O vice-governador Zequinha Marinho está fazendo uma maratona de visitas na região Oeste do Estado, mantendo contatos, falando de sua pré-candidatura a senador da República.
Ontem pela manhã ele esteve em Itaituba, sendo recepcionado pelo prefeito Valmir Clímaco.
Na sede do MDB, no Buriti, Zequinha participou de uma reunião com lideranças políticas e líderes religiosos, ocasião em que justificou sua decisão de encarar a difícil disputa de uma cadeira para o Senado.
Ele discorreu sobre uma conversa que teve, ano passado com o governador Simão Jatene, oportunidade em que lhe foi perguntado o que vislumbrava para seu futuro político a partir deste ano de 2018.
O vice respondeu que dependeria da decisão que Jatene viesse a tomar. Se resolvesse ser candidato ao Senado, Zequinha assumiria o governo do Estado e tentaria se eleger governador; caso a decisão fosse no sentido de Jatene ir até o final do mandato, então o vice disse que seria candidato a senador.
Jatene ficou silente e não voltou mais a falar no assunto.
O tempo foi passando, e Zequinha Marinho precisava decidir seu futuro, e o rumo que seu partido, o PSC tomaria.
Sobre tudo isso e muito mais, ele conversou com a reportagem do blog do Jota Parente e Jornal do Comércio.
Jota Parente - Vice-governador Zequinha Marinho, o senhor está fazendo uma série de visitas políticas na região oeste do Estado, falando de sua pré-candidatura ao Senado Federal…
VG
Zequinha Marinho – Estamos cumprindo uma agenda na região,
tendo percorrido toda a Calha Norte, voando na manhã desta segunda
(23) de Alenquer para cá. Nossa expectativa é passar por
Jacareacanga, Novo Progresso, Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra
para então retornar. É uma agenda de conversa, de escuta, de
articulação política visando ao pleito de 2018. Estamos aqui,
junto com a deputada federal Júlia Marinho e alguns pré-candidatos
a deputado estadual.
Jota Parente – Na conversa com as lideranças locais, o senhor disse que chegou a sua hora de enfrentar um desafio dessa envergadura, de enfrentar o Golias. Na eleição para o Senado, há três candidatos fortes para duas vagas, que são o senhor, o senador Jader Barbalho, que vai tentar a reeleição e o senador Flexa Ribeiro, que também vai lutar para se reeleger. É mesmo um desafio e tanto…
VG
Zequinha Marinho – É verdade. Essa eleição de 2018 tem um
diferencial que é a renovação de dois terços do Senado, o que
ocorre de oito em oito anos. Com o senador Jader Barbalho, nós vamos
ser parceiros na coligação liderada pelo MDB, do pré-candidato ao
governo do Estado, Helder. Então, serei eu e o senador Jader
Barbalho, primeiro voto e segundo voto. Eu vou pedir votos para ele e
ele pedirá votos para mim. A concorrência será com candidatos de
outras coligações, e a nossa expectativa é de que possamos
avançar. A gente vislumbra essa grande possibilidade nesse momento.
O Pará tem grandes gargalos a serem enfrentados, e nós estamos
palestrando, mostrando para as pessoas, qual é o papel do senador
junto a sociedade.
Jota Parente - O senhor foi eleito ao lado do governador Simão Jatene, mas, vai caminhar, nesta eleição, ao lado do grupo político que é o principal adversário do governador. Qual o motivo?
VG
Zequinha Marinho - Eu disse nessa reunião que tive aqui em
Itaituba, que desde 1994, colaboramos e ajudamos o PSDB nos seus mais
diversos momentos. Tanto é que até aceitamos ser vice-governador,
mas, chegou a hora de fazer a mudança. Eu sou do interior. Conheço
esse estado, cidade por cidade e a grande maioria das suas vilas e
distritos.
Eu não
estou na política para me dar bem. Estou na política para ajudar
esse estado. E nesse momento, a maio ajuda que eu posso dar ao Estado
do Pará é ajudando na mudança de governo. Nada contra fulano,
beltrano ou ciclano; tudo a favor de um estado que precisa se
dinamizar; um estado que precisa produzir e atender; um estado que
como todos os outros, tem uma alta carga tributária, o contribuinte
paga caro, e às vezes não tem o retorno nos serviços que merece e
precisa. Então, chegou o momento. Diz-se que tudo tem um tempo
debaixo do Sol, e esse tempo da mudança chegou para o Estado do
Pará, e nós, eu e o meu grupo vamos contribuir para isso.
Se eu
quisesse me dar bem com dinheiro e outras coisas mais, tinha chegado
a minha hora de melhorar de vida, mas, esse não é o meu objetivo na
política; meu objetivo é servir o meu estado.
Jota Parente - O PSC, partido que o senhor comanda no Estado, já fechou questão quanto ao apoio à pré-candidatura do ex-ministro Helder Barbalho?
VG Zequinha Marinho - Já fizemos um encontro. Foi no dia 18 de julho, quando declaramos esse apoio para a Imprensa, para ele próprio, que esteve conosco, e no dia 4 de agosto será o dia da convenção. Nesse dia acontecerá a oficialização, ocasião em que serão lavradas as atas e acontecerá a homologação das candidaturas e a coligação.
Jota Parente – O senhor esperava poder contribuir mais com o seu estado, na condição de vice-governador?
VG
Zequinha Marinho -
Naturalmente, mas, isso varia de estilo para estilo de governante.
Tem governante que governa de forma aberta e participativa,
distribuindo atividades. O estilo do governo atual é concentrador. A
questão orçamentária é muito resumida, o orçamento fica na mão
do governador, que vai distribuindo um centavo para um, um centavo
para outro e isso inibe qualquer tipo de avanço que se possa ter.
Por isso nós apoiamos a mudança, porque não se pode administrar um
estado desse tamanho como se fosse um município pequeno.
Jota Parente - Em se tornando senador, o senhor vai levantar a voz para que o Pará deixe de ser tratado por Brasília como almoxarifado do país, de onde se tira muita riqueza e se retorna muito pouco para seu povo?
VG
Zequinha Marinho - O papel do senador é muito estratégico num
estado como o nosso. O senador precisa ter cuidado para não se
perder no varejo, nas coisas pequenas e se assoberbar com tantas
atividades, de modo que esqueça sua missão primordial, que é o
enfrentamento dos grandes problemas do estado. É preciso fazer o
enfrentamento da Lei Kandir que já deu ao Pará mais de R$ 40
bilhões de reais de prejuízo nesses anos todos.
O Senado
já deveria ter tomado providências quanto a isso, porque é preciso
regulamentar essa lei para obrigar o governo a devolver ao Pará
aquilo que lhe é devido. Isso é injusto. Nós estamos desenvolvendo
o Brasil a custo da miséria do povo paraense. Eu quero enfrentar
isso. Tenho certeza que vou comover os meus pares, porque não são
apenas os senadores do Pará que tem que olhar por isso, é o Brasil
em geral que sofre com isso, e o governo federal, que já concentra
tanta riqueza da arrecadação de impostos, concentra mais isso. Não
tem porque ficar segurando a devolução aos estados, enquanto os
estados morrem à míngua.
Jota Parente - O país vive um momento peculiar na política, onde o descrédito dos políticos é imenso. O senhor e sua esposa, deputado Júlia Marinho, são candidatos, e embora não frequentem as páginas policiais como tanta gente em nosso País, fazem parte dessa classe tão desgastada. Como fazer para vencer essa incredulidade do eleitor?
VG
Zequinha Marinho – Eu administro isso com muita tranquilidade.
É só a gente se manter distante dessas situações constrangedoras.
Eu faço política há vinte e poucos anos, andando na rua, de fronte
erguida, cumprimentado meu eleitor, fazendo reuniões sem me
preocupar com esse negócio. Eu concordo com você, que realmente é
um momento de grande dificuldade. Essa é uma coisa que a gente
precisa trabalhar, mas, para trabalhar essa questão, a gente precisa
trabalhar a sociedade, porque a pessoa não chega lá só com o seu
voto, mas, pelos votos dos eleitores. O eleitor precisa ser seletivo
em relação a esse tipo de coisa.
Tem
gente que fala que o político é isso, é aquilo, então, todos
terão oportunidade de colaborar, agora, votando em políticos que
honrem o seu mandato, que fazem do seu mandato uma ferramenta de luta
pelo seu estado. Político bom não cai do céu e o político mau não
emerge do inferno. São todos fabricados aqui; a matriz é a
sociedade. O político corrupto é produzido na sociedade, da mesma
forma que o político correto. E se eu quiser melhorar a política,
eu tenho que melhorar a matriz que é a sociedade onde os políticos
são gerados. Não podemos deixar a política continuar sendo um
balcão de negócios em que foi transformada.
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