Marilene Parente |
Fátima Bernardes perguntou ao filósofo,
escritor, educador, palestrante e professor universitário, Mário Sérgio
Cortella se a ocasião faz o ladrão. Ele disse que não. “A ocasião revela o
ladrão”, respondeu ele.
Seguindo por esse caminho eu pergunto: será que
a internet faz os haters, pessoas que se escondem atrás de uma tela de
computador para destilar o seu ódio?
Parafraseando Mário Sérgio Cortella, eu mesmo
respondo que não; a internet revela os covardes, os doentes mentais e as
pessoas de mau caráter que não tem coragem de enfrentar aqueles que pretender
ofender.
A internet encurtou distâncias, aproximou
pessoas e tornou muito fácil o acesso à informação. Com ela, no entanto,
surgiram alguns efeitos colaterais. Intolerância, brigas, notícias falsas,
cyberbullying, haters. Por trás da tecnologia, vem também um discurso carregado
de ódio contra aqueles que discordam da opinião do outro. E isso, segundo
dados, tem aumentado constantemente.
“Só a informação não basta. É preciso ajustar o
comportamento. Esse é o passo que está faltando. Faltam dicas comportamentais
para preparar os jovens. Pela internet, quem ofende não tem o retorno do
sofrimento que está causando.
Pessoalmente, existe esse freio quando quem
ofende vê a reação do outro”, explica Daniel Martins de Barros, psiquiatra do
Hospital das Clínicas de São Paulo e colunista do Estado. Pesquisa feita pelo
Comitê Gestor da Internet do Brasil, em 2016, revelou que, de três jovens e
crianças com acesso à internet, pelo menos um já havia tido conhecimento de
alguém sofrera discriminação.
O estudo mostra, também, que 41% dos
pesquisados afirmaram já ter visto uma vítima de preconceito na internet. Desse
número, 24% referem-se à cor ou raça, 16% à aparência e 13% à homossexualidade.
“Essa facilidade de comunicação da internet
trouxe um comodismo em relação às interações sociais. Porém, trouxe, uma
máscara para destilar discurso de ódio”, comenta a neuropsicóloga Renata
Bandeira. Para a especialista, a filtragem e melhor análise das fontes é uma
das saídas para diminuir as fakenews.
Mas, e quando essas notícias falsas atingem uma
pessoa, seja ela conhecida ou não? O desrespeito às individualidades, à
particularidade e à diversidade motivam a propagação de informações distorcidas,
diz a especialista.
A Safernet, ONG que atua na promoção e defesa
dos direitos humanos na internet no País, realizou estudo em 2016 que revela
que 39 mil páginas foram denunciadas por violações de direitos humanos, com
conteúdo racista e de incitação à violência.
As crianças de hoje, a partir de
oito anos de idade, não querem mais que os pais vejam seus celulares ou páginas
da internet nas quais navegaram. Ficam bravas, estrilam com os pais reclamando
uma privacidade que ainda não conquistaram por causa da tenra idade.
Na minha casa a gente tem uma regra:
celular não tem senha. Ninguém pode bloquear o acesso e todos tem o direito de
olhar o aparelho do outro. Meu filho tem apenas onze anos. Como não posso olhar
seu celular? Pelo contrário, devo olhar até para segurança dele mesmo.
Como vou saber se ele está trocando
mensagens ou conversando somente com gente que merece confiança se não olhar?
Quanta gente há na internet hoje em dia, botando minhoca até na cabeça de
adultos com a mente fraca, que dirá de crianças.
A internet usada para o bem é uma
coisa boa. Mas, como saber se é isso que está acontecendo se eu deixar correr
frouxo? E a pedofilia, uma realidade que assusta os pais e pode causar danos
irreversíveis nas crianças precisa direto de vigilância. Portanto, cuidemos de
acompanhar as viagens dos nossos filhos pelo universo da internet. Eles nos
agradecerão no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário