiciaria uma sensação de alternância no poder. Com uma vantagem: ninguém poderia acusar as empreiteiras de receber dinheiro delas mesmas para fazer um caixa dois de campanha.
Josias de Souza, em seu blog
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