A advogada Luciane Alves de Oliveira
Pereira nasceu na região do Triângulo Mineiro, de onde a família mudou-se para
o estado de Mato Grosso, fixando residência no município de Tabaporã, onde seus
pais, Lúcio Martins e Ana Maria vivem até hoje, distante cerca de 200 km de
Sinop. Ela vive em Itaituba há alguns anos, mas, só recentemente decidiu fazer
o exame da OAB, no qual foi aprovada, o que lhe motivou iniciar a atividade de
causídica. Ela recebeu a reportagem do Jornal do Comércio em seu escritório,
quando falou a respeito de sua vida e do recente desafio em sua nova carreira.
JC – Como foi sua
infância e os primeiros anos de escola?
Luciane – Eu tive uma
infância muito humilde, mas, muito feliz. Meus pais não tinham recursos
financeiros para proporcionar alguns bens, mas, isso não impediu que a gente
fosse feliz. Foi também de muito trabalho desde cedo. Sempre ajudei meus pais
na roça e na fazenda (ele era capataz). Os meus estudos foram sempre em escolas
públicas, o que eu guardo com muito carinho na minha memória, pois não havia
dinheiro para bancar escola particular. Também não tive possibilidade de fazer
um cursinho preparatório para o vestibular. Fiz o curso de direito na UNIC
Universidade de Cuiabá), em Sinop.
JC – Mesmo diante da
dificuldade de recursos financeiros, você fez seu curso de direito em uma
faculdade particular. Como conseguiu bancar?
Luciane - Meus pais abriram
mão de alguns sonhos, tendo que escolher entre bancar os meus estudos ou
adquirir um bem material. Eles nunca hesitaram, e mesmo com muitas
dificuldades, durante cinco anos bancaram meu curso superior.
JC – Como se deu a
opção pelo Direito?
Luciane – Foi por causa da
busca incessante para ter voz. Desde criança eu tinha esse desejo de fazer as
coisas em prol daqueles que precisam. Nesse sentido, eu continuo alimentando um
sonho, que é fazer concurso para a Defensoria Pública.
JC – Como se deu a
mudança de Sinop para Itaituba?
Luciane – Eu digo que
Itaituba surgiu na minha vida como um presente. Casei em Sinop, e meu esposo
quis vir para cá, porque achava que aqui era uma região promissora. Eu me
adaptei rapidamente; amo este lugar e me considero itaitubense e paraense de
coração.
JC – Embora já esteja
há alguns anos em Itaituba, só recentemente fez o exame de ordem...
Luciane – Exatamente. Fui
muito incentivada por meu marido a fazer o exame de Ordem. Ainda sou recente na
advocacia, mas, no ramo do direito eu trabalho desde 2002 quando eu comecei a
estagiar ainda na comarca de Sinop. Foi em março deste ano que eu consegui
minha carteira da OAB em definitivo.
JC – Itaituba tem um
considerável número de advogados. Tem trabalho para todos?
Luciane – Ao chegar aqui, a
gente constatou que Itaituba é, de fato, uma terra muito promissora.
Independente de haver muitos profissionais na mesma área, cada um fazer o seu
trabalho e se destaca quem tiver um diferencial no atendimento. Temos o embate
da própria profissão, mas, eu tenho sido muito bem recebida pela classe e tem, sim,
espaço para todo mundo, pois cada um respeita o espaço do outro.
JC – A estrutura do
Poder Judiciário favorece o trabalho dos advogados, em Itaituba, ou é preciso
que haja uma melhora?
Luciane – Eu costumo dizer
que nós somos carentes de melhorias. Pode haver melhora e é necessário que
melhore com muita urgência e a OAB tem cobrado isso do Tribunal de Justiça do
Estado.
JC – Se o governo do
Estado promovesse concursos para defensores públicos e chamasse os aprovados,
além de haver uma vara permanente para as chamadas Pequenas Causas, isso não
aliviaria muito o Judiciário e teria como consequência um número muito maior de
questões resolvidas?
Luciane – Com toda certeza!
Nós precisamos que sejam nomeados mais defensores públicos, necessitamos de
maior espaço físico, precisamos que se crie a Vara do Juizado Especial, que
atende as questões relativas à Lei 9.099, conhecida como Pequenas Causas. Isso
desafogaria muito o Judiciário.
Matéria do Jornal do Comércio, circulando desde a noite de quinta-feira
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