terça-feira, julho 24, 2018

Vice-governador Zequinha Marinho: "Políticos corretos e políticos maus emergem da sociedade"


O vice-governador Zequinha Marinho está fazendo uma maratona de visitas na região Oeste do Estado, mantendo contatos, falando de sua pré-candidatura a senador da República.

Ontem pela manhã ele esteve em Itaituba, sendo recepcionado pelo prefeito Valmir Clímaco.

Na sede do MDB, no Buriti, Zequinha participou de uma reunião com lideranças políticas e líderes religiosos, ocasião em que justificou sua decisão de encarar a difícil disputa de uma cadeira para o Senado.

Ele discorreu sobre uma conversa que teve, ano passado com o governador Simão Jatene, oportunidade em que lhe foi perguntado o que vislumbrava para seu futuro político a partir deste ano de 2018.

O vice respondeu que dependeria da decisão que Jatene viesse a tomar. Se resolvesse ser candidato ao Senado, Zequinha assumiria o governo do Estado e tentaria se eleger governador; caso a decisão fosse no sentido de Jatene ir até o final do mandato, então o vice disse que seria candidato a senador.

Jatene ficou silente e não voltou mais a falar no assunto.

O tempo foi passando, e Zequinha Marinho precisava decidir seu futuro, e o rumo que seu partido, o PSC tomaria.

Sobre tudo isso e muito mais, ele conversou com a reportagem do blog do Jota Parente e Jornal do Comércio.

Jota Parente - Vice-governador Zequinha Marinho, o senhor está fazendo uma série de visitas políticas na região oeste do Estado, falando de sua pré-candidatura ao Senado Federal…

VG Zequinha Marinho – Estamos cumprindo uma agenda na região, tendo percorrido toda a Calha Norte, voando na manhã desta segunda (23) de Alenquer para cá. Nossa expectativa é passar por Jacareacanga, Novo Progresso, Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra para então retornar. É uma agenda de conversa, de escuta, de articulação política visando ao pleito de 2018. Estamos aqui, junto com a deputada federal Júlia Marinho e alguns pré-candidatos a deputado estadual.


Jota Parente – Na conversa com as lideranças locais, o senhor disse que chegou a sua hora de enfrentar um desafio dessa envergadura, de enfrentar o Golias. Na eleição para o Senado, há três candidatos fortes para duas vagas, que são o senhor, o senador Jader Barbalho, que vai tentar a reeleição e o senador Flexa Ribeiro, que também vai lutar para se reeleger. É mesmo um desafio e tanto…

VG Zequinha Marinho – É verdade. Essa eleição de 2018 tem um diferencial que é a renovação de dois terços do Senado, o que ocorre de oito em oito anos. Com o senador Jader Barbalho, nós vamos ser parceiros na coligação liderada pelo MDB, do pré-candidato ao governo do Estado, Helder. Então, serei eu e o senador Jader Barbalho, primeiro voto e segundo voto. Eu vou pedir votos para ele e ele pedirá votos para mim. A concorrência será com candidatos de outras coligações, e a nossa expectativa é de que possamos avançar. A gente vislumbra essa grande possibilidade nesse momento. O Pará tem grandes gargalos a serem enfrentados, e nós estamos palestrando, mostrando para as pessoas, qual é o papel do senador junto a sociedade.

Jota Parente - O senhor foi eleito ao lado do governador Simão Jatene, mas, vai caminhar, nesta eleição, ao lado do grupo político que é o principal adversário do governador. Qual o motivo?

VG Zequinha Marinho - Eu disse nessa reunião que tive aqui em Itaituba, que desde 1994, colaboramos e ajudamos o PSDB nos seus mais diversos momentos. Tanto é que até aceitamos ser vice-governador, mas, chegou a hora de fazer a mudança. Eu sou do interior. Conheço esse estado, cidade por cidade e a grande maioria das suas vilas e distritos.

Eu não estou na política para me dar bem. Estou na política para ajudar esse estado. E nesse momento, a maio ajuda que eu posso dar ao Estado do Pará é ajudando na mudança de governo. Nada contra fulano, beltrano ou ciclano; tudo a favor de um estado que precisa se dinamizar; um estado que precisa produzir e atender; um estado que como todos os outros, tem uma alta carga tributária, o contribuinte paga caro, e às vezes não tem o retorno nos serviços que merece e precisa. Então, chegou o momento. Diz-se que tudo tem um tempo debaixo do Sol, e esse tempo da mudança chegou para o Estado do Pará, e nós, eu e o meu grupo vamos contribuir para isso.

Se eu quisesse me dar bem com dinheiro e outras coisas mais, tinha chegado a minha hora de melhorar de vida, mas, esse não é o meu objetivo na política; meu objetivo é servir o meu estado.

Jota Parente - O PSC, partido que o senhor comanda no Estado, já fechou questão quanto ao apoio à pré-candidatura do ex-ministro Helder Barbalho?

VG Zequinha Marinho - Já fizemos um encontro. Foi no dia 18 de julho, quando declaramos esse apoio para a Imprensa, para ele próprio, que esteve conosco, e no dia 4 de agosto será o dia da convenção. Nesse dia acontecerá a oficialização, ocasião em que serão lavradas as atas e acontecerá a homologação das candidaturas e a coligação.

Jota Parente – O senhor esperava poder contribuir mais com o seu estado, na condição de vice-governador?
VG Zequinha Marinho - Naturalmente, mas, isso varia de estilo para estilo de governante. Tem governante que governa de forma aberta e participativa, distribuindo atividades. O estilo do governo atual é concentrador. A questão orçamentária é muito resumida, o orçamento fica na mão do governador, que vai distribuindo um centavo para um, um centavo para outro e isso inibe qualquer tipo de avanço que se possa ter. Por isso nós apoiamos a mudança, porque não se pode administrar um estado desse tamanho como se fosse um município pequeno.

Jota Parente - Em se tornando senador, o senhor vai levantar a voz para que o Pará deixe de ser tratado por Brasília como almoxarifado do país, de onde se tira muita riqueza e se retorna muito pouco para seu povo?

VG Zequinha Marinho - O papel do senador é muito estratégico num estado como o nosso. O senador precisa ter cuidado para não se perder no varejo, nas coisas pequenas e se assoberbar com tantas atividades, de modo que esqueça sua missão primordial, que é o enfrentamento dos grandes problemas do estado. É preciso fazer o enfrentamento da Lei Kandir que já deu ao Pará mais de R$ 40 bilhões de reais de prejuízo nesses anos todos.

O Senado já deveria ter tomado providências quanto a isso, porque é preciso regulamentar essa lei para obrigar o governo a devolver ao Pará aquilo que lhe é devido. Isso é injusto. Nós estamos desenvolvendo o Brasil a custo da miséria do povo paraense. Eu quero enfrentar isso. Tenho certeza que vou comover os meus pares, porque não são apenas os senadores do Pará que tem que olhar por isso, é o Brasil em geral que sofre com isso, e o governo federal, que já concentra tanta riqueza da arrecadação de impostos, concentra mais isso. Não tem porque ficar segurando a devolução aos estados, enquanto os estados morrem à míngua.

Jota Parente - O país vive um momento peculiar na política, onde o descrédito dos políticos é imenso. O senhor e sua esposa, deputado Júlia Marinho, são candidatos, e embora não frequentem as páginas policiais como tanta gente em nosso País, fazem parte dessa classe tão desgastada. Como fazer para vencer essa incredulidade do eleitor?

VG Zequinha Marinho – Eu administro isso com muita tranquilidade. É só a gente se manter distante dessas situações constrangedoras. Eu faço política há vinte e poucos anos, andando na rua, de fronte erguida, cumprimentado meu eleitor, fazendo reuniões sem me preocupar com esse negócio. Eu concordo com você, que realmente é um momento de grande dificuldade. Essa é uma coisa que a gente precisa trabalhar, mas, para trabalhar essa questão, a gente precisa trabalhar a sociedade, porque a pessoa não chega lá só com o seu voto, mas, pelos votos dos eleitores. O eleitor precisa ser seletivo em relação a esse tipo de coisa.

Tem gente que fala que o político é isso, é aquilo, então, todos terão oportunidade de colaborar, agora, votando em políticos que honrem o seu mandato, que fazem do seu mandato uma ferramenta de luta pelo seu estado. Político bom não cai do céu e o político mau não emerge do inferno. São todos fabricados aqui; a matriz é a sociedade. O político corrupto é produzido na sociedade, da mesma forma que o político correto. E se eu quiser melhorar a política, eu tenho que melhorar a matriz que é a sociedade onde os políticos são gerados. Não podemos deixar a política continuar sendo um balcão de negócios em que foi transformada.

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