Na história
dos Jogos, Nuzman foi o único presidente do comitê organizador a acumular o
cargo de mandatário do comitê olímpico do país-sede.
A operação é
um desdobramento da Operação "Unfair Play", que investiga a compra do
voto do senegalês Lamine Diack por
US$ 2 milhões. O empresário Arthur César Soares de Menezes, foragido há um mês,
foi o responsável por pagar a quantia semanas antes da escolha, em outubro de
2009, em Copenhague, de acordo com as investigações.
Folha - O Ministério
Público Federal considerou a prisão de Nuzman "imprescindível não só como
garantia da ordem pública, como para permitir bloquear o patrimônio, além de
impedir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja na interferência
da produção probatória".
Um dos
argumentos da Procuradoria foi a retificação ao imposto de renda para declarar
entre seus bens 16 barras de ouro de 1 kg, guardados num cofre na Suíça. Ela
foi feita no dia 20 de setembro, após a deflagração da Operação Unfair Play.
"Ao
fazer a retificação da declaração de imposto de renda para incluir esses bens,
claramente atuou para obstruir investigação da ocultação de patrimônio",
diz a Procuradoria.
Vinte
agentes da Polícia Federal efetuaram a prisão, bem como cumprem seis mandados
de busca e apreensão em endereço ligados as dois. Os envolvidos "serão
indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa",
segundo a PF.
Nuzman é
investigado sob suspeita de ter feito a "ponte" entre o esquema de corrupção
do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do COI. A propina ao senegalês foi
debitada, segundo a Procuradoria, da devida pelo empresário Menezes Soares, o
"Rei Arthur", ao peemedebista. O empresário obteve mais de R$ 3
bilhões em contratos com o Estado.
Gryner
admitiu em depoimento ao Ministério Público que encontrou com Soares e discutiu
com ele o patrocínio de eventos da IAAF, entidade comandada por Lamine Diack. A
reunião foi intermediada por Cabral, afirmou o executivo em depoimento.
Após a
deflagração da Unfair Play, a Procuradoria identificou cinco e-mails nos quais
Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, cobrava transferências de recursos,
cuja origem não era identificada.
"Nós
estamos na sexta feira, 11 de dezembro de 2009, e meu banco Societe General de
Senegal ainda não recebeu nenhuma transferência de sua parte. Eu tentei falar
com Leonardo Gryner diversas vezes mas não houve resposta. Você poderia
verificar com ele se ele pode confirmar 100% que as transferências foram feitas
a meus endereços em Dacar ou em Moscou", escreveu Papa Diack, em dezembro
de 2009.
O
Ministério Público Federal afirma que as mensagens indicam que "os
pagamentos não se limitaram a US$ 2 milhões [pagos em setembro], tendo havido
pagamentos subsequentes".
Em outra
mensagem, o filho do dirigente senegalês afirma que o atraso no pagamento gerou
"de nosso lado todo tipo de constrangimento de pessoas que confiaram no
nosso comprometimento em Copenhague".
A
Procuradoria afirma ter provas de pagamento de propina apenas a Lamine Diack.
Contudo, a procuradora Fabiana Schneider afirmou que o senegalês tinha
ascendência sobre outros dirigentes africanos, o que poderia determinar o voto
de mais membros do COI.
Em 26 de
novembro de 2009, Gryner havia enviado um e-mail para Massata Diack afirmando
que "como eu disse a você em Copenhague, nós temos um patrocinador
diferente para essa última porção".
"Esse
patrocinador está tendo problemas com essa transferência e estamos tentando
ajudar ele", escreveu Gryner.
Há um mês, a defesa de Nuzman afirmou que
"toda a jornada da Olimpíada do Rio, da candidatura à cerimônia de
encerramento, foi conduzida dentro da lei".
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