sexta-feira, julho 10, 2020

Liberdade de imprensa cerceada e inauguração parcial do HRT, 7 sete anos depois

          

Ontem, 9 de julho de 2020, completaram-se exatamente sete anos que começou a construção do Hospital do Tapajós, promessa de campanha do então governador Simão Jatene. Naquela oportunidade o blog do Jota Parente escreveu:

            09 de julho de 2013: O governo do estado Pará começou as obras de construção do Hospital Regional do Tapajós, na cidade de Itaituba, na área do antigo estádio de futebol Teófilo Olegário Furtado, localizado na avenida Marechal Rondon, no centro da cidade.

Maquinas estão a todo vapor limpando o terreno e a previsão de conclusão é para dentro de 540 dias, 18 meses, o que representa um ano e seis meses.

          A obra está orçada em R$ 120.062.137,48 e o consórcio “Nova Saúde” formado pelas empresas Construbase e Paulitec é o responsável.

O saudoso engenheiro Nilson Guerra e o médico Manoel Diniz encontraram-se em frente à obra do Hospital Regional do Tapajós, que na ocasião estava em marcha lenta, com mais ou menos três anos de trabalho, com as paredes levantadas. Diniz foi quem assinou a ordem para a construção no local, quando era secretário de saúde, no primeiro governo de Valmir Clímaco.

          Os dois conversaram por alguns minutos sobre quando estaria pronta tão importante obra. Diniz perguntou se Nilson achava que dentro de quatro anos o HRT poderia estar funcionando, ao que o engenheiro respondeu: bota oito anos nisso aí.

          Nilson errou por pouco, porque daquela conversa até o dia da inauguração passaram-se sete anos completos.

          A promessa de Jatene que constava na placa da obra, era de que o hospital estaria funcionando dentro de 540 dias. Ontem, completaram-se 2.557 dias do início dos trabalhos. Isso quer dizer que ao prazo inicial estabelecido foram acrescentados mais 2017. Os 18 meses previstos, transformaram-se em 85 meses, mais de quatro vezes.

          O Jatene tem culpa? O Helder tem culpa?

          Ambos têm culpa, em maior ou menor monta. Jatene, porque extrapolou em muito o tempo previsto, e Helder, porque teve um ano e meio para colocar para funcionar um hospital que pegou praticamente pronto. E não adianta o atual governador tentar colocar a culpa na pandemia, porque não cola.

          Na minha opinião, o governador Helder Barbalho deveria sentir vergonha de inaugurar uma unidade hospital de uso regional tão esperada, com modestos 30% de sua capacidade plena de atendimento.

          Não é aceitável sua justificativa de que o importante é que a partir de agora não será mais preciso levar pacientes de Covid-19 em estado grave para Santarém, no momento em que a pandemia parece decrescer em quase toda a região do Baixo Amazonas e do Tapajós.

          O governo do Estado sob o comando de Helder teve um ano e três meses, antes da chegada do coronavírus, mas, não fez o que precisava para que, quando fosse necessário, o HRT estivesse apto para funcionar plenamente.

          Além do mais, o que deveria ser apenas festa, terminou com uma manifestação de prepotência e atentado contra a liberdade de expressão, que é um direito sagrado da democracia. Tolher esse direito a qualquer pessoa já é medonho; quando se trata de profissional da imprensa, aumenta ainda mais a gravidade da situação.

          O coordenador da Rádio Alternativa FM, que também é repórter, Antônio Santana, ao insistir em uma pergunta ao governador, foi retirado à força do local, com direito a gravata aplicada por um segurança.

          Não se sabe se por causa da surpresa da ação, ou mesmo por falta de iniciativa, a atitude dos demais membros da imprensa que se encontravam no local do ocorrido foi muito tímida.

          Isso foi uma violação ao direito dele de exercer o seu trabalho, sem agredir a ninguém. E afirmo que interessa, sim, saber de quem partiu a ordem para retirá-lo, porque se não, isso vai virar moda e a imprensa ficará completamente desmoralizada.

          A ordem não deve ter partido, nem do governador Helder Barbalho, nem do prefeito Valmir Clímaco, pelo que se sabe até agora, mas, algum assessor deu ordem.

O governador, o prefeito e todos os assessores de ambos, são pagos com o nosso dinheiro. Governo nenhum tem dinheiro. Tudo que entra nos cofres públicos sai da nossa mesa, então, é importante exigir por escrito, que as autoridades envolvidas se manifestem. Afinal de contas, a imagem dos governos do município e do estado ficaram muito arranhadas com a truculência.

É hora de a API mostrar serviço. Não apenas quem responde pela presidência, que não tem condições de fazer nada se não tiver apoio maciço de todos os membros. Que sejam mandados ofícios para os dois entes governamentais sobre o episódio, cobrando providências.

          O Jornal do Comércio e o blog do Jota Parente, solidarizam-se com o confrade Antônio Santana, que no exercício do seu trabalho como membro da imprensa de Itaituba, foi tolhido do seu direito de continuar perguntando quantas vezes desejasse, assim como era direito do governador não responder, embora devesse explicações como gestor do Estado do Pará.

        O direito de falar e de calar, quando se pensa em liberdade de expressão (art. 5º, IV da Constituição Federal) não deve ser dado a ninguém, muito menos ao Estado.

A par disso tudo, a restrição ao direito de se expressar livremente representa um exercício de violência, por parte de quem promove a censura, seja o Estado ou o próximo, na medida em que viola a abrangência totalizante da dignidade da pessoa humana, visto que a liberdade propugna pela auto realização da pessoa humana.

Jota Parente

Nenhum comentário:

Postar um comentário