O caso vem repercutindo na Turquia e na Arábia Saudita, mas outros países também já se manifestaram em relação ao caso, entre eles os Estados Unidos, já que Khashoggi tinha cidadania americana.
Khashoggi tinha relações próximas da elite e dos príncipes sauditas, mas era um jornalista crítico do regime. Sua família é conhecida no país, seu avô era o médico do rei Abdulaziz Al Saud, que fundou o reino.
Nos anos 90, trabalhou como correspondente internacional cobrindo países como o Afeganistão, Algéria, Sudão e países do Oriente Médio. Durante esse tempo, entrevistou diversas vezes o terrorista Osama bin Laden. Nos últimos anos trabalhava como comentarista político e aparecia em canais árabes e internacionais.
Em 2017 ele decidiu se mudar para os Estados Unidos, temendo por sua segurança, depois que o príncipe Mohammed bin Salman começou a combater dissidentes sauditas. Detentor de cidadania americana, ele colaborava para o jornal “The Washington Post”.
No dia 2 de outubro, Khashoggi foi ao consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, para pegar um documento para se casar com a sua noiva turca, enquanto ela ficou esperando na porta. Uma imagem de câmera de segurança mostra ele entrando no prédio do consulado. Mas a polícia turca diz que não há registro da saída dele. Autoridades do país suspeitam que ele tenha sido assassinado dentro do consulado. A Arábia Saudita diz que ele saiu do prédio, mas não forneceu evidências.
Investigações - Uma delegação da Arábia Saudita foi à Turquia para se reunir com as autoridades locais e discutir o caso. Segundo o presidente americano Donald Trump, investigadores dos EUA também estão envolvidos.
O jornal americano “Washington Post” disse que há provas do que aconteceu com Khashoggi, mas elas ainda não foram divulgadas. Segundo o jornal, 15 sauditas desembarcaram em Istambul no dia 2 de outubro e estavam dentro do consulado quando o jornalista desapareceu. Eles teriam deixado o país em um avião de uma empresa de Riad.
O “Wahsington Post” e o “The Sabah”, turco, citam a existência de uma gravação de áudio que mostraria como o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi interrogado, agredido e morto no local.
O “The Sabah”, que tem publicado informações vazadas por autoridades de segurança da Turquia, afirma que o arquivo de áudio foi gravado pelo Apple Watch de Khashoggi e foi recuperado pelo seu iPhone, que tinha ficado com a sua namorada fora do consulado, e pela sua conta no iCloud.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse que está “preocupado” com o caso e desafiou o regime saudita a provar que o jornalista saiu do consulado. "Se sair um mosquito (do consulado), seus sistemas de câmera vão interceptar", afirmou aos jornalistas a bordo do voo que o trazia de uma visita a Budapeste.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, advertiu que as autoridades sauditas se expunham a "sérias consequências" em caso de responsabilidade no desaparecimento, ou possível assassinato do jornalista.
Inicialmente, Trump pediu explicações à Arábia Saudita, aliado tradicional dos Estados Unidos com o qual a administração Trump estreitou ainda mais os vínculos. Nesse fim de semana, Trump subiu o tom e ameaçou infligir "severa punição" se as investigações provarem que o príncipe saudita foi o mandante do suposto crime. Mas disse que preferia evitar sanções econômicas.
A Arábia Saudita classifica a acusação de que o jornalista foi morto no consulado como “infundada” e “mentirosa”. Também autorizou as buscas no local. No fim de semana, em uma aparente resposta a Trump, o reino divulgou um comunicado rejeitando qualquer ameaça de sanções e dizendo que vai contra-atacar em caso de medidas hostis. (G1)
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