O programa mostrou o caso de três moradoras de Espumoso (RS) que receberam os R$ 600 sem, aparentemente, ter direito. Uma das mulheres, identificadas pelo programa como a dona de casa Rosângela de Freire Melo, aparece em um áudio de celular fazendo piada com o fato de ter recebido o dinheiro. Segundo o Fantástico, ela é dona de um carro de luxo e tem várias fotos de viagens ao exterior postadas nas redes sociais.
Nas gravações atribuídas pelo programa a Rosângela, ouve-se uma voz feminina dizendo: "Acho que eu vou trocar de moto, comprar um carro novo pra mim". Em outro trecho, ela menciona que a filha, Lorraine Freire Marques, também recebeu o benefício: "A Lorraine ganhou já e já gastou o dela, que era R$ 600. Eu quero dar tanta risada".
A terceira moradora de Espumoso mostrada no programa é a comerciante Ana Paula Brocco, que está com casamento marcado em um resort no Caribe, segundo a reportagem, que exibe uma conversa por telefone entre ela e um dos jornalistas responsáveis pela denúncia. Depois de a comerciante confirmar que recebeu o auxílio emergencial, o repórter pergunta: "Mas você é uma pessoa de posses?". Ana Paula diz que não. O repórter, então, prossegue: "Eu preciso saber se faz muito sentido alguém que tem casamento marcado pra acontecer no Caribe ser enquadrada como uma pessoa de baixa renda". Ao ouvir a indagação, Ana Paula desliga o telefone.
"Fiz para brincar"
O Fantástico mostrou ainda um terceiro suposto caso de recebimento irregular do benefício. Seria o do empresário Divanildo Kloss, dona da vinícola D'Kloss, em Nova Roma do Sul (RS). Procurado pelo programa, Kloss disse que se inscreveu de brincadeira no auxílio emergencial e que não gastou o dinheiro. "Eu não quis receber. Eu devolvi. Só fiz para brincar. Era só para saber se ia passar ou não, entendeu? Jamais ia querer nada", afirmou. Ao ser lembrado que o dinheiro foi depositado em sua conta, ele disse: "Mas eu não saquei. Eu vou devolver".
Segundo os dados que constam no relatório do TCU exibidos pelo Fantástico, se o repasse do dinheiro destinado às 620 mil pessoas aprovadas irregularmente no programa não for interrompido, o prejuízo para os cofres públicos pode chegar a R$ 1 bilhão.
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