Ontem, 9 de julho de 2020, completaram-se exatamente sete anos que começou a construção do Hospital do Tapajós, promessa de campanha do então governador Simão Jatene. Naquela oportunidade o blog do Jota Parente escreveu:
09
de julho de 2013: O governo do estado
Pará começou as obras de construção do Hospital Regional do Tapajós, na cidade
de Itaituba, na área do antigo estádio de futebol Teófilo Olegário Furtado,
localizado na avenida Marechal Rondon, no centro da cidade.
Maquinas estão a todo vapor limpando o
terreno e a previsão de conclusão é para dentro de 540 dias, 18 meses, o que
representa um ano e seis meses.
A obra está orçada em R$
120.062.137,48 e o consórcio “Nova Saúde” formado pelas empresas Construbase e
Paulitec é o responsável.
O saudoso engenheiro Nilson Guerra e o médico
Manoel Diniz encontraram-se em frente à obra do Hospital Regional do Tapajós,
que na ocasião estava em marcha lenta, com mais ou menos três anos de trabalho,
com as paredes levantadas. Diniz foi quem assinou a ordem para a construção no
local, quando era secretário de saúde, no primeiro governo de Valmir Clímaco.
Os dois conversaram por alguns minutos
sobre quando estaria pronta tão importante obra. Diniz perguntou se Nilson
achava que dentro de quatro anos o HRT poderia estar funcionando, ao que o
engenheiro respondeu: bota oito anos nisso aí.
Nilson errou por pouco, porque daquela
conversa até o dia da inauguração passaram-se sete anos completos.
A promessa de Jatene que constava na
placa da obra, era de que o hospital estaria funcionando dentro de 540 dias.
Ontem, completaram-se 2.557 dias do início dos trabalhos. Isso quer dizer que
ao prazo inicial estabelecido foram acrescentados mais 2017. Os 18 meses previstos,
transformaram-se em 85 meses, mais de quatro vezes.
O Jatene tem culpa? O Helder tem
culpa?
Ambos têm culpa, em maior ou menor
monta. Jatene, porque extrapolou em muito o tempo previsto, e Helder, porque
teve um ano e meio para colocar para funcionar um hospital que pegou praticamente
pronto. E não adianta o atual governador tentar colocar a culpa na pandemia,
porque não cola.
Na minha opinião, o governador Helder
Barbalho deveria sentir vergonha de inaugurar uma unidade hospital de uso
regional tão esperada, com modestos 30% de sua capacidade plena de atendimento.
Não é aceitável sua justificativa de
que o importante é que a partir de agora não será mais preciso levar pacientes
de Covid-19 em estado grave para Santarém, no momento em que a pandemia parece
decrescer em quase toda a região do Baixo Amazonas e do Tapajós.
O governo do Estado sob o comando de Helder
teve um ano e três meses, antes da chegada do coronavírus, mas, não fez o que
precisava para que, quando fosse necessário, o HRT estivesse apto para
funcionar plenamente.
Além do mais, o que deveria ser apenas
festa, terminou com uma manifestação de prepotência e atentado contra a liberdade
de expressão, que é um direito sagrado da democracia. Tolher esse direito a
qualquer pessoa já é medonho; quando se trata de profissional da imprensa,
aumenta ainda mais a gravidade da situação.
O coordenador da Rádio Alternativa FM,
que também é repórter, Antônio Santana, ao insistir em uma pergunta ao
governador, foi retirado à força do local, com direito a gravata aplicada por
um segurança.
Não se sabe se por causa da surpresa
da ação, ou mesmo por falta de iniciativa, a atitude dos demais membros da
imprensa que se encontravam no local do ocorrido foi muito tímida.
Isso foi uma violação ao direito dele
de exercer o seu trabalho, sem agredir a ninguém. E afirmo que interessa, sim,
saber de quem partiu a ordem para retirá-lo, porque se não, isso vai virar moda
e a imprensa ficará completamente desmoralizada.
A ordem não deve ter partido, nem do
governador Helder Barbalho, nem do prefeito Valmir Clímaco, pelo que se sabe
até agora, mas, algum assessor deu ordem.
O governador, o prefeito e todos os assessores
de ambos, são pagos com o nosso dinheiro. Governo nenhum tem dinheiro. Tudo que
entra nos cofres públicos sai da nossa mesa, então, é importante exigir por escrito,
que as autoridades envolvidas se manifestem. Afinal de contas, a imagem dos
governos do município e do estado ficaram muito arranhadas com a truculência.
É hora de a API mostrar serviço. Não apenas
quem responde pela presidência, que não tem condições de fazer nada se não
tiver apoio maciço de todos os membros. Que sejam mandados ofícios para os dois
entes governamentais sobre o episódio, cobrando providências.
O Jornal do Comércio e o blog do Jota Parente, solidarizam-se com o confrade Antônio Santana, que no exercício do seu trabalho como membro da imprensa de Itaituba, foi tolhido do seu direito de continuar perguntando quantas vezes desejasse, assim como era direito do governador não responder, embora devesse explicações como gestor do Estado do Pará.
O direito de falar e de calar, quando se pensa em liberdade de expressão (art. 5º, IV da Constituição Federal) não deve ser dado a ninguém, muito menos ao Estado.
A par disso tudo, a restrição ao direito de se expressar livremente representa um exercício de violência, por parte de quem promove a censura, seja o Estado ou o próximo, na medida em que viola a abrangência totalizante da dignidade da pessoa humana, visto que a liberdade propugna pela auto realização da pessoa humana.
Jota Parente
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