RIO
(O
Globo)
— A relutância dos partidos em formalizarem alianças com o
pré-candidato do PSL à Presidência, Jair
Bolsonaro,
pode ser explicada, em parte, pela falta de estrutura do PSL e também
na rejeição do candidato, que é elevada — 32%, de acordo com a
pesquisa Datafolha mais recente. Na terça-feira, após o fracasso da
negociação com o PR, a campanha do deputado sofreu novo revés, com
a negativa
do Partido Republicano Progressista (PRP) para a indicação do
nome do general Augusto Heleno ao posto de candidato à vice.
— Acho
que a candidatura do Bolsonaro é de alto risco para os partidos se
engajarem. É uma candidatura sem estrutura, sem recursos, baseada na
persona dele e nos mecanismos alternativos de conexão direta com os
eleitores, via redes sociais. É um candidato com altíssima rejeição
e o preferido para qualquer outro candidato ter como adversário no
segundo turno. Os partidos que fazem esse cálculo não tem muito
interesse em estarem próximos ao Bolsonaro, porque podem estar
assinando a sentença de morte,
— avalia
o cientista política Carlos Pereira, da FGV/Ebape.
Já
o cientista político Ricardo Ismael, professor da Puc-Rio, destaca a
“incerteza geral” no cenário eleitoral, o que faz com os
partidos adiem as decisões, e aponta que a estratégia de Bolsonaro
de privilegiar, neste momento, o contato direto com eleitores, em
detrimento das conversas com as cúpulas partidárias pode ser
“arriscada”:
— A
população brasileira, embora esteja desencantada com partidos, com
a política tradicional, também não está mobilizada nas ruas em
torno de um candidato, pelo menos não até agora. Não há
mobilização tão forte nas ruas e nas redes a ponto de dispensar
deputados e senadores que vão fazer campanha e são profissionais na
hora de pedir voto. A mobilização fora da estrutura partidária vai
ter um peso, mas também não será uma revolução a ponto de
imaginar que a sociedade vai ignorar a propaganda eleitoral.
Na
última semana, Heleno passou a ser tratado como a principal aposta
de Bolsonaro, após o naufrágio da articulação para que o senador
Magno Malta (PR-ES) integrasse a chapa. Da mesma forma que os acordos
estaduais impediram o avanço das negociações com o partido de
Valdemar Costa Neto, as pretensões do nanico PRP nos estados também
comprometeram as ambições do ex-capitão do Exército. Coligada ao
governador petista da Bahia, Rui Costa, por exemplo, a sigla não
quer pôr em risco alianças que já foram costuradas.
Com
o naufrágio aparente de suas duas principais apostas, o
pré-candidato corre em
busca
de uma alternativa. Uma delas é a advogada Janaína Paschoal,
filiada ao mesmo PSL de Bolsonaro. O nome dela vinha sendo cotado
para a disputado do governo de São Paulo, embora pessoas ligadas ao
partido no estado acreditem que a advogada prefira concorrer à vaga
de deputada.
Bolsonaro
afirmou que existe “uma frestinha" para um acordo, que poderia
envolver alianças para os cargos proporcionais (deputado federal e
estadual) em alguns estados.
— Ainda
ficou uma frestinha e talvez esse acordo feche amanhã (hoje)—
disse Bolsonaro, que lidera todas as pesquisas sem a presença do
ex-presidente Lula.
Para
tentar reabrir as negociações, o pré-candidato flexibilizou os
termos da aliança e, agora, diz aceitar um acordo para a disputa
proporcional, mas isso ainda vai depender dos presidentes das
legendas em cada estado.
— Vai
depender das perspectivas estaduais. Aqui no Rio, por exemplo, é meu
filho (deputado Flávio Bolsonaro), que é presidente do partido, que
vai decidir. Acho que não terá acordo aqui. A ideia é que em
alguns lugares tenha aliança — explicou o pré-candidato.
No
Rio, a notícia de uma possível negociação com o PSL provocou
surpresa no pré-candidato do PRP ao governo do estado, Anthony
Garotinho.
— No
meu caso, seria complicado. Não tenho nada pessoal contra o
Bolsonaro, mas nossas ideias são muito diferentes.
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