quinta-feira, dezembro 21, 2017

Sessão Solene em 3 atos: 1º ato: Poderia não ter havido sessão

Uma sessão solene de encerramento dos trabalhos legislativos de 2017 inusitada, diferente de tudo que já se viu por aqui, aconteceu na manhã de hoje, na Câmara Municipal de Itaituba.

Como gosto de chegar cedo por dever de ofício, hoje, com mais um compromisso no local, cheguei ainda mais cedo, e para minha grande surpresa, ao contrário das sessões solenes anteriores, nas quais a maioria chega em cima da hora, as cadeiras destinadas ao público estavam completamente tomadas por trabalhadores da área de saúde do município.

O motivo foi um projeto de lei enviado ontem pelo prefeito Valmir Clímaco, que mexe com alguns direitos que constam do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores da saúde e da administração direta.

A coordenadora do Sindsaúde, Ana Maria liderou o movimento, tendo dito que estava atravessando na balsa, de Miritituba para Itaituba, quando ficou sabendo que o Executivo tinha mandado essa matéria para a Câmara, e desde aquele momento, às 03:30 da manhã, começou a acordar os trabalhadores da saúde para fazerem uma manifestação na Câmara.

Chegou a ser falado, que se os vereadores não ouvissem o que esses servidores tinham para dizer, não haveria sessão solene.

Havia uma clara preocupação com a possibilidade desse projeto de lei vir a ser aprovado com muita rapidez, uma vez que o Executivo, no encaminhamento do mesmo, pediu urgência urgentíssima.

Hoje não haveria a menor possibilidade de isso ocorrer, por se tratar de uma sessão solene, mas, o prefeito tem a prerrogativa de pedir que seja realizada sessão extraordinária, e certamente, esse deve ter sido o principal motivo do ato dos servidores da saúde, que queriam arrancar da Câmara algum compromisso no sentido de que isso não viesse a acontecer de forma açodada e sem a participação do Sindsaúde nas discussões.

O presidente João Bastos Rodrigues, primeiro, propôs que a sessão fosse suspensa por 20 minutos para que houvesse uma reunião de uma comissão com todos os vereadores, na sala da presidência.

Ana Maria consultou seus colegas, perguntando se eles concordavam com a proposta, mas, em uníssono eles responderam não.

A segunda proposta do presidente da Casa de Leis foi ceder a tribuna para a representante dos servidores, Ana Maria, por 10 minutos, para ela dizer qual era a reivindicação em pauta.

Todos concordaram, e a coordenador usou apenas sete minutos, nos quais disse que a proposta enviada pelo prefeito para a Câmara retira direitos dos servidores em questão.

Disse, também, que esse assunto não é novo, mas, que foram todos surpreendidos, porque Valmir havia assumido o compromisso de chamar a representação dos trabalhadores a serem afetados para negociar possíveis mudanças, mas, ninguém foi chamado.

Para terminar, ela pediu o apoio de todos os vereadores, solicitando que eles não votassem eventuais mudanças no PCCR sem ouvir todas as partes envolvidas.

O presidente da Câmara disse que os vereadores iriam tomar conhecimento da matéria, pois nem haviam recebido cópia em seus gabinetes, e que assumia o compromisso de que os trabalhadores serão chamados para participar das discussões.

Era isso que eles queriam ouvir. Ana pediu desculpas aos homenageados, mas, disse que era preciso que aquela manifestação acontecesse. E após sua fala, de forma ordeira, todos os servidores deixaram a Câmara.

Jota Parente

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