Na edição 229 do Jornal do Comércio
Passada a eleição de outubro de 2016, com a vitória de Valmir Climaco, a boa performance de Ivan D’Almeida e a derrota fragorosa da ex-prefeita Eliene Nunes, ficou no ar a expectativa de qual seria o comportamento do segundo colocado no pleito, com mais de 15 mil votos, votação que lhe alçou, pelo menos hipoteticamente, ao patamar de uma nova liderança política em Itaituba. A pergunta que ficou, e de certa forma continua no ar é: como vai se comportar Ivan, durante os quatro anos de mandato de Valmir.
Ivan D’Almeida recebeu a reportagem
do Jornal do Comércio em seu escritório, para uma conversa descontraída a
respeito de seu futuro político, o futuro do grupo que o apoiou, eleição para
deputado, além de outros pontos. Será Ivan vai procurar manter o grupo, ou
parte dele, ou ficará observando o desenrolar dos fatos? Ele respondeu a todas
as perguntas, com a desenvoltura de quem aprendeu muito na campanha.
“Eu entrei na política sabendo que
seria muito difícil sair do nada e, de cara ganhar uma eleição. Mas, estava
determinado a fazer alguma coisa para tentar melhorar essa cidade da qual a
gente tanto gosta. Eu não tinha grupo. Fiquei satisfeito com o resultado obtido.
Eu não contava nem com 10% de chance de ganhar, e para quem saiu do zero, e
chegou a 30% dos votos, eu achei que foi muito positivo. Foi uma experiência
que me deu a oportunidade de conhecer os problemas do nosso povo”, falou o
ex-candidato.
Faltou apoio da cúpula do PSDB, da
capital, disse Ivan. “Na verdade, nós não tivemos apoio do pessoal do PSDB da
capital. E não fomos só nós de Itaituba, pois eu estive conversando com
políticos do nosso partido, de outros municípios, que se queixaram do mesmo
problema. Mesmo estando no partido do governador, não tivemos nenhum cargo
apontado por nós, para algum órgão, nem nada.
Não sei se é porque o governador está
caminhando para o final do seu mandato, e ele não vai poder ser candidato à
reeleição, mas, a verdade tem que ser dita: ele não ligou muito para nós. Mas,
eu não fui enganado, porque quando eu cheguei para me filiar para ser
candidato, o governador me disse que eu seria filiado, - inclusive ele mesmo
abonou minha ficha-, mas, pediu paciência, dizendo que iria ajudar mais na
frente. Não podia na ocasião, porque precisava governar e para ter governabilidade,
precisava do apoio de deputados de outros partidos, com os quais ele não podia
se indispor. E de fato não veio nada de Belém.
Apesar disso, fizemos o nosso
trabalho, conseguindo eleger quatro vereadores e faltou muito pouco para fazer
mais. Espero que quem está no comando consiga fazer o nosso município se
desenvolver. Porém se isso não acontecer, nós continuamos aqui dispostos a dar
a nossa contribuição, porque eu tenho certeza de que eu tenho condições de
fazer melhor do que tem sido feito até agora”.
O Jornal do Comércio perguntou ao
ex-candidato, qual é o seu posicionamento quanto ao atual governo municipal.
“Nós estamos de lados opostos, mas, eu sempre tive uma boa convivência com todo
mundo, inclusive, com o nosso prefeito. Nós trabalhamos juntos desde muito
novos e nunca tivemos problemas. Sempre houve respeito dos dois lados. Se eu
algumas vezes contestei é porque a gente vê as coisas de forma diferente.
Entendo que é preciso trabalhar para facilitar a vida das pessoas. Por exemplo:
esse negócio do cidadão chegar a um órgão para tirar uma licença, sendo mandado
de um lado para outro, até que alguém diz que é preciso dar tanto para
conseguir, eu não concordo. Eu não vejo isso com bons olhos, não vejo como o
município possa se desenvolver com esse tipo de comportamento.
Para mim, a pessoa deve querer ser líder para
ajudar os seus liderados. Foi por isso que na campanha eu critiquei muita
coisa. Entretanto, o prefeito agora é o Valmir, e eu torço para que ele faça um
bom trabalho, porque o nosso município tem que estar acima de qualquer coisa,
ou de diferenças políticas.
Eu não digo que eu não vou fazer
oposição ao governo municipal. Não farei, se o prefeito fizer as coisas de
maneira correta. Do contrário, eu estou disposto a fazer oposição ao governo, e
se achar alguma coisa errada, eu vou apontar.
Na eleição de outubro passado, pessoas do nosso
lado queriam que a gente recorresse à Justiça sobre coisas que pareciam erradas
durante a eleição, mas, eu me recusei a entrar após concluída a apuração, não
foi nem somente por uma questão de respeito ao candidato vencedor, mas, ao voto
que o cidadão deu para ele. Se a maioria achou que queria assim, eu respeito. É
assim que eu sou”.
Deputado
estadual – Logo depois da eleição surgiram comentários de que o grupo
liderado por Ivan D’Almeida lançaria candidato próprio a deputado estadual.
Foram citados nomes como de sua filha, Elayne D’Almeida, que coordenou a
campanha, e Paulo Gilson, que foi companheiro de chapa. Ivan diz que isso ainda
está em aberto.
“Olha, depois da eleição, a gente foi contatado
até mesmo por candidatos de fora, pedindo antecipadamente o nosso apoio. O
pessoal de Belém acha que a gente deva ter um candidato próprio, e eu acredito
que venhamos a ter um candidato nosso, do município. Hoje, temos outros grupos
com interesse de lançar candidatos, e nós temos que aguardar o momento certo
para decidir. De julho em diante a gente deve começar a ter uma definição.
O nome do meu candidato a vice,
Paulo Gilson, chegou a ser falado como provável candidato, da mesma forma que o
nome da minha filha Elayne, que coordenou nossa campanha. Como disse antes,
ainda não temos definição sobre isso, mesmo porque ainda é muito cedo.
Faço uma observação aqui: nosso foco principal
é na disputa pelo cargo de prefeito, e mal saímos de uma eleição para entrar na
outra. Uma coisa é certa: não vamos entrar numa disputa se sentirmos que não
temos condição alguma de eleger alguém. E quanto a minha filha, eu acredito que
possa ser outra pessoa que venha a ser lançada, não ela.
A
próxima eleição – Nós vamos nos preparar, porque eu acredito que vamos
participar da próxima eleição para prefeito do município. Mas, isso não quer
dizer que uma hora a gente que que está em lados opostos, amanhã, não possa
estar junto. Não vejo e não faço política com rancor, com ódio, porque isso não
constrói nada.
Eu não posso achar que uma pessoa, somente
porque não vota em mim é meu inimigo! Eu também sou eleitor, e o fato de não
ter votado em determinado candidato, não significa que eu não goste dele.
Podemos ter pontos de vistas diferentes, mantendo o respeito ao pensamento de
cada um. Jamais deixarei de dar apoio a um político, só porque teve mais votos
do que eu. Se for bom para o município, eu apoiarei, sim. Itaituba tem que
estar acima disso. É assim que eu penso, é assim que eu vejo a política”,
finalizou Ivan.
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