Miriam Leitião - O resultado de maio do varejo deve puxar para cima as projeções para o PIB, que previam queda de dois dígitos no segundo trimestre. As vendas do comércio saltaram 13,9% no mês. Bancos e consultorias esperavam uma alta mais modesta, em torno de 6% na comparação com abril. Os efeitos dos estímulos à economia começaram a aparecer na atividade, mas em relação a um ano antes a retração foi forte, de 7,2%.
A base de comparação é fraca. A demanda ficou reprimida em abril, com o isolamento social. Ela começou a voltar apenas em maio. Abril havia sido muito ruim para a atividade, as lojas tinham vendido 16,3% a menos que em março. Mas o auxílio emergencial trouxe um impulso inicial. O segmento de vestuário, por exemplo, avançou 100,6% em relação a abril. Móveis e eletrodomésticos, produtos mais caros, também venderam mais, com avanço de 47,5%. Nos supermercados, a alta foi de 7,1%. Com as pessoas mais tempo em casa, o segmento cresceu até na comparação com maio de 2019, alta de 9,4%.
O IBGE também pesquisa o chamado varejo ampliado, que considera as vendas do setor automobilístico e de material de construção. A alta foi de 19,6% no mês, muito impactada pela quase paralisação na produção de veículos no começo da pandemia. No mês, o comércio de veículos e peças saltou 51,7%.
Apesar da base fraca e de ainda estar abaixo dos níveis de 2019, a retomada do comércio está começando. Ela será lenta, a economia ainda está no poço. A temporada será de números conflitantes. Comércio, indústria e serviços terão dados positivos em relação ao mês anterior, mas os números do emprego vão piorar mais nos próximos meses. A retração no mercado de trabalho, em geral, tem impacto negativo na economia porque reduz o consumo.
É um alívio o dado de maio. Ele reduz a queda de abril, mas ainda não se trata da retomada do crescimento econômica que o país precisa. (O Globo)
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