
BRASÍLIA — A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu um processo para apurar "possíveis irregularidades" cometidas pela Icaraí Turismo Táxi Aéreo, empresa que já recebeu R$ 24,3 milhões do Ministério da Saúde e que tem um sócio suspeito de ceder pequenos aviões ao garimpo ilegal de ouro na terra indígena ianomâmi, a maior do Brasil.
Os contratos com a pasta, vigentes desde 2018, são para o transporte de índios e de equipes de saúde que atuam em seis distritos sanitários especiais indígenas (DSEIs), entre eles o Ianomâmi.
Desde o último dia 17, a Icaraí está proibida de operar voos, por decisão da Anac, e mesmo assim a empresa seguiu transportando indígenas e equipes dos DSEIs.
As informações foram reveladas em reportagem publicada pelo GLOBO nesta segunda-feira. No começo da noite, a Anac informou que instaurou um processo para verificar as "possíveis irregularidades" referentes a normas de aviação civil.
A Icaraí está proibida de voar porque a Anac suspendeu cautelarmente o certificado de operador aéreo da empresa. O empreendimento "não demonstrou possuir controle sobre a qualificação de seus tripulantes, permitindo que estes tripulem aeronaves sem estarem aptos", conforme a decisão da Anac.
Mesmo assim, a Icaraí continuou transportando indígenas e profissionais dos DSEIs, segundo informação confirmada ao GLOBO pelo próprio sócio da empresa, Rodrigo Martins de Mello.
A decisão da suspensão cautelar, adotada pela Anac em razão da falta de treinamento de pilotos e tripulantes, foi publicada no Diário Oficial da União. Helicópteros da Icaraí transportaram ainda empregados da estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O pagamento foi feito no último dia 9.
O pagamento mais recente foi feito no último dia 1º, no valor de R$ 600 mil. Somente a gestão do general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, pagou mais de R$ 1 milhão à empresa. Contratos seguem vigentes até 2021.
Fonte: O Globo
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