quarta-feira, agosto 05, 2020

Ministro do Meio Ambiente escapa de virar refém de índios-garimpeiros no sudoeste do Pará

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, quase virou refém de índios e garimpeiros nesta quarta, 05, em Jacareacanga, no extremo oeste do estado. 

O ministro chegou de surpresa ao município por volta das duas da tarde para acompanhar uma operação do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Força Aérea Brasileira, em conjunto com a polícia civil de Goiás, para tentar desarticular um garimpo ilegal nas terras dos índios Mundurucu.

Por ter sido sigilosa, os agentes que participaram da operação deixaram Brasília à meia-noite desta terça-feira (4) com destino ao Campo de Provas Brigadeiro Velloso, conhecido como Base Aérea do Caximbo, no Pará. Por volta de oito da manhã, três helicópteros que faziam parte da operação decolaram em direção ao garimpo.

O local é de difícil acesso e fica a duas horas e meia do local, no meio da Amazônia.  Pouco após a decolagem, já era possível observar diversos garimpos em meio a um oceano de árvores. A maioria tem pistas de pouso para pequenos aviões. 

Durante o sobrevoo do alvo da missão, acompanhado por uma equipe de TV,  foram avistados  barracões abandonados, algumas pessoas correndo e pelo menos três máquinas de garimpeiros sendo incendiadas. 

O garimpo é um imenso descampado em formato cicatriz que se estende do meio da mata até o Rio Tapajós.  De acordo com estudos realizados durante os preparativos da operação, cerca de 6.500 indígenas vivem na região, que tem ao redor de 3.000 hectares.

Na volta, após pousar no aeroporto de Jacareacanga, o ministro e sua comitiva foram cercados por garimpeiros da região e índios dissidentes da etnia Munduruku favoráveis à atividade garimpeira. No local, Sales trocou algumas palavras com lideranças indígenas e garimpeiros. 

A princípio alguns manifestantes chegaram a dizer que a comitiva ministerial não iria sair do município até que o problema do garimpo fosse resolvido e que o governo parasse de autorizar a destruição de equipamentos dos garimpeiros. Após uma breve negociação, o ministro e seus acompanhantes foram liberados. 

Após a saída do ministro os ânimos se alteraram, pois a população das comunidades indígenas e garimpeiras estão revoltadas com as ações do Ibama que acabam por incendiar máquinas, motores e equipamentos de propriedade dos garimpeiros e dos próprios indígenas que trabalham nos garimpos. 

Como o ministro já a caminho de Brasília, um helicóptero e um avião permaneceram no solo. Os indígenas, revoltados, reuniram-se no aeroporto para decidir sobre a saída ou não das aeronaves.

O balanço final da operação não foi divulgado.

Fonte: O Estadonet

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