A vida perdeu o seu valor. Mata-se
por qualquer motivo, ou, até sem motivo algum. Pode ser num bar ou no trânsito.
Basta uma simples discussão para que consuma um assassinato. A intolerância
está por toda parte e tem sido responsável por muita coisa ruim. A internet,
então, é terreno fértil para disseminação do ódio contra minorias, ou contra
qualquer pessoa cujo pecado seja somente pensar diferente do outro. Isso nos
remete a Immanuel Kant, filósofo alemão que dizia que o ser humano nasce mau.
À guisa de combater a violência no país,
em 2005 o governo do Partido dos Trabalhadores sob o comando do ex-presidente
Luís Inácio Lula da Silva, realizou uma consulta pública conhecida como
Referendo para saber se os brasileiros queriam que fosse proibido o comércio de
armas. 63,94% votaram no NÃO.
O referendo sobre a proibição
da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, não permitiu a validação do artigo 35 do Estatuto
do Desarmamento (Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003).
Tal artigo apresentava a seguinte redação:
"art. 35 - É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o
território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei".
Pela gravidade do assunto, a necessidade de
submeter o artigo 35 a um referendo já havia sido constatada durante o projeto
e desenvolvimento da lei. A sua realização foi promulgada pelo Senado
Federal a 7 de julho de 2005 pelo
decreto legislativo n° 780.
No artigo 2º desse decreto ficava estipulado
que a consulta popular seria feita com a seguinte questão: "O comércio de
armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Os eleitores
puderam optar pela resposta "sim" ou "não", pelo voto em
branco ou pelo voto nulo. O resultado final foi de 59.109.265 votos respondendo
"não" (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo "sim"
(36,06%).
Antes mesmo da realização do
Referendo começou uma maciça campanha de desarmamento da população, que foi
convidada a entregar, espontaneamente suas armas, em troca de uma pequena
contribuição financeira. Assim fizeram muitos milhares.
O que aconteceu de lá para cá?
Diminuiu a violência? Os lares brasileiros passaram a ser lugares mais seguros
para as famílias? Nada disso. O que se viu foi um recrudescimento da violência
e a impotência do Estado, que não consegue se impor contra o estado paralelo do
crime organizado.
O Brasil vem perdendo a guerra
contra a bandidagem de forma clara e preocupante. Nosso país ostenta o nada
lisonjeiro posto de território por onde passa a maior quantidade de drogas para
o mundo todo. Nossos 16.886 km de fronteira seca desguarnecida, ou limites
terrestres, são um convite para a entrada de tudo quanto não presta, de
contrabando de armas a drogas.
Eu não acho que ter uma arma em casa
possa resolver muita coisa, porém, sou a favor de que cidadãos de bem tenham o
direito de decidir se querem, ou não. Mesmo porque foi isso que a maioria
decidiu em 2005 e, num estado democrático, deve prevalecer a vontade da
maioria.
O que leva as pessoas a quererem se
armar é a incapacidade do Estado de dar segurança à população. Se não tem
segurança pública de qualidade, o cidadão apela para o que lhe parece ser a
solução, que é fazer justiça com as próprias mãos.Marilene Parente
*Artigo publicado na edição 248 do Jornal do Comércio, que está circulando desde a manhã de hoje.
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